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— eu... — antes que conseguisse terminar de negar, a voz mecânica do carro falou.

Ethan Whyne, seu compromisso acontecerá daqui a cinco minutos.

— o carro já falou meu nome por mim — riu — vai ser rápido. Eu só preciso pegar uma documentação em casa e mandar uma foto para um sócio.

Eu havia lhe dito meu nome?

Por que eu não conseguia lembrar?

Concordei a contragosto, me virando para frente novamente.

— Maggie Catarina — murmurou, apertando o volante.

Ethan Whyne.

Maggie Catarina.

Maggie Catarina.

Ela conseguia ser mais linda  pessoalmente, embora eu não tivesse pretensão alguma de falar com ela agora — que é uma adolescente —, me senti no mínimo ansioso quando depois de três semanas a vi saindo da escola e aproveitei a oportunidade.

Ela era linda.

Meus olhos vagaram para a pista que estava cada vez mais molhada, esperando minha cabeça negar o que eu estava prestes a fazer, mas isso não aconteceu.

Eu estava lá, levando a garota que parecia receosa para minha casa.

Eu sabia o que iria fazer.

Luís Henrique Nuevo não fazia a mínima ideia do que eu estava prestes a fazer. Ethan ou Robert também não, o que me deixou ainda mais ansioso.

De uma maneira ruim, porém, a ansiedade que estava sentindo também valia para o lado bom, embora a incerteza e desconforto vencesse.

Já sei — pensei, ao ver a garota cruzando as pernas quando falei seu nome novamente — aquele era um sinal de fletagem, ou não? Será que...

Foco, Ethan! Foco!

Passei mão no rosto olhando discretamente para a garota do meu lado, voltando a minha linha de raciocínio.

Se ela me pedir para ir para casa novamente antes de chegar na minha, o faço — pensei, olhando o relógio.

Era isso.

Se ela falasse, eu não iria negar.

Por um momento senti minhas sobrancelhas se arquearem quando percebi o quão fácil foi fazê-la entrar no carro.

Ela faria isso com outros?

Ela fez isso com outros?

Se sim, ela também já parou na cama dele? E, o que eu faria em relação a isso? Ela com toda certeza merece uma punição, e que se foda o fato dela não saber quem sou.

— você é ruivo? — perguntou, olhando para mim e não pude deixar de me perder por breves três segundos naqueles olhos castanhos claros e cabelos perfeitamente presos para trás. Embora eu os prefirisse soltos. Isso seria um problema futuramente?

Isso não é óbvio? — me perguntei, quando estava próximo de casa — é óbvio que eu sou ruivo, sua...

sou — respondi com um sorriso — achei que isso fosse meio óbvio.

Ela olhou para frente, as mãos cruzaram em desconforto e senti o clima ficar estranho.

Ela estava corada.

— é que tem pessoas que pintam os cabelos — murmurou e eu me senti tolo por não pensar naquilo. Mas também, puta que pariu. Eu tinha cara de quem pintava os cabelos? E minha barba, era pintada também?

— é mesmo — falei, puxando o freio de mão quando estava na entrada de casa — me desculpe por isso.

Digitei o código, esperei com paciência analisar meu rosto e sorri, quando os portões foram abertos.

Passado vol.2 - El fin Onde histórias criam vida. Descubra agora