Vinte e seis

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Rafaella entrou na Turnbull House, a mansão-hotel onde aconteceria a recepção do casamento. Não precisava perguntar ao pessoal onde ficava o restaurante, porque já esteve lá algumas vezes nas últimas semanas, coordenando os ajustes de última hora com floristas, fornecedores, banda e a cerimonialista. Pelo menos, assumir o planejamento do casamento significava que seus deveres não se concentravam apenas em Bianca. Tinha quase certeza de que a noiva também era a favor disso. As reuniões que tiveram juntas foram rápidas, e Bianca preferiu fazer a maior parte por e-mail ou mensagens, com o mínimo contato. Mas quando se encontravam em algum lugar, o ar parecia carregado. Como não poderia ficar? Só fazia quatro dias desde o avião. E agora tinham que fingir que os laços eram somente profissionais e nada mais.

Rafaella manteve a compostura. Até mais cedo, quando ensaiaram a cerimônia. Foi quem todos esperavam que fosse: uma profissional de primeira. No entanto, esta noite era diferente. Não conseguia ficar parada. Não conseguia relaxar. Fazia sentido. O jantar de ensaio aconteceria na frente de todo mundo. A primeira celebração de Martin e Bianca como um casal feliz. Como ela reagiria? Teria que descobrir. Alisou seu vestido rosa curto e elegante, ajeitou o broche prateado e respirou fundo.

A primeira pessoa que encontrou foi Marjorie. A mulher nunca parecia nada menos que glamurosa. Será que ela dormia usando maquiagem e pérolas? Não ficaria surpresa se a resposta fosse sim. Marjorie a cumprimentou com um sorriso comedido e um aceno de aprovação.

- Você, minha querida, sabe bem como usar um vestido. Talvez devesse dar algumas dicas para Bianca nesse quesito. Ela sempre usa a cor ou o corte errado, não acha?

Não concordava. Toda vez que via Bianca, ela estava linda de morrer.

- Acho que ela se veste bem — respondeu. Marjorie não desviou do assunto.

- É a pele pálida dela. Não é muito boa. Até ofereci a moça que faz meu bronzeamento, mas ela dispensou. Eu só estava tentando ajudar, já que ela vai vestir branco no grande dia, o que não vai ser a cor mais natural para ela.

Ela sorriu. Ah, o discurso da sogra. Era bom saber que Marjorie estava se convertendo para fazer o tipo. Deixava Rafaella mais à vontade e dava uma estimativa de qual posição ela precisava tomar no casamento. Foi só quando olhou por cima do ombro de Marjorie e viu Bianca e Martin indo na direção delas que seus músculos tensionaram. Porque a ideia que Rafaella tinha da noiva era muito mais precisa que a de Marjorie.

Quando seus olhares se encontraram, algo se passou entre elas. Algo que fez o peito de Rafaella doer. Não encontrava alguém que a impactava dessa forma há muito tempo. Tinha algo com Bianca. Ela a fazia sorrir, o que contava muitos pontos. E tinham visões de mundo parecidas. Se ela ao menos acreditasse em seus instintos... Mas isso não aconteceu, e agora estava se casando com Martin. Precisava esquecê-la.

- Aqui está, o casal do momento! — Marjorie cumprimentou os dois com beijos no ar e não os abraçou direito, da forma que pessoas ricas costumavam fazer. - Preparados para ensaiar o casamento? —
Bianca assentiu, focando na futura sogra.
A cerimônia correu bem. Agora vamos para o jantar e os discursos. - Não tomar muito vinho é a chave de tudo — Marjorie falou. Martin balançou a cabeça.

- Bobagem. Não existe isso de muito vinho. Não é, Rafaella? — Ele sorriu para ela. — Aliás, você está linda. Esse tom de rosa cai muito bem em você.

Ele colocou um braço ao redor da mãe e os dois se afastaram, deixando Bianca para trás, encarando Rafaella.

- Ele tem razão — ela disse, ao lado de Rafaella e olhando para seus lábios. - Você está realmente linda.

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora