Sete

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— Qual desses eu escolho? — Rafaella se afastou dos tacos de golfe que Bianca havia colocado ao lado da sua baia como se fossem radioativos.

Em frente a elas, o gramado era de um verde luxuoso, repleto de bandeiras e armadilhas, com o comprimento de trinta baias. As laterais eram rodeadas por telas de trinta metros para as bolas não escaparem. As redes eram necessárias. Conforme Rafaella ficava parada, bolas voavam pelo alto e pelos lados, e as batidas rítmicas faziam um ruído constante.

Bianca riu alto.

— Isso se chama tacos. Você não sabe nada mesmo sobre golfe?

— Mas isso não é golfe, é? — Bianca balançou a cabeça.

— Estamos no lugar onde os jogadores podem praticar suas tacadas. Ou só para baterem em algumas bolas.

— Entendi. Não me dou muito bem com esportes. Eu era o tipo de aluna que sempre estava menstruada na educação física da escola. Minha colega de apartamento, Gizelly, me faz correr porque preciso ficar em forma, mas não iria se não precisasse.

Bianca a olhou dos pés à cabeça.

— Sério? Você parece o tipo de pessoa que vai para academia o tempo todo.

Rafaella negou.

— De jeito nenhum. Só tenho energia nervosa. Aprendi desde cedo. Meu pai era do exército, então estávamos sempre nos mudando. Você aprende a ficar atenta e a arrumar as malas em um instante. É por isso que me dou tão bem nesse trabalho. Sou organizada e nada me abala.

Bianca assentiu.

— É ótimo ouvir isso da minha madrinha profissional. — Ela parou. — Além do mais, se odeia esportes, golfe é feito para você. É gentil, não requer nada além de andar um pouco e balançar o braço. E aqui nas baias, você sequer precisa andar. Tudo tem que focar e acertar a bola.

Não parecia tão assustador.

— Consigo fazer isso — Rafaella respondeu.
Bianca pegou um taco com a ponta grossa, que Rafaella achava se chamar drive e se virou para ela, olhando-a fixamente.

— Vou te ensinar a pegada certa em um minuto. Primeiro, sente-se, assista e aprenda. Tudo bem?

Rafaella concordou, e se sentou no sofá preto de couro no fundo da baia.

Satisfeita, Bianca umedeceu os lábios, curvou as costas e deixou os pés separados. Ela balançou os quadris de um lado para o outro conforme apertava o taco, olhando para o gramado e depois para a bola. A concentração era enorme, e Rafaella estava hipnotizada. Os quadris de Bianca estavam relaxados e poderiam dançar um quadradinho de oito ou até sambar sem problema nenhum. Rafaella se deixou pensar nisso por um instante antes de apagar a imagem da cabeça. Estava ali para trabalhar. E impressionar pessoas com sua tacada.

Bianca balançou um pouco mais os quadris e então ergueu o taco, girou o corpo e rotacionou o tronco com rapidez, acertando a bola em cheio e fazendo com que voasse para o gramado. Ela foi alto e para longe. Eventualmente, bateu contra a rede do lado direito.

Rafaella endireitou a postura e assobiou baixo. Nossa. Bianca não só sabia como mexer os quadris de uma maneira perigosa, mas também tinha uma tacada e tanto.

Agora era a sua vez. Droga.

— Você é boa nisso.

Bianca olhou para cima, dando um sorriso preguiçoso.

— Vamos dizer que é aqui que venho descontar a minha raiva. Se tive um dia ruim, finjo que as bolas de golfe são meus clientes. Se estou em um dia bom, finjo que é a minha sogra. Sempre funciona.

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora