Era a noite anterior ao vôo, e Rafaella estava na sala fazendo flexões. Também foi à academia de manhã. E no dia anterior. Ver os músculos torneados de Bianca mais de perto a fez entrar em ação. Se a noiva estava tão em forma, o mínimo que a madrinha poderia fazer era apoiá-la. Apesar de que, sinceramente, dez dias não era tempo suficiente para conseguir ficar torneada. Mesmo assim, ela ia tentar.
Gizelly entrou, segurando dois crumpets, uma espécie de panqueca, em um prato. Rafaella nem precisava olhar para saber que estavam cobertos de manteiga. Eram os favoritos de Gizelly. Sua perdição, como ela gostava de dizer. A moça se sentou em cima de uma das pernas no sofá, analisando Rafaella em silêncio. O único som na sala eram os grunhidos que fazia durante as flexões. Quando Gizelly terminou, colocou o prato na mesa de madeira ao lado. Esperou que a melhor amiga se deitasse no chão antes de falar.
— Me diga mais uma vez que você não gosta dela.
— Cale a boca.
As tábuas de madeira não eram confortáveis. Ela se sentou e esfregou as mãos antes de se levantar. Esticou os braços, esperando que o gesto encerrasse a conversa.
— Acho que eu deveria ir junto na viagem, só para te proteger de si mesma.
— Eu vou conseguir, sou profissional.
— Você está se exercitando sem que eu precise te pressionar. Está indo à academia por vontade própria. Essa não é a Rafaella que conheço e amo. E você começou a comprar couve. Foi aí que percebi que as coisas estavam ruins.
Rafaella se alongou, tocando os pés com a ponta dos dedos.
— Só estou tentando ser saudável. Há anos você me diz para fazer isso. Achei que ficaria feliz. — Ela olhou para Gizelly quando se levantou novamente.
— Estou. Sou completamente a favor. Só estou questionando os motivos. — Ela fez uma pausa, empurrando a franja para longe dos olhos. — Quanto tempo vai ficar fora?
— Quatro dias. De sexta a segunda. E o roteiro está cheio. Vou praticar meu francês em Cannes, e todos na festa vão se apaixonar por minhas habilidades organizacionais.
Gizelly hesitou antes de falar.
— Quatro dias é bastante tempo para ficar em um espaço confinado com alguém por quem você está começando a se apaixonar.
Rafaella se jogou no sofá ao lado da amiga, cobrindo o rosto com a mão conforme respirava fundo.
— Não estou me apaixonando pela Bianca. Além disso, não sou um animal selvagem. Não vou fazer nada sobre esses sentimentos. Já gostei de muitas mulheres e nunca fiz nada a respeito. Aliás, é o resumo da minha vida. Você sabe disso, já que participou da maior parte dela.
Isso fez com que Gizelly sorrisse.
— Bem, isso é verdade.
— Não sei porque está tão preocupada. Sou a pior pessoa em confessar sentimentos. Em fazer qualquer coisa que possa iniciar um romance. Tudo que aconteceu na minha vida romântica foi por acidente, ou porque outra pessoa decidiu tomar a dianteira. E isso não vai acontecer nesse final de semana. Não na despedida de solteira da Bianca.
— Seu argumento é bom. — Gizelly a cutucou com o cotovelo.
— Na verdade, ainda estou confusa do porquê ela vai se casar com o Martin. Ele é fofo, mas eles não combinam, sabe?
— Ele é rico.
Rafaella assentiu.
— É, mas o dinheiro também traz problemas. Além do mais, não diria que a Bianca é interesseira. Ela tem um ótimo trabalho.
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MADRINHA DE ALUGUEL
FanfictionBianca Andrade tem o emprego dos sonhos e o noivo perfeito. Mas quando se vê sobrecarregada com os preparativos do casamento, seu noivo contrata Rafaella Kalimann, uma dama de honra profissional para ajudá-la. E é aí que seu mundo vira de pernas par...