Trinta e dois

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- Uai. - Rafaella foi até a janela e encarou o mar. - Sua mãe não economizou no quarto. Nada menos do que uma suíte. - Olhou para a mesinha de centro e viu a garrafa de champagne em um balde prateado cheio de gelo. Através de uma porta grande aberta, uma cama king-size com lençóis brancos as esperava. - É quase como se ela estivesse nos parabenizando. Como se fosse o nosso grande dia.

Bianca se aproximou por trás, colocando uma mão em seu ombro. O calor subiu por suas costas.

- De certa forma, é.

Bianca ainda não conseguia compreender o que tinha acontecido. Será que deveria estar mais arrependida? Mais triste por tudo ter acabado? Em partes, estava. Mas ao mentir sobre como se sentia de verdade, a pessoa que mais machucou foi ela mesma.

Em pé ao lado de Rafaella, não estava mais triste. Poderia ter começado o dia tomada por medo, mas agora estava renovada com uma paz interior. Como se a partir de agora, nada pudesse dar errado. Rafaella se virou e encontrou seu olhar.

- Estou exatamente onde quero estar, então não tenho reclamações. - Envolveu a cintura dela.

- Tem certeza? Sei que é muita coisa. - Ela riu da própria piada. - Ou esse foi o maior eufemismo do ano?

Bianca riu alto.

- Humm, vamos ver. Meu vestido de noiva está na sua cama, e eu estou aqui, usando seu jeans e sua camiseta. E nesse momento, eu deveria estar dançando a primeira valsa com o meu marido.

Rafaella a puxou para mais perto.

- Você está linda no meu jeans, se isso ajudar.

- Estou? - Bianca olhou para baixo. - Ficou um pouco curto.

- É como os jovens usam. Está na moda - Rafaella respondeu.

Bianca se inclinou. Estavam tão perto que quase podia sentir seu gosto.

- Mas você prefere que eu esteja vestida ou sem as roupas?

O desejo percorreu todo seu corpo. Sua mãe havia dito para que seguisse o coração. Hoje era o primeiro dia que faria isso. Cruzou o espaço entre elas e pressionou os lábios contra os de Rafaella. Sentiu uma explosão em seu coração. De um dia manchado por feridas, alguma coisa muito melhor estava florescendo. Algo que parecia como um abraço do universo. Rafaella colocou a língua na boca de Bianca, e ela aproveitou.
Queria Rafaella por inteiro. A desejava naquele momento. Mas elas tinham tempo. Não havia motivos para pressa. Precisava ficar repetindo isso para si mesma. Não precisavam mais se esconder. Estavam livres, e isso significava que poderiam fazer o que quisessem. Juntas. Chega de beijos no escuro. De sexo em espaços confinados. Esse dia era para se curtirem. Tocar e beijar cada parte de Rafaella.

Bianca se afastou, com o cérebro atordoado pelos beijos. Encarou os olhos verdes, vendo pontos castanhos pela primeira vez. Nunca havia relaxado o suficiente perto dela para notar. Agora, podia fazer isso. Se inclinou e a beijou na pálpebra.

- Nem posso acreditar que estamos aqui - disse. - Nem que você fez o que fez. - Ela balançou a cabeça. - Quase me casei hoje. Com alguém cujos beijos nunca fizeram minha cabeça rodopiar.

Rafaella lhe deu mais um beijo. Olhou para a mesinha de centro.

- Quer abrir o champanhe?

Bianca a encarou, sentindo o desejo se alastrar por seu centro.

- Prefiro te abrir.

Rafaella sorriu.

- Bem, já que é assim...

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora