Cinco

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Rafaella combinou de se encontrar com Bianca no Pinkies Up, uma adição recente ao burburinho de cafés na Balham High Street. Ela havia entrado em contato com Sean, um amigo que morava ali perto, e ele comentou que aquele lugar era badalado. E não estava errado. O café continha muitas mesas de madeira branca com cadeiras combinando. As paredes eram pintadas de um rosa claro, enfeitadas com plantas exuberantes em vasos, cujas folhas ficavam penduradas por toda parte. Rafaella gostou da atmosfera. Plantas a acalmavam e faziam com que se sentisse segura.

Estava adiantada, pois era assim. Rafaella se sentou e olhou ao redor enquanto bebia seu café americano com leite quente. O lugar estava cheio, com alguns pais, crianças e também pessoas digitando furiosamente em seus laptops. Rafaella nunca os entendeu até começar o próprio negócio. Agora, sabia como era ter a oportunidade de trabalhar fora das quatro paredes da sua casa, com o burburinho da interação humana. Apesar de que depois do longo trabalho que fez, ansiava por uns dias de solidão. Lidar com o público era parte de seu trabalho, e isso nunca foi fácil.

Exatamente às dez, uma mulher entrou torcendo as mãos e com o olhar furtivo percorrendo o café. A mulher do e-mail.

Bianca.

Rafaella se aprumou. Mesmo que não tivesse visto sua foto, saberia que era a cliente. Já havia feito isso muitas vezes. Apesar de que, normalmente, as noivas não eram tão relutantes quanto a moça soou ao telefone. Elas adoravam ter atenção extra. Talvez Bianca fosse um desafio maior que o normal.

Rafaella disse a ela que estaria usando uma camiseta rosa. Sabia que contrastava com sua pele queimada de sol, sempre recebia elogios quando usava essa cor. Escolheu calça preta e um par de tênis brancos para parecer casual, mas também arrumada. Se estivesse formal demais no primeiro encontro, costumava prejudicar tudo.

Rafaella ficou de pé e acenou para Bianca.
Ela estendeu uma mão quando a moça se aproximou.

— Obrigada por vir, Bianca. É um prazer te conhecer.

A cliente apertou sua mão com força e ofereceu um aceno de cabeça, se sentando de frente para ela. Usava blusa preta e jeans escuros. As unhas estavam pintadas de vermelho. Isso dizia a Rafaella que Bianca se cuidava. O cabelo escuro era na altura dos ombros, levemente ondulado. E ela tinha lindas maçãs do rosto. Sem dúvida nenhuma, Bianca era incrível. Segurou a bolsa Coach marrom conforme analisava Rafaella de cima abaixo.

Será que seu cabelo loiro, os olhos verdes e o melhor sorriso passariam no teste? Parecia que sim, porque o corpo de Bianca relaxou visivelmente.

— Quase não vim. — Ela tinha um leve sotaque escocês. Então se recostou na cadeira. — Mas fiquei pensando na educação que recebi em casa. Sei que você veio de Brighton, então seria grosseria te dar um bolo. — Os ombros se levantaram e depois relaxaram novamente. — E agora, aqui estou. Quanto tempo vou ficar... bem, aí depende.

— Depende do quê? Se o café é gostoso? Estou achando que sim. — Rafaella chamou a atenção de uma garçonete.

Bianca fez o pedido. Se revirou no assento novamente antes de pendurar a bolsa na parte de trás da cadeira. Ela ia ficar. Rafaella conseguiu vencer a primeira rodada.

— Tenho que admitir, você não é o que eu estava esperando.

— É? — Rafaella raramente era. — O que você estava esperando?

— Alguém usando um vestido de madrinha. Eu sei que é idiota. Você não está em um casamento, então por que faria isso? É só que você parece uma das minhas amigas. Alguém que eu conheceria. Não estava esperando algo assim.

Rafaella sorriu.

— O trabalho é mais ou menos esse. Preciso aprender a me misturar e a fazer parte da sua vida. Posso fazer isso do jeito que você preferir. — Ela ergueu algumas mechas do cabelo loiro na altura do ombro. — Essa é quase a cor natural do meu cabelo, com um pouco de ajuda do salão. Mas já pintei de vermelho, castanho e até mesmo preto quando precisei. Sou quem você precisa que eu seja. — Rafaella observou a estatura de Bianca. A moça ainda estava tensa. Seu trabalho era continuar a falar para fazer com que relaxasse. Era sua especialidade. — Mas já estou indo longe demais. — A garçonete trouxe o café. — Quer alguma coisa para comer? — Será que Bianca comia no café da manhã? Rafaella apostava que não.

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora