Treze

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Bianca subiu as escadas até a porta do avião. Era um jato particular, diferente do que estava acostumada, e a porta ficava localizada ao fundo. Foram recebidas pelo comissário, Gavin, e a piloto, Michelle. Os dois tinham mais ou menos a sua idade e os uniformes eram impecáveis. A mulher até usava um quepe. Gavin tinha sobrancelhas perfeitamente desenhadas.

— Espero que aproveitem o vôo — Michelle disse com um sorriso aberto quando apertou sua mão.

Bianca tinha certeza de que não aproveitaria. Seu estômago estava apertado quando embarcou, a náusea era uma companheira constante. Também estava se sentindo tonta. Nunca havia deixado que seu medo de voar a impedisse de entrar em um avião, mas nunca era uma ocasião feliz. Suas férias ideais seriam em algum lugar do Reino Unido. Ou onde pudesse chegar de barco ou trem. Amava o Eurostar. Tentou persuadir Martin a irem a Paris na lua de mel, mas de nada adiantou. Ele queria ir às Maldivas. Achava que era um destino que todos queriam conhecer.

Nos poucos voos que estiveram juntos, o noivo se adiantava ao embarcarem. Ele sufocava Bianca, perguntando se ela estava bem o tempo todo. Não entendia que ela precisava de espaço, e uma preocupação sutil. Não compreendia que poderia tornar a decolagem e a aterrisagem mais fáceis só segurando sua mão e ficando ao seu lado.

Ele não a entendia.

Afastou esse pensamento, e então voltou a focar em Michelle: cabelos compridos e escuros, com cílios longos e escuros para combinar. Seu estômago estremeceu quando apertou a mão da mulher.

— Obrigada — disse. — Acho legal termos uma mulher pilotando para o final de semana da despedida de solteira.

Nunca havia encontrado uma piloto antes, e era empolgante. Mas seja lá qual o gênero do profissional, a regra principal de Bianca ainda era uma só: nos leve até o nosso destino em segurança e não nos deixe morrer.

Quando se virou para encarar Mariana, quase não conseguiu conter a risada. A amiga estava boquiaberta. Pela sua expressão, estava tentando não gritar de animação. Bianca não a culpava. Quem não achava que pilotos eram sensuais?

Conforme andaram pelo corredor do avião com duas fileiras de assentos, Bianca viu o que havia Bolinhos da Tunnock’s e uma lata de Irn-bru, uma bebida a base de cafeína, popular na Escócia, em cada assento. Sentiu a alegria borbulhar no peito. Olhou para Rafaella, que estava ocupada checando o celular. Bianca sentia que madrinha profissional estava estranha ultimamente. Parecia mais fria que o normal. Distante. Não deveria se preocupar muito. Talvez ela tivesse dormido mal. Ou só estava preocupada com o final de semana.
Provavelmente, era só isso.

Afastando o pensamento, olhou para Mariana, que abriu um sorriso gigante.

— Foi você? — Bianca segurou o bolinho e a lata de bebida. Mariana negou.

— Não. Foi tudo ideia da outra madrinha. A que te conhece há mais tempo. — Inclinou a cabeça na direção de Rafaella, erguendo a sobrancelha.

A moça passou por Bianca e colocou a   bagagem de mão no compartimento superior, já que estavam na primeira fila, antes de se virar.

A noiva ainda estava segurando as lembranças escocesas da sua infância.
Pela primeira vez naquele dia, Rafaella abriu um sorriso. Droga, ela tinha dentes brancos e perfeitos.

— Foi você? — Bianca mal conseguia acreditar que sua madrinha falsa havia se dado àquele trabalho. Mal conseguia acreditar que ela sabia desse fato a seu respeito.

Rafaella deu de ombros.

— Claro. Não era isso que comíamos o tempo todo na escola em Glasgow? Achei que te traria lembranças do parquinho, de se sentar ao sol e fazer correntes de margaridas.

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora