Vinte e sete

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Era a noite anterior ao casamento. Bianca estava ficando na Turnbull House. Marjorie passou para desejar boa sorte, o que a incomodou, pois a olhou como se precisasse de toda a sorte do mundo.
O que era ridículo. Marjorie não sabia de nada. Até ontem, ninguém sabia de nada.
Mas agora, Mariana sabia. Sua melhor amiga estava muito brava por ela não ter dito nada antes. A amiga tentou fazer com que ela falasse na noite anterior, mas Bianca grudou em Martin como se fosse cola instantânea e evitou o celular a tarde toda. Mas agora que faltavam menos de vinte e quatro horas para se casar, não podia fugir de Mariana ou Marcella. Era isso que as madrinhas e noivas faziam na noite anterior ao casamento: bebiam vinho e fofocavam. Mas as fofocas de Bianca eram completamente fora do normal.

Mariana encheu mais uma taça de champagne e então se deitou no sofá dourado aos pés da cama. Marcella estava ali, então Bianca lançou olhares significativos para Mariana, como se implorasse para que abrisse a boca sobre Rafaella. A amiga concordou em um acordo tácito. Passou creme para espinhas no rosto de Bianca — outro efeito colateral incrível do estresse que estava passando era o queixo cheio de espinhas. Depois disso, Mariana comentou com as duas sobre como andavam as coisas com Manu. A resposta era: bem. Em uma única semana, progrediram para uma conversa sobre serem oficialmente um casal. Isso era algo bem importante para Mariana, pois a ajudou a sair do transe de ter levado um pé na bunda.

- Nós nos damos bem, sabe? Sei que fiquei triste por causa da Nora e a colocava em primeiro lugar. Me desculpe por isso. Mas uma semana com a Manu me fez ver que os seis meses com a Nora não foram nada. Não é estranho como você pode ficar muito tempo com uma pessoa, colocar tanta energia e esforço naquela relação, e depois ficar se perguntando o que estava fazendo o tempo todo? — A amiga lhe lançou um olhar cortante. Bianca fechou os olhos. - Manu chegou na minha vida e foi como se todas as nuvens tivessem ido embora.

As palavras a atingiram profundamente. Era isso o que estava fazendo com Martin Seguindo e fingindo? Bastou uma única conversa com Rafaella ou um toque na sua mão para que Bianca se acendesse de uma forma que nunca aconteceu com Martin. Um calor a percorreu enquanto se lembrava de tê-la beijado na cozinha. Sim, ela causou uma impressão. Quando a moça saiu correndo do jantar de ensaio, Bianca queria tê-la seguido, mas estava paralisada. O celular de Marcella tocou. Ela olhou para a tela com um sorriso.

- É o Rodolfo. — Ela se levantou. - Já volto.

- Claro que volta — Mariana gritou quando Marcella saiu do cômodo. No instante em que a porta se fechou, ela se virou para Bianca. - Agora que somos só nós duas, acho que temos algumas coisas para discutir. — A amiga ergueu uma sobrancelha. - Alguma coisa do que eu disse pareceu verdade? Porque não sei que porra está acontecendo, Bianca, mas você precisa encarar isso de frente.

Bianca respirou fundo, assentindo.

- Eu sei.

- Alguma coisa aconteceu com o Martin para causar isso? — Ela balançou a cabeça.

- Não, ele não suspeita de nada. Pelo menos, acho que não. Ele pensa que está tudo bem. Tudo normal.

- Não parece nada normal de onde estou olhando. — Mariana fez uma pausa. - Você vai me contar o que aconteceu? Quer dizer, te peguei beijando a Rafaella na noite passada, mas é tudo que sei.

Não havia um jeito fácil de falar, então Bianca só precisava abrir a boca e confessar.

- Eu beijei a Rafaella em Cannes. Depois, transei com ela. E agora a estou ignorando, porque não faço ideia do que fazer.

Mariana parou de beber o champanhe imediatamente. Encarou Bianca como se ela tivesse enlouquecido.

- O quê? — Ela franziu o cenho. - Você comeu a Rafaella? Quando é que você transou com ela?

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora