Dez

856 90 21
                                        

— Aí está a minha linda filha postiça! — Mônica correu até Mariana para abraçá-la. Um abraço do tipo escocês, bem apertado. Nada daqueles beijos no ar do sul, como sua mãe sempre dizia.

Bianca sentiu seu coração se aquecer. Mônica e Mariana se amavam.

Quando finalmente se soltaram, A amiga de Bianca deu um passo para trás, abrindo seu melhor sorriso.

—É ótimo te ver, Mônica. Está pronta para ver sua filha se casar com alguém que é quase da realeza?

—Esperei por seu casamento desde que ela era uma batatinha. — Mônica colocou o braço ao redor do ombro de Bianca, apertando com firmeza. Mas vê-la se casando com um riquinho? Isso eu nunca imaginei. Principalmente porque sou de Glasgow. Já falei isso antes?

De repente, seu sotaque se tornou o mais escocês possível. Bianca revirou os olhos. Essa era outra coisa que Mariana e a mãe tinham em comum: forçar o sotaque escoceses para fazer piada.

—Você conseguiu, Mônica! — Mariana respondeu.

As duas caíram na gargalhada antes de se sentarem à mesa que ela havia escolhido quando chegou. Estavam no Bart’s Bar, em Canary Wharf, onde Bianca e Mariana trabalhavam. Eram seis da tarde de uma quinta-feira, e o bar estava cheio de pessoas que haviam saído para beber depois do trabalho, sem paletós e gravatas frouxas. Era o mundo delas, mas não o de Rafaella. Como será que era seu mundo? Bianca não tinha ideia. Tudo que sabia era que a moça era uma exímia solucionadora de problemas. Alguém que realmente se dedicava ao trabalho. Mas quem era ela? Bianca não sabia. Queria poder mudar isso logo. Rafaella estava se tornando alguém com quem ela contava para apoio. A moça havia dito que ela poderia perguntar qualquer coisa, mas sempre conversavam sobre Bianca e nunca sobre ela. Rafaella se mudou muito quando criança. Morava com a melhor amiga em Brighton. Tinha bom gosto para roupas. Isso era tudo que sabia.

—Será que vocês podem parar de exagerar no sotaque quando a Rafaella chegar?Gostaria que ela não pensasse que somos doidas.

Mônica esticou o braço por cima da mesa, dando tapinhas na mão de Bianca.

—  Se a carapuça serve, amor.

Ela não havia mudado sequer uma vogal do sotaque.

— A propósito, o Martin não é da realeza. A família dele só foi bem-sucedida negociando propriedades. E eu não estou me casando com ele por causa de dinheiro, então podem parar de fazer essas piadas na frente da Rafaella?

Mônica se recostou na cadeira com um suspiro.

—Eu nunca disse que Martin era uma pessoa ruim. Sei que ele é adorável desde quando ficou em nossa casa. Ele comeu a salsicha que seu pai fez no café da manhã e nem perguntou o que era. Isso é amor.

Bianca riu. Martin era exatamente assim, se encaixava em todos os lugares.

— Só quero que a Rafaella tenha uma boa impressão.

Mariana ergueu a sobrancelha para a amiga.

— Jesus, Bianca. É como se você estivesse se casando com a Rafaella e não com o Martin. Ela é uma empregada, como você mesma disse da última vez que nos encontramos.

Bianca sentiu o rosto corar. Odiava usar essa palavra. Era assim que Marjorie se referia a quem trabalhava para ela. Contudo, realmente se lembrava de ter usado o mesmo termo. Talvez os Montgomery a tivessem influenciado demais.

—Só quero que tudo corra bem. — Bianca olhou o relógio. — Ela deve chegar a qualquer instante. — Olhou para Mariana. — Sem ataques, certo?

Mariana assentiu, com um sorriso frio nos lábios.

MADRINHA DE ALUGUELOnde histórias criam vida. Descubra agora