Capítulo Vinte e Dois;

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POV's Park Jimin

O encarei, ele parecia aterrorizado ao receber a notícia de que tinha me marcado, eu não tinha certeza do que se passava na mente alheia ou o que ele balbuciava, mas consegui notar o olhar perdido dele se culpando por tal coisa.

"Me pergunto como viemos parar nesse momento. Em que momento nos perdemos tanto assim"

As lágrimas começaram a cair em parar, rolando por minhas bochechas, tentei contê-las com minhas mãos, enxugando-as rapidamente. Mordi o lábio inferior e neguei.

— Para com isso. — gritei, olhando-o virar a garrafa de bebida na boca, tentando se embriagar.

— Isso só pode ser um sonho. — riu, tentando negar várias vezes, deu alguns passos para trás, a ponto de cair no chão. — Eu não fiz isso. — colocou as mãos sobre a cabeça, puxando os fios de cabelo com força.

— Você me marcou, Yoongi. — repeti. — Essa noite que fez questão de jogar na minha cara, resultou nisso. — digo rápido. — Não estou emocionado porque me tocou, essa "emoção" é fruto dessa marca. — apontei para ela.

O mais velho continuou calado e negando, me aproximei dele e me ajoelhei diante do mesmo. Encarei-o nos olhos, dava para ver uma grande escuridão ali, e em algum lugarzinho havia um Yoon cansado e fragilizado, eu só não tinha a certeza de que conseguiria o tirar dali.

— Não posso. — ele sussurrou depois de um tempo. — Eu não posso ficar com você, você merece alguém melhor. — ele grita se afastando de mim.

E eu nunca em toda a minha vida pensei que sentiria uma dor tão grande invadir o meu peito e dilacerar o mesmo em todos os sentidos, eu já sabia que a possibilidade de ficarmos juntos era bem pouca, no fundo, eu quis acreditar que poderia funcionar. Seríamos uma família, eu, Yoongi e a Yon.

— Está escuro e frio aqui. — Min disse, enquanto se encolhia próximo da parede, colocando seu rosto entre suas mãos, como se tivesse tentando se proteger.

— Me deixa segurar sua mão, me deixa te tirar dai. — as lágrimas voltaram a cair.

Não tinha como culpar ele, ele parecia mais uma criança machucada e indefesa, ele precisava de mim. E eu não sabia como ajudá-lo, talvez no fundo ele soubesse que eu não queria vê-lo tirar aquela máscara. Que eu poderia me assustar ao vê-lo por completo.

— Eu não posso me mostrar a você. — escuto sua voz grossa soar baixinho, e aquilo cravou-se em minha mente.

Me levanto, dessa vez, ignorei o fato das minhas lágrimas estarem caindo, eu não podia lidar com isso agora, eu não poderia segurar sua mão, e muito menos garantir quais seriam meus sentimentos para com ele após vê-lo por completo.

— Todos nós falhamos. — digo, antes de sair do escritório deles. — Se não nos aceitarmos primeiro, como poderemos buscar que alguém nos aceite. — mordi meu lábio inferior, segurando para não soluçar. — Eu estou com medo agora, Yoongi, muito medo. Medo de não saber lidar com tudo isso e apenas te machucar mais.

— Não se culpe, eu não esperava que você fosse ficar. — Min respondeu, me deixando ainda mais machucado com aquelas palavras firmes. — Sempre soube que isso iria desmoronar, era tudo uma linda mentira.

— Mas... — minha voz ficou trêmula. — Eu queria muito ficar, então...chame meu nome no escuro, e eu prometo que serei sua luz. — sussurro, saindo

Eu queria correr, queria me esconder, queria sumir. Estava com raiva de mim mesmo por ter dito aquilo, estava com raiva por estar fugindo, porque de todo o coração, eu queria ficar e acalentá-lo entre meus braços. Sai da mansão rapidamente, chegando no jardim, escutei aquela doce voz de antes.

— Onde vai, oppa? — ela perguntou, olhando para mim com uma carinha triste.

"Como eu posso dizer a ela que estou fugindo? Que estou com medo de me machucar mais?"

— Eu...

— Não precisa dizer. — fala e sorri largo, seus passinhos apressados guiaram ela até mim. — Eu fui feliz, por ter conhecido você, oppa.

"Como ela sabe que isso pode ser uma despedida?"

— Como...Por que está dizendo isso, pequena?

— Sempre soube que você era um anjo. — ela sussurrou. — Mas sempre achei que iria ficar aqui, para iluminar nossas vidas, agora percebo. Que seu brilho não pode ser apagado apenas para que nossa vida seja iluminada.

Me abaixei e puxei ela para um abraço apertado, não queria que ela falasse mais nada, se eu ouvisse mais um pouquinho, a dor que estava carregando em meu peito naquele momento, iria doer ainda mais.

— Eu voltarei.

— Não precisa mentir para mim, e muito menos para você mesmo, oppa. — sussurrou, se afastou e entrou na mansão.

A marca que foi feita começou a arder de uma forma estranha, uma ardência forte que me fez gemer, logo a ardência se transformou em dor, uma dor forte e aguda. Voltei a andar, agora fora da residência Min, mas meu corpo estava suando, suando muito. Minha visão estava ficando turva, tudo isso por causa da separação repentina.

"Então esse é o poder de uma marca?"

Não existia nenhum método para cessar a dor da separação de um ômega marcado, e não havia nenhum tipo de cirurgia de remoção da marca, eu iria ter que permanecer com isso para sempre. O suor começou a ficar frio, como se minha pressão estivesse baixa, passei a cambalear pelas ruas, e não correr.

Escutei um carro vindo em minha direção, minha mente e meu corpo sabiam o que fazer, entretanto, nenhum dos dois o fez. A única coisa que consegui fazer foi me virar e olhar fixamente para o carro, sorri simples ao ver quem estava na direção.

"Pensei que ela seria mais original, que ela tentaria me matar de uma forma masi especial"

Yin jogou o carro contra mim, senti cada parte do impacto, em seguida sinto meu corpo ir ao chão depois de arremessado para o ar, ao longe eu escuto um gritinho fino, mesmo com a visão turva, percebi que era Yon, ela viu e estava vindo ao meu encontro. Sorri simples para ela, aos poucos senti meu corpo ficar mais fraco, e a última coisa que veio em minha mente foi o sorriso de Yoongi.

"Você sorriu pouco para mim, e eu nem tive a oportunidade de dizer o quanto você fica lindo sorrindo, e o quanto parece ser sincero quando sorri"

Sinto como se uma escuridão me abraçasse por algum tempo, e não consegui mais manter meus olhos abertos.

— Eu disse que iria me vingar de você, seu ômega maldito. — a voz de Yin ecoou firme.

— Fica longe do meu oppa, mamãe. Você machucou o oppa. — disse chorando, suas lágrimas caiam sobre minha pele.

Eu lhe escutava, mas não conseguia me mexer ou abrir os olhos, apenas ouvir tudo que estava sendo dito, era como se naquele momento eu não estivesse dentro do meu corpo.

— Você vem comigo. — Yin disse, e logo depois ouço gritos da pequena Min, ela queria que a mais velha a soltasse.

The Truth Untold (YoonMin-ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora