Vinte e Três;

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POV's Min Yoongi
Estava tentando assimilar tudo aquilo que tinha acabado de acontecer, ver o Jimin simplesmente indo embora fez com que todos os pedacinhos já colados, de meu coração, voltasse a se partir. Aquele sentimento era como um castelo de areia em uma praia deserta, e eu sempre soube disso, uma hora aquelas ondas viriam e derrubaram ele, e não teria ninguém para reconstruí-lo, essa era a pior parte.
Aquela dor era tão intensa que me deixava sem ar, pensar que estava a um passo da felicidade, mas que eu nunca iria alcançá-la de verdade. Era como estar diante de uma linda borboleta, vê-la posar em uma flor, querer tocá-la, mas saber que se isso acontecesse ela iria voar.
— Senhor. — uma empregada entrou no meu quarto, antes que eu pudesse gritar com ela, vejo o seu desespero.
— O que foi?
— A..Aci..Acidente. — ela falou gaguejando, com os olhos molhados.
Senti uma presença estranha em meu corpo, meu lobo interior se agitou, não esperei ela falar mais nada, apenas sai correndo como nunca. Desci as escadas e abri a porta da frente, vendo a pior cena que poderia existir.
— Jimin!!! — gritei.
Meu mudo todo estava desabando, todo o meu jardim estava em pedaços, as flores estavam murchando, foi isso que vi diante da minha vista, quando percebi que era Jimin quem estava ali no chão, uma poça de sangue ao seu lado, me fez perder o ar.
[***]
Estava no hospital, não consegui dormir, e não conseguia soltar a mão do Park para nada, vê-lo assim pálido, uma expressão tão sem vida. Mordi meu lábio inferior com força, apenas em saber que um pouco da culpa disso tudo era minha machucava ainda mais. O doutor disse que ele estava bem, que a marca estava lhe ajudando, e que a presença de meu alfa para ele naquele momento era bem importante. Estava dividido entre ir em busca da minha filha, e ficar ali para a recuperação do pequeno ômega.
Aquela mulher era completamente louca, e por isso não podia confiar que ela não faria nada com a própria filha. Respiro bem fundo.
— Jimin, eu não sei se está me escutando, mas se estiver. Me desculpe. — murmurou, apertando um pouco mais forte a sua mão. — Eu...eu estou com tanto medo, eu não consigo pensar em nada, eu não sei o que fazer, não sei quem chamar. Sou apenas alguém que está existindo.
— Yin... — ele murmurou. — Ela..Ela levou a MinMin.
— Eu sei... — digo baixo, acaricio seu roto. — Eu não deveria ter lhe deixado sair naquela hora, eu deveria estar te protegendo, eu deveria estar cuidando de você como prometi para sua avó.
— A MinMin..ela levou. — tentou se levantar da cama. — Eu preciso...
— Não...Você não precisa nada, eu sou o único que precisa me resolver com o passado, Jimin. Eu preciso ir atrás da minha filha. — falo baixo. — Jimin... — seguro sua mão com firmeza. — Eu prometo para você, eu mesmo vou reconstruir o nosso jardim, e quando precisar de um nome para chamar, eu vou chamar Park Jimin, e eu prometo, que quando você chamar por mim, eu poderei ir até você. Só te peço para que você venha até mim.
— Yoongi... — ele sussurra.
— Não precisa me responder agora, me espere, eu prometo que voltarei para você. — me levanto e beijo sua testa. — Os médicos vão cuidar de você.
Tiro minha camisa e deixo próximo do seu corpo, para que ele pudesse sentir meu cheiro. Visto apenas o meu casaco, depositei mais um beijinho em sua testa, e sai rapidamente dali.
Não era algo que eu poderia passar mais uma vez, eu corri o mais rápido que pude deste vendaval que veio arrastando tudo com força desde a última vez que lhe vi. Agora as consequências de simplesmente ter tentado com todas as forças lhe apagar surgiram.
Quando entrei no carro o meu celular tocou, e quando percebi que o número não estava agendado já sabia muito bem quem era que estava do outro lado da linha. E me preparei para manter a calma e não lhe falar as coisas que merecia realmente ouvir.
— Fala logo de uma vez o que você quer, Yin.
— Eu quero resolver o passado, — ela murmurou.
— Por acaso o seu dinheiro acabou? Por que tudo isso agora, foi você quem decidiu ir embora, não eu. — falo sério, deixando claro que não tenho intenção nenhuma de voltar para ela, nem sobre tortura.
— Não é uma questão apenas de dinheiro. — respondeu rapidamente.
"De certo ainda pensa que sou o mesmo idiota...depois de tanto tempo..."
— Estou louco para te ouvir ômega, diga então o que você realmente quer. — falei baixinho.
— Quero você. — ela disse em um tom calmo. — Eu quero você, entendeu? Eu não suporto saber que está tentando seguir em frente com aquele ômega patético. — berrou.
— Já chega. — desta vez fui eu quem gritei, enquanto dirigia, tentava manter a cabeça no lugar mas estava ficando cada vez mais difícil. — Eu cantei todas as minhas músicas favoritas para você, eu toquei todas as melodias ao piano apenas para ti, te entreguei todo o meu amor, eu gritei e chorei por ti, te entreguei o meu bem mais valioso, o meu amor. Nem ao menos me restou nada para entregar ao Jimin, porque você tirou e jogou tudo que era meu, tudo que lhe confiei. — continuei gritando, com mais raiva. — Tudo em nome daquela amor que não passou de uma mentira.
— Eu não me importo...tudo que me deu, tudo, cada palavra que foi dita a mim, não podem ser ditas para outras pessoas, você pertence somente a mim, Min Yoongi, entenda isso, enquanto viver...sou eu quem vou assombrar os teus sonhos, sou eu quem vou ocupar seu coração.
— O que diabos quer de mim? — gritei mais alto ao escutar suas palavras.
Por mais que eu soubesse que ela não tem mais nenhuma vaga em meu coração, sabia que no fundo ela tinha razão, ela seria a única a me assombrar todas as noites, ela ainda me perseguiria na escuridão, e quando eu chamasse por Jimin, ela seria a primeira a me impedir de ir até ele. Ela seria sempre a pessoa que me jogaria do grande penhasco que é minha mente.
— Venha ao meu encontro agora, Min Yoongi, eu darei um final nisso tudo. — riu baixinho. — Não ficará comigo, mas também não permitirei sua felicidade com mais ninguém.
Ela me mandou a localização assim que desligou, tremi ao ver onde é que ela estava. Era um local afastado da cidade, tinha um penhasco, meu coração acelerou, e junto, pesei meu pé no acelerador colocado a toda a velocidade do carro. Enquanto segui para lá, liguei para a polícia com urgência, pedi para que enviasse uma equipe de socorro para lá, Yin podia estar planejando explodir o carro ou jogá-lo do penhasco.
Em poucos minutos eu já estava ali, e não estava errado em meu palpite, o carro dela estava parado bem próximo daquele penhasco, e ver minha filha lá dentro fez todo o meu corpo tremer. não me importava comigo ou com Yin, mas minha pequena não podia sofrer por erros meus ou de sua mãe. Ela era apenas uma criança que mal tinha o amor suficiente para viver.
— Yin. — gritei, vendo-a acenar do carro.
— Entre. — ela me respondeu, sem sair do carro.
Meu lobo interior estava bem agitado, imaginando como agir, entretanto, saber que minha filha estava ali dentro também, limitava muito as minhas escolhas.
— Não precisa ter medo, filha. — sussurro, para a minha sorte ela estava dopada. — O que quer de mim, Yin? Não destruiu a minha vida?
— Não, você merece todo o sofrimento do mundo, Min Yoongi. — ela responde. — Você matou a única pessoa que eu amava, e eu te culpo todos os dias por isso. Você jamais será feliz enquanto eu viver ou você viver. — disse séria.
— Do que está falando? — encarei ela, que trancou o carro e subiu as janelas.
— Matou meu marido. — disse apertando o volante com força.
Senti uma confusão mental tomar conta do meu ser, eu sequer conhecia o homem com quem ela se casou, eu não quis saber onde ela estava. Eu não queria saber nada sobre ela, e nem mesmo permitiu que Yon soubesse sobre a mãe.
— Você comprou a droga da empresa em que ele era acionista, um ano depois... um ano depois que te entreguei essa garota. — mordeu o lábio inferior. — Você se recusou a investir em um projeto que ele tinha dado tudo de si para fazer, e por sua culpa ele foi demitido...sem sentido de vida, ele decidiu encerrar com a mesma. Eu jamais vou te perdoar por isso.

The Truth Untold (YoonMin-ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora