Capítulo Dezesseis;

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POV's Min Yoongi

"O que eu realmente devo fazer?"

— Jimin, pode chorar. — sussurro o apertando-o ainda mais entre meus braços. — Eu estou aqui, com você. Yon também está aqui com você.

—É tio Jimin. — falou a baixinha. — Estamos aqui. Não se preocupa, a vovó vai acordar logo. 

Consigo perceber quando um sorriso fraco se forma nos lábios alheios, me deixando um pouco mais tranquilo. Sei bem o quanto isso est sendo doloroso para o mais novo, ainda mais por ser o seu primeiro período. Suspiro baixinho e me afasto, fazendo-o me encarar em seguida.

— Você vai querer um velório? — pergunto baixinho, Jimin nega no mesmo instante.

— Não,  sr. Min, não temos tantos amigos...e acho que não seria bom reunir várias pessoas que nunca se preocuparam de verdade com ela, e que simplesmente vão dizer que ela era uma pessoa, e que não deveria isso ter acontecido.

Infelizmente o ômega tinha razão, também penso como ele. Afinal, a maioria das pessoas se comportam desta forma, ignoram, pisam, humilham, não se importa, e de repente quando a pessoa morre, se torna um anjo que vai deixar eterna saudade? Não, isso esta errado, e o baixinho tem todo meu apoio .

— Então irei resolver tudo sobre o enterro, deixa tudo comigo, certo? — murmurou. — Você precisa descansar um pouca.

Park riu fraco novamente, pare ele provavelmente ouvir aquilo era um absurdo, no entanto, contrário as outras vezes que ele quase sempre ia contra minhas vontades. Ele apenas concorda, foco meu olhar em seus olhos, não havia brilho além das lágrimas que enfeitava cada um deles.

—  Tudo bem, sr. Min, irei descansar. — sussurrou. —Obrigado por estar cuidando de mim. 

Ele nem ao menos estar curioso sobre o que sua avó tinha para me dizer, ou sobre como eu os encontrei sem ninguém ter me dito nada. Não posso dizer nada, mas estar próximo dele assim, é tão estranho. Meu coração estar apertado, meu lobo interior estar aflito, como se eu estivesse sentindo sua angustia, sua dor, sua perda.

"Eu devo estar ficando paranoico"

Vejo o ômega sair devagar ao lado de minha filha, que segura bem firme a sua mão. Com toda certeza ela é a menina mais doce do mundo, por sorte não herdou o coração podre da mãe. Sigo para a sala do médico, precisava saber um pouco mais no que isso afetaria o Park.

— Doutor, posso entrar? — indago depois de dar três batidinhas na porta.

— Oh, claro. — disse. — Sr. Min, em que posso lhe ser útil?

— Sabe sobre o que aconteceu com a avó de Jimin? — murmuro. — E sabe que ele esta passando pelo primeiro cio dele.

— Sim. Quer saber como tudo isso pode afetá-lo? — indagou baixinho, analisando alguns papéis.

— Sim, preciso muito saber disso. — suspirei, ainda mais preocupado ao notar a feição do médico.

—Sr. Min, se não fosse o primeiro cio dele...não seria tão perigoso. Mas, é o primeiro, tudo esta se aflorando neste momento para ele. — disse, agora me encarando. — Precisa ficar ao lado dele o tempo todo, atenção, carinho, distração. Não será uma tarefa fácil, já que ele perdeu sua única família, porém é muito necessário. 

Respiro fundo ao escutar as palavras do médico e confirmo, me curvo minimamente em respeito ao mais velho e saio de sua sala. Sigo para a área de fumantes, pego um maço de cigarro no bolso, separando apenas um cigarro e pondo entre meus lábios, acendo-o. Fecho os olhos por alguns segundos, pendendo meu corpo para trás, abro os olhos e encaro o céu.

***

Me aproximei da mais velha, e me sentei ao seu lado. Confesso que tinha certa estranheza, já que nunca tive um assunto com esta mulher. Mas, mesmo sem me conhecer, ela abriu um sorriso largo.

— Então foi você o alfa que roubou o coração do meu neto? — indagou baixinho, com certa dificuldade, por causa da curta respiração.

— Não sei do que fala. — respondo, franzino o cenho, pois eu realmente não entendia.

— Oh, vocês jovens não percebem o que esta abaixo do seu nariz. — riu fraco. — Querido, eu conheço meu neto como a palma da minha mão, o conheço melhor do que ele mesmo.

— Então...ele esta apaixonado por mim? — perguntei, e sorri simples. — Tudo bem.

— Filho. — começou a tossir, pedi para que ela não se esforçasse tanto, mas ela apenas negou rapidamente. — Quero falar agora.

— Senhora, não irá morrer. — digo tentando acalmar um pouco a situação.
— E quem disse que não quero? Eu já vivi de mais, e estou com muita saudade do meu grande amor. Aguentei todos esses anos...por Jimin, mas cada dia que se passava, menos medo de chegar a hora eu tinha, e hoje, finalmente ele veio me buscar. 

Jimin não quer que você vá. Eu acho que ainda não esta na hora. — reclamei baixinho, cruzando os braços, o que fez ela rir divertida.

— Te chamei aqui apenas para te pedir uma coisa muito importante, e para lhe contar algo muito importante. — disse baixinho. 

— Pode me falar tudo, o que eu puder fazer, farei! — confirmo.

A mais velha se arruma na cama, e olha para o nada por alguns segundos, me deixando ainda mais curioso sobre o que ela vai falar. Ela suspira, pega minha mão e aperta.

— Meu menino ainda precisa de alguém para lhe auxiliar. Jimin é doce, ingênuo, ver bondade em todos a sua volta, ele acredita que todos podem mudar para melhor. Querido, eu e você sabemos bem que nem todos podem mudar para melhor, e sim para pior. — sussurrou. — Cuide do meu neto, Yoongi, cuide dele com o coração. 

Fiquei extremamente surpreso ao escutar as palavras dela, parecia até que ela queria que eu me apaixonasse pelo Jimin, ou melhor, parecia saber que eu estava apaixonado pelo neto dela, quando claramente não estou. Suspiro, ela esta morrendo, eu não posso negar algo assim.

— Ele não tem ninguém, e ele ver sua filha, como alguém da família, deixe-o ficar sempre perto de vocês, de afeto, carinho...quando puder. — sorriu fraco, e vi as lágrimas dela se fazerem presente. — Meu menino é muito frágil, por mais forte que pareça, ele se machuca fácil. suspirou. — Não o deixe chorar muito por minha partida. 

— Tudo bem. —respondo. —Irei cuidar dele, como se fosse da minha família.

— A segunda coisa. — a mesma disse. — Jimin ainda tem alguém da família, mas não o deixe saber disso nunca. — apertou ainda mais forte a minha mão. — Não deixe que essa pessoa o encontre.

— Quem é essa pessoa? — pergunto, mas já não havia ar suficiente para que ela me respondesse.

Sua mão soltou a minha, seu coração já não batia, e não existia mais nenhum sinal de vida na mais velha, mesmo os médicos tentando reanimá-la. 

***

 — Por que ela não queria que o único parente do Jimin soubesse sobre ele? —indago-me baixinho.

Seja o que for, não acho que essa pessoa tenha uma boa índole, ou ela não iria querer esconder o ômega desse jeito. Mas quem será essa pessoa? 

The Truth Untold (YoonMin-ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora