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Eu estava andando em um bosque com ele ao meu lado. O chão embaixo dos meus pés estalavam como se eu pisasse em cascalho seco, mas não acontecia o mesmo com ele. Sua pisada era sutil, silenciosa, quase imperceptível. Se eu não sentisse a quentura de sua pele vindo de encontro a minha, certamente duvidaria que o motoqueiro estava mesmo ali comigo.

Diante de nós as árvores traçavam um caminho sinuoso, flores desabrochavam magicamente e pássaros coloridos cantarolavam, nos rondando, sendo iluminados pelos raios de sol que caíam sobre nós, esgueirando-se por entre as copas das árvores.

Pensei se já tinha visto algo tão lindo, mas soube na hora que não.

Aquele bosque parecia tudo, menos real. E talvez por isso fosse a coisa mais fantástica que os meus olhos já presenciaram.

— É lindo, não é?

Virei o rosto, sorrindo.

Eu estava fascinada pela vista, mas fiquei ainda mais entorpecida de encantamento pelo lindo sorriso que surgia no rosto dele. Um sorriso que deixava seu rosto bronzeado ainda mais belo.

— Onde estamos? — Devo ter sussurrado.

Sem grandes explicações, ele tomou a minha mão na sua e precisei me concentrar no ato de respirar para não acabar desmaiando, tamanha foi a resposta do meu corpo diante daquilo.

— Estamos em casa. — Ouvi ele responder, andando alguns passos à frente, me puxando com gentileza para que eu o seguisse.

Praticamente precisei correr, porque as passadas dele eram muito grandes e minhas pernas nem se comparavam. Mas quando entendi para onde estávamos indo, paralisei, com o queixo escancarado e os olhos arregalados.

Um castelo...

— O que você... — Minhas palavras morreram antes de tomar forma. Ao procurar seu rosto ao meu lado, encontrei outra coisa.

Imediatamente cambaleei para trás, gritando.

No lugar do motoqueiro e seu sorriso belíssimo, havia um... uma coisa. Deveria ser um homem, ou o esboço de um. Era difícil saber. Ele tinha olhos humanos, mas seu rosto era assustador, pareciam distorcidos, maldosos.

Sua pele era escamosa e fedia demais; sufocava.

Hi, hi, hi... — Riu, dando passos na minha direção. — Estou esperando por você, menina Arius.

Devo ter gritado à plenos pulmões, porque quando joguei o meu corpo pra frente, sentando bruscamente na cama, senti minha garganta ardendo, arranhada.

Minhas narinas estavam dilatadas, sugando ar, tentando acalmar o pavor que esvaziava os meus pulmões.

Tateei os lençóis, mas agora era real. Antes foi só um pesadelo.

Despenquei para trás sobre o colchão, cobrindo o rosto com o antebraço, percebendo que mesmo sem querer havia derramado algumas lágrimas, porque meus olhos ardiam um pouco e o meu rosto estava úmido.

Mas o que era aquilo? E porque ele estava de novo nos meus sonhos? E aquele... aquela coisa bizarra? Não faz sentido... Nada disso faz!

Meu despertador guinchou de repente e eu me sobressaltei, alarmada, percebendo logo que não havia o que temer, além do fato de que estava quase na hora de pisar na escola de novo.

Resmunguei por entre os dentes enquanto puxava o lençol sobre o rosto desejando não precisar sair nunca mais da cama.

Resmunguei por entre os dentes enquanto puxava o lençol sobre o rosto desejando não precisar sair nunca mais da cama

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O Príncipe LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora