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Ruggero não falou quase nada enquanto me guiava pelos intermináveis corredores do castelo. Eu até tentei saber como o pai dele estava e se eles haviam conseguido conversar, mas meu namorado parecia profundamente concentrado, como se algo muito perturbador lhe tirasse do juízo perfeito.

Em determinado momento hesitei, mas como ele nem parou para olhar pra trás, me vi obrigada a continuar seguindo-o. E foi assim até que chegamos à infinitos lances de escadas. Eram inúmeros degraus e as paredes iam se estreitando, tornando o caminho quase sufocante. Com certeza eu jamais me esqueceria dessa masmorra. Só que também nunca pensei que o Ruggero me levaria em um lugar como aquele.

Quando já não tinha mais para onde descer, olhei para cima, mas tudo o que podia ver eram as nossas sombras tremeluzindo em contraste com a luz do fogo que meu namorado carregava em um tocha.

Não tinha muito para onde correr e isso me causou um leve pavor.

— Porque estamos aqui? Quem é esse tal de Lord? Porque ele ficaria em um lugar como este, Ruggero?!

Tropecei em algo e nem quis saber o que era. O piso estava úmido e escorregadio. As pedras que compunham as paredes eram geladas e lisas. O ar cheirava a coisa podre.

Dava para ouvir alguns murmúrios e sons de correntes sendo arrastadas.

— O Lord Aharis está preso há muitos anos, Karol. Ele cumpre a pena aqui na masmorra, porque é extremamente perigoso.

Meu rosto se franziu automaticamente. Algo como um calafrio serpenteou pelo meu corpo, fazendo-me estremecer.

— E porque quer que eu o veja?

O fogo dançou para lá e para cá quando Ruggero parou e se virou, fitando-me por entre os tons alaranjados que iluminavam sua bela face.

— Não confia em mim?

— É lógico que eu confio, mas....

— Então, por favor, não faça perguntas que eu ainda não posso te responder.

— O que acontece é que....

— Eu irei explicar tudo. Eu te amo muito. Acredite nisso.

Eu te amo muito.

Assenti, seguindo-o masmorra a dentro.

Assenti, seguindo-o masmorra a dentro

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RUGGERO

Desde criança eu via o meu pai como um herói. O único problema com os heróis é que você não pode olhar por trás das cortinas de seu espetáculo, assim como não pode vê-los tirar suas capas, pois por trás disso tudo, há sempre um ser humano passível de erros, que pode acabar te magoando profundamente.

E quanto mais eu tomei consciência das coisas e cresci, mais compreendi que os erros do meu pai poderiam ter sido evitados se ele não fosse a pessoa mais orgulhosa e insensível que já conheci.
E apesar da doença que o devorava aos poucos, ele ainda carregava consigo o olhar julgador de sempre e a empáfia de um monarca que não aceitava perder nunca.

O Príncipe LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora