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Emmett estava parado no corredor. Com os braços cruzados rentes ao peito, meu amigo me encarou quando saí do apartamento, ajeitando a mochila nas costas.

— Eu durmo com um lobo rondando a frente do prédio e vou acordar com um cara... que tem...asas...na porta do meu apartamento? Vocês não acham que estão exagerando?! — Guinchei, afetada.

Eles aparentemente tinham se esquecido do que eu era.

— Em primeiro lugar: bom dia. — Emmett se desencostou da parede e enfiou as mãos nos bolsos frontais da calça preta que usava. Havia um sorriso cansado em seu belo rosto. — Em segundo lugar: minhas asas estão escondidas agora. E, além do mais, não estamos exagerando. Você sabe bem que decidimos nos revezar na sua proteção.

Bufei, cruzando os braços.

— Eu sei que fizeram esse acordo entre vocês, mas deveriam ter me consultado. Não acho nem um pouco justo que o Ruggero perca a noite inteira vigiando o prédio, e que você passe boa parte do dia comigo.

— Até matarmos aquele demônio terá que ser assim.

— Eu posso mata-lo, Emmett.

— Quando chegar a hora, Karol, e você, por algum acaso estiver lá, então tudo bem, fique à vontade para acabar com aquele maldito. Mas agora, neste momento, você vai ter que aceitar ajuda. Estamos buscando evitar o pior.

Respirei profundamente, olhando em volta.

Dava para ouvir vozes vindas dos outros apartamentos. Todas aquelas pessoas não faziam a menor ideia do mundo extremamente insano que as rodeava. Ninguém ali estava seguro, no entanto, seguiam suas vidas normalmente, porque ao contrário de nós três, não cogitavam como era arriscado até respirar diferente.
Talvez, só talvez, a ignorância fosse uma benção nessa questão.

Porque por mais que eu tentasse me mostrar forte aos olhos de Emmett e Ruggero, meu sangue gelava só de lembrar daqueles demônios e de como eram perturbadores.
Não havia um minuto da noite em que eu não sonhasse com eles me matando... E pior, matando alguém que eu amava.

— Eu compreendo vocês dois. — Murmurei, encostando-me à porta atrás de mim. — Juro por Deus que compreendo, mas não quero ter que mudar a minha vida por causa de sei-lá-quem. Afinal, qual é a pessoa por trás disso? Porque não mostra a cara? O que quer de mim? Só a minha morte? Parece completamente supérfluo acreditar que tudo acabará com o meu assassinato.

Emmett deu de ombros. Estava cansado, dava para notar, mas tinha um toque de bravura em seu olhar que nunca reparei antes. E por mais que eu devesse manter meus pensamentos longe disso, foi difícil ignorar que ele mudara totalmente a forma de se vestir desde que eu descobri sua verdade.

Meu amigo parecia estar finalmente... livre. Suas roupas agora eram de um tom de preto fosco. Camisas de seda com alguns botões abertos, deixando parte da pele à amostra, além de — Deus que me perdoe — gomos tentadores. Os tênis de antes agora eram botas, como as que Ruggero costumava usar. E também haviam muitas pulseiras de couro e anéis, além de um colar com uma belíssima pedra escura que reluzia de tão lisa; esbanjando esplendor.

— Nós pensamos em uma coisa... — Ele disse de repente, arrastando a minha atenção para a realidade. — Não acho que vá gostar, mas faz sentido.

Pigarreei, corando certamente, porque ele claramente captou o meu olhar nada discreto.

Qual é o meu maldito problema?!

— E o que seria?

Emmett hesitou como se estudasse o meu humor.

— Ruggero e eu... bom, pensamos que talvez seja melhor deixar a escola por uns dias. Não acreditamos que poderemos proteger todos os alunos, caso o demônio resolva te atacar lá.

O Príncipe LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora