011. Os Pecados de Vênus

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Chrissy caminhou até a clareira, além das arquibancadas do campo de futebol. Ela sabia que Eddie estava em seu encalço, silencioso e irritado.

Quando alcançou os bancos, se sentou sobre a mesa, de frente para a saída da clareira. O som do vento preenchendo o local, complementando com o som dos pássaros que cantavam a todos pulmões. Ela levantou seu rosto, tentando se manter o mais calma possível, enquanto o sol iluminava seu rosto pálido, o tempo estava agradável. Não precisava de uma crise naquele instante...

Mas então ali estava Eddie, suas mãos dentro dos bolsos da jaqueta. Ele segurava algo entre os dedos, seus olhos em seus pés. Como uma criança irritada e petulante, esperando por ser repreendida. E logo veio.

— Que porra você acha que estava fazendo lá dentro? — ela indagou então, irritada. Tentar controlar seu tom de voz e postura não funcionaram afinal.

— Perdão? — agora era sua vez de estar irritado. Chrissy soltou o ar de forma pesada. — Aquele imbecil foi para cima de mim e você está dizendo que eu fiz algo?

— E não fez? — chiou ela. — Você é Eddie Munson, tudo o que faz é irritar os outros e se livrar das consequências.

Eddie chutou uma pedra que estava próxima dele, ele queria socar alguém. Ele queria socar Carver, em cheio, para que visse o sangue descendo de seu rosto arrogante.

— Mas que porra, Cunningham! — ele então exclamou, se aproximando dela. Chrissy, ao contrário do esperado de si mesma, não se encolheu com aquilo. Ela não tinha medo de Eddie. Não da pessoa que a tinha acolhido. Ela se sentia igual e Deus sabia que estava tão irritada que poderia ela mesma socar a cara dele. — Ele veio para cima de mim e você acha que eu devia só calar a boca e aceitar os insultos dele? O que esperava que eu fizesse?

Chrissy suspirou, derrotada.

— Eu não sei — admitiu. — Mas ainda assim, vocês iniciaram uma briga. Imagine como todos estão falando de vocês?

— Eu não me importo, se é isso que pensa — ele disse, dando de ombros.

— Mas eu me importo, Eddie — ela disse, dura. — Eu me importo como o meu nome vai sair nessa história toda. Eu me importo com as insinuações, os desrespeitos. Eu sou mulher! Você acha que para caras como você, a reputação ruim pode ser maravilhosa, mas e para mim?

— Ele insinuou que eu estava importunando você. E eu sei que não estou. — ele rebateu. — Ninguém está falando de você. Ele é maluco e acha que eu estou perseguindo você... E depois, eu só vou ser obrigado a lidar com ele esfregando você na minha cara, como se eu estivesse com meu orgulho ferido. Como se você fosse a porra de um troféu.

Chrissy então entendeu. Era sobre orgulho masculino. Nunca foi realmente sobre ela. E aquilo fez seu peito se apertar. Do que adiantava gritar com Eddie se no fundo, ela era apenas um troféu para seus egos feridos? No fim, ele não era tão diferente de Jason, notou.

— Ele não vai — ela disse, convicta. Um gosto amargo na boca.

— Como se ele não tivesse feito isso antes... — cuspiu ele. — Desde que você passou a namorar ele, tudo o que ele faz é esfregar você na cara de outros caras, se exibir com a perfeita rainha de Hawkins.

— Jason está louco, Eddie... Ele acha que você e eu estamos tendo algo. Ele acha que todo esse tempo eu estive indo na sua onda e na de Brenda. Principalmente, quando terminamos. Mas isso não dá direito de ir para cima de você. Você não tem nada a ver com isso, nem Brenda. E eu, sinceramente, tenho medo de uma represália. — Chrissy tagarelou, frustrada. — Ele me disse coisas horríveis, sobre mim, sobre minha família. E eu me pergunto como eu pude estar com ele por tanto tempo...

Os Lábios de Vênus (Eddie & Chrissy)Onde histórias criam vida. Descubra agora