Os sinos da igreja eram irritantes, principalmente, quando Chrissy carregava consigo uma dor de cabeça infernal. Ela não havia bebido noite passada, mas a sensação era como se tivesse bebido um barril de álcool. E ao julgar por Jason do outro lado do banco, ele não se sentia diferente.
A comemoração havia sido tão boa que nem mesmo Jason havia se lembrado do fato de que Chrissy não havia aparecido na festa e ela fez questão de dizer que preferiu dormir por uma dor de cabeça. Afinal, para Jason, ela não usava absolutamente nada além de aspirinas.
Quando a missa terminou, ela observou todas as pessoas, os bons cristãos se dissiparem pouco a pouco. Suspirou, apanhando sua bíblia e visualizou sua mãe cochichar algo no ouvido do seu pai, o fazendo sorrir. E, por um breve momento, se sentiu curiosa. Mas não o suficiente para perguntar sobre o que estavam falando. Sempre gostou de se manter alheia às conversas dos pais.
Ela levantou rapidamente, evitando contato com Jason, embora sua mãe o adorasse, seu pai tinha certeza sobre como aquele rapaz não era bom o suficiente para ela.
— Podemos conversar? — a voz de Jason soou, rápido depois. Ela suspirou internamente, virando-se para ele. Aquele não era um bom momento.
— Sua casa, então — disse, prontamente. Ele assentiu, caminhando para longe junto de seus pais. Ela não o viu sumir, mas queria que, por um instante, ele só desaparecesse. Cedo demais.
— Vamos ao Lankers, quer ir junto? — seu pai perguntou, apertando suavemente seu ombro. Aquele era um dos momentos felizes em família, onde eles almoçavam fora, até sua mãe destruir todos os momentos felizes falando sobre seu peso ou sobre qualquer coisa supérflua que sempre gostava de falar.
— Claro! — disse, feliz, seguindo seus pais até o carro. Ela odiava, definitivamente, as missas aos sábados.
Ela colocou seu cinto, se silenciando no fundo do carro, se perguntando se Jason já estava esperando por ela. Torcia para que não. Sabia que provavelmente ele ofereceria algum sermão do padre e em seguida iria querer transar. Como todos os sábados pela manhã.
— Querida — sua mãe chamou sua atenção, enquanto ao lado do carona, mexia em alguma agenda. — Já realizou sua inscrição para a Universidade de Indiana?
— Sim — disse, de forma automática. — Mas estou esperando a resposta deles. Austin e Bloomington estão na mira também.
— Porque Austin? — foi seu pai quem perguntou, curioso.
Porque queria se livrar daquela cidade, mas não se sentia pronta para dizer em voz alta. Sorriu para o pai.
— É uma boa universidade — disse, no entanto. — Harvard não é uma opção, então, ir para o Texas não é ruim. É longe, mas são só algumas horas daqui. E é quente.
— Daqui a pouco está querendo ir para a Califórnia — a mãe comentou, desgostosa.
E Chrissy não podia mentir... Ela havia feito a inscrição para a Califórnia, mas havia algo nela que lhe dizia que não passaria. Por mais que suas notas fossem boas, ela não podia pedir demais. Artes era algo lindo, mas que trazia medo para ela. Principalmente, quando Jason soubesse seu desejo de cursar Artes.
— E qual o curso? — lá estava a pergunta. Talvez seu pai desejasse que Chrissy seguisse a mesma carreira de advogada, mas sabia que para uma mulher era muito mais complicado do que pra homens.
— Artes — disse, de forma simples. — É bonito, e eu posso conseguir viajar para a Europa, com uma boa recomendação de intercambio.
Seu pai assentiu, satisfeito. Por mais que adorasse a ideia de abrir um escritório com a filha, vê-la feliz parecia bom. Feliz e longe de sua mãe.
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Os Lábios de Vênus (Eddie & Chrissy)
RomansEm um mundo comum, Chrissy Cunningham tinha sonhos comuns, como terminar o ensino médio e iniciar uma nova jornada em uma faculdade de prestígio, onde pudesse escapar de Hawkins, como toda garota de cidade pequena sonha em fazer. Namorando o capitã...