017. A Vontade De Vênus

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A sensação de não ter notícias de Chrissy estava matando Eddie Munson. Já tinham se passado horas e ele não sabia absolutamente nada dela e do que poderia ter acontecido após ser levada para o hospital.

E a pior parte era que ele nem ao menos poderia se aproximar de sua família para saber mais. Não quando Phillip Cunningham estava buscando culpados. E ele era um alvo fácil.

— Você precisa comer alguma coisa, garoto — a voz de Wayne soou, ele adentrou o quarto do rapaz, sem muito aviso, trazendo consigo uma bandeja com sopa e algumas torradas junto. Eddie observou aquilo, sem muita reação.

— Não estou com fome — ele disse, de forma fria. Wayne, por vez, sentou-se nos pés da cama, deixando a bandeja sobre a mesa de cabeceira do rapaz, suspirando em seguida.

— Com fome, você não pode fazer nada por ela — alertou o mais velho dos Munson, observando o mais jovem se remexer desconfortável. Era claro que o mesmo queria apenas ficar sozinho. Eddie havia ligado para Brenda, mas as notícias eram as mesmas: Chrissy estava internada e não tinha muito mais informações da família dela.

— Eu me sinto fodido por isso — comentou Eddie, sentando-se na cama então. Os olhos azuis do seu tio encontraram os castanhos dos seus. Pobre Wayne, enfiado até o braço em tanta merda do sobrinho. Um filho que ele nem ao menos havia pedido por.

— E ainda assim, ficar deitado aqui com essa cara não vai adiantar de nada — disse Wayne. — A garota está lutando pela própria vida... Você deveria dar algo a ela quando ela acordar... E se acordar.

Eddie riu sem humor. Sentia um peso enorme sobre os ombros. Ele poderia ter protegido ela, se não tivesse se mantido neutro naquela noite. Se tivesse ido atrás dela, talvez o tiro fosse para ele, mas teria sido melhor do que tirar toda a vida de Chrissy. Seus pais deveriam estar fodidos...

Tanto quanto ele.

Então, lá estava. Ele não podia simplesmente calar a porra da boca e aguardar por respostas. Ele havia seguido por este caminho e, bem, olhe onde havia chegado tudo aquilo. Se tivesse ido atrás de Jason quando desejou, a história seria diferente. Muito diferente. E tudo bem... Provavelmente estaria preso, mas o que era mais um Munson atrás das grades?

— Tem razão — disse Eddie, por fim. Wayne o fitou, curioso.

— O que vai fazer? — indagou o tio. Eddie sorriu, de forma fraca. Ele não queria e não podia aguardar por mais respostas, sentado em seu quarto. Aguardando a polícia lhe acusar de cumplicidade com o caso de Chrissy.

— Eu vou até a casa dos pais dela. Se nem Brenda Hamilton tem respostas, eu tenho certeza que os Cunningham têm.

[...]

Ele havia escutado durante muito tempo Wayne reclamar, dizendo como aquilo era a coisa mais estúpida que Eddie havia feito durante toda a vida, mas ignorar seu tio era fácil.

Difícil era lidar com Phillip Cunningham querendo respostas. Principalmente, quando aquelas respostas não agradariam ninguém ali.

Não tardou para alcançar a casa dos Cunningham, onde no final da rua, conseguia ver a comoção na casa dos Carver. Eles provavelmente estariam correndo atrás de todo o prejuízo causado pelo filho. Maldito Jason, até morto causava problemas por onde passava.

Ele sentiu a lufada de ar frio chacoalhar seus longos cabelos cacheados e escuros, estacionando não muito distante da entrada da casa de Chrissy. Existia um misto de ansiedade e apreensão amarrotados em seu estômago. Mas ele devia aquela conversa aos pais da garota. Devia contar toda a verdade que Chrissy fez questão de esconder deles durante anos. Principalmente, para que eles soubessem como ajudar a filha quando a mesma acordasse.

Os Lábios de Vênus (Eddie & Chrissy)Onde histórias criam vida. Descubra agora