Gizelly Bicalho, uma ex combatente que perdeu todo seu batalhão em uma explosão, a única a sair viva porém não ilesa, seu psicológico sofreu severos traumas que afetou à toda sua família.
Ao perceber o perigo que é para as pessoas decide ir embora p...
"Todo coração é jardim, permita-se florescer" (Edna Frigato)
Gizelly acordou se sentindo leve, olhou para o lado e a cama estava vazia, tinha um bilhete no travesseiro que antes repousava a cabeça de Rafaella e sorriu com a lembrança da imagem da mulher e Sofia deitadas em sua cama.
Ela tinha conseguido descansar ainda melhor do que com o remédio que Jaqueline tinha receitado, não sabia se pela presença das duas pessoas que estavam se tornando ainda mais importantes em sua vida ou se pelo chá que Rafaella havia preparado, mas estava feliz por ter conseguido dormir.
Olhou em seu relógio e se surpreendeu com o horário, já eram 2h da manhã, pegou o bilhete em cima da cama e ligou o abajur para conseguir ler.
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Rafaella se mostrava cada vez mais especial com todo o cuidado que demostrava pela morena, que não podia gostar mais. E foi naquele momento que ela decidiu que precisaria mudar algumas coisas em sua vida para fazer por merecer o que estava conquistando. Tomou o chá como Rafaella havia mandado e voltou para cama, queria estar totalmente descansada para sua mudança de hábitos.
Acordou 4h mais tarde, ainda eram 6h da manhã, mas não conseguiria passar mais tempo na cama, naquela manhã havia acordado sem vontade de correr, se levantou da cama, fez sua higiene matinal e desceu as escadas, olhou em volta e viu toda a bagunça que havia feito com Sofia no dia anterior e não pode evitar o riso que veio junto com as lembranças.
Foi até seu jardim, olhou em volta vendo várias plantas mortas e teve a ideia de replantar algumas flores nos canteiros, sempre tinha ouvido falar que cuidar da terra era terapêutico, então a morena decidiu tentar, afinal de contas, ela iria mudar alguns hábitos e criar outros.
A loja de flores da cidade ficava próximo ao centro da cidade, ela caminhou até lá com Apolo. Ao contrário dos outros dias, Gizelly não estava descalço como sempre costumava estar, ela usava o tênis que Rafaella e as meninas haviam lhe dado de presente, já que queria deixar velhos hábitos para trás, começaria por aquele.
Ao chegar na loja foi atendida por uma senhora simpática, que logo se identificou como Sônia Gonzalez, e não pode deixar de notar a semelhança da senhora com Mariana e logo identificou a mulher como mãe de sua amiga. Era uma senhora muito bondosa e que a ajudou de bom grado com todas as dúvidas sobre o cuidado da terra e das plantas.
- Você deveria levar esses Lírios - Sônia disse simpática.
- Porque? - Perguntou curiosa.
- Existem mais de 600 espécies de lírios, mas algo me diz que você poderá gostar do lírio vermelho - disse risonha - Simboliza o amor, é uma forma de expressar o seu amor e desafiar alguém a ama-la de volta.
- Então vou querer levar todas - respondeu a morena rindo.
- Essas flores precisam de um solo fértil, você precisará preparar o solo antes de plantar.
- A senhora poderia me explicar como faço isso? - Perguntou coçando a nuca - É que eu nunca cuidei de plantas antes.
- Você só precisará preparar o solo com areia grossa e adubo, venha, vou lhe mostrar como.
A senhora a levou para outra área da loja onde lhe mostrou como plantar as flores e como deveria cuidar delas para que pudessem crescer e Gizelly escutava tudo atentamente para não esquecer de nada.
A morena retornou para casa com as flores e os materiais para planta-las em seu jardim, queria deixa-lo bem bonito para mostrar a Rafaella e a sua cerejinha, queria agrada-las e quem sabe fazer uma surpresa para a maior.
Aquela realmente era uma atividade terapêutica, Gizelly esqueceu de tudo enquanto simplesmente preparava o solo e começava a replantar as flores que havia comprado, quando o barulho da campainha lhe chamou atenção. Olhou seu relógio e já era quase 11h, o horário que Rafaella entraria no café e ela teria que ficar com Sofia. Foi até a porta já imaginando que talvez fosse ela, passando para conferir como estava.
- Bom dia, Gi. - Rafaella disse simpática assim que a morena abriu a porta.
- Bom dia, Rafa. - disse a abraçando - Bom dia, cerejinha - disse beijando a cabeça da garotinha.
- O que você estava fazendo? - Rafaella tinha o cenho franzido olhando para a morena, foi então que Gizelly lembrou que estava toda suja de terra por estar mexendo no jardim.
- Desculpa, é que eu estava cuidando do meu jardim.
- Sério? - Perguntou rindo.
- Sabe como é né? - Disse a acompanhando na risada - Dizem que quanto mais bem cuidado o nosso jardim, mais feliz a gente é. Mas vocês duas também tem feito meus dias mais felizes. - disse a morena segurando a mão de Rafaella.
- Que bom que estamos conseguindo te deixar feliz, Gi - respondeu sem jeito.
- Venha, quero lhe mostrar como está ficando.
Gizelly saiu puxando Rafaella pela mão até seu jardim, que não pôde conter o sorriso assim que viu o que a morena havia feito, estava lindo.
- São minhas flores preferidas - disse emocionada.
- Bem que Sônia disse que eu deveria trazer essas.
- Ela te ajudou a escolher?
- Sim, ela me explicou o significado. Assim que ela me disse, logo pensei em você e soube que eram essas que eu deveria trazer - as duas mulheres tinham os olhos conectados.
- E qual o significado, Gi? - Rafaella disse tentando soar firme, mas sua voz foi quase um sussurro, a morena estava cada vez mais próxima de seu rosto.
- Te desafio a me amar.
Aquelas palavras atingiram Rafaella de forma direta e profunda, Gizelly estava cada vez mais próxima e seus olhos não ousavam se desconectarem. Naquele momento parecia só existir as duas e estavam prestes a se beijarem, conseguia sentir o hálito quente da morena contra seu rosto.
- Gigi - a vozinha entre elas se fez ouvida.
Estavam tão envolvidas naquele momento entre elas que tinham esquecido de Sofia no colo de Rafaella, que se praguejou por perder a chance de beijar Gizelly pela segunda vez.
- Ela me chamou de Gigi - Gizelly disse animada.
- É, acho que sim - Rafaella estava ainda sob o efeito da morena, totalmente inerte naquela imensidão castanha.
- Você não sabe o quanto me deixa feliz, cerejinha - a morena falou pegando Sofia do colo da maior - E você... - disse segurando Rafaella pela cintura - Vem cá.
Gizelly a puxou pela cintura e selou seus lábios, Rafaella estava surpresa pelo ato, mas assim que conseguiu controlar seus pensamentos levou as mãos para o rosto de Gizelly, aprofundando o beijo que antes era apenas um roçar de lábios. Não puderam prolongar o beijo por mais tempo porque ainda tinham consciência de Sofia no colo da morena, então aos poucos foram afastando os lábios, mas mantiveram as testas coladas, ainda recuperando o ar após aquele beijo que ambas julgavam ser o melhor de suas vidas.
- Janta comigo hoje, Rafa?
- Eu não sei, Gi - disse meio triste - Eu gostaria muito, acredite, mas tem a Sofia.
- Não se preocupe com isso, eu vou cuidar dos detalhes, você só precisa estar aqui, o que me diz?
Rafaella estava feliz com a aproximação que estava conseguindo ter com Gizelly, e não conseguiria negar isso a morena ou a si mesmo.
- Tudo bem, Srta. Bicalho - respondeu recebendo um selinho animado e demorado de Gizelly logo em seguida.
