Capítulo 04

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"Um café e um amor. Quentes, por favor. Pra ter calma nos dias frios, pra dar colo quando as coisas estiverem por um fio."
(Caio Fernando Abreu)


Como de costume em sua nova rotina, ao sair do café naquele dia, Gizelly foi para sua casa tomar um banho relaxante e saiu em direção ao parque com seu livro em mãos.

O dia passou rápido no parque, vez ou outra ela se pegava observando aquelas pessoas ao seu redor, sentada naquele mesmo banco de sempre percebeu que aquele parque era preenchido por pessoas mais velhas sentadas em um banco solitário, assim como ela, apenas observando outras pessoas que passavam pelo parque em direção à universidade ou à seus trabalhos. Se sentiu mais do que nunca solitária, sentia saudade de sua família e seus amigos do Texas, mas voltar agora não era uma opção para ela.

Ainda era 16h quando Gizelly sentiu seu estômago roncar, a tirando daqueles pensamentos, a fazendo estranhar. Não tinha costume de sentir fome durante a tarde, mas se dando por vencida ao escutar mais um ronco vindo de sua barriga, fechou seu livro e caminhou até a cafeteria.

Entrou no café e foi direto para a mesma mesa de sempre, não costumava olhar em volta porque por se tratar de uma cidade pequena, eram sempre as mesmas pessoas em suas mesmas rotinas, mas aquele não era seu horário habitual e se permitiu vasculhar o lugar com os olhos, observando os detalhes do lugar e as pessoas.

Esperou um pouco até que Rafaella fosse até ela atendê-la, com Mari doente ela estava sozinha tomando conta do café e de sua filha que como de costume estava em seu suporte canguru.

- Boa tarde, Gizelly - disse simpática - Vejo que gostou mesmo do nosso café - brincou oferecendo um sorriso.

- Na verdade, esse é o único lugar que conheço na cidade.

- Oh, não me diga - Rafaella estava surpresa com a informação.

No suporte à sua frente estava Sofia, oferecendo os braços para Gizelly, tentando a todo custo alcança-la e ameaçando chorar quando percebeu que não conseguiria o que queria.

- Veja só se não é uma traidora - Rafaella estava surpresa com a atitude da filha.

- Posso segura-la, Rafa? - Gizelly acariciava a cabeleira loirinha da pequena enquanto esperava uma resposta de Rafaella.

- Não quero te incomodar, Gizelly.

- Não é incômodo - seu olhar que até então estava preso em Sofia, subiu para encontrar o olhar de Rafaella - Posso?

Rafaella estava meio receosa sobre deixar uma estranha com sua filha, mas bom, Sofia nunca foi de ir com a cara de estranhos dessa forma e ela praticamente se jogava nos braços de Gizelly, então decidiu deixar que a morena ficasse um pouco com sua pequena, mesmo porque seria um alívio para suas costas e para sua pequena que tinha passado a tarde praticamente naquele suporte.

Rafaella assentiu com a cabeça lentamente enquanto olhava Gizelly, tirou Sofia do suporte e a entregou para Gizelly que abriu um sorriso ao receber um beijo banguela e molhado na bochecha.

- Certo mocinha, espero que se comporte - Rafaella falava para sua filha mas seu olhar era em Gizelly e em seu sorriso provocado por sua filha - Quando se cansar basta me chamar. - Gizelly apenas balançou a cabeça positivamente - Tudo bem, quer o mesmo pedido de hoje mais cedo?

- Sim, Rafa, por favor - Gizelly a olhou por um segundo mas voltou a brincar com Sofia logo em seguida - Nós vamos nos divertir um pouco não é mesmo cerejinha? - Não veio resposta, apenas um gritinho animado.

Rafaella achou fofa toda aquela interação de Gizelly com sua filha, nunca iria imaginar que aquela mulher de expressão fechada e tão enigmática seria uma manteiga derretida com crianças.

Start Over (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora