treze.

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O resto dessa semana e o começo da outra passaram com um piscar de olhos.

Papai não veio essa semana, então mamãe pediu pizza no sábado, e eu e minhas irmãs nos sentamos para assistir novela com ela a noite toda. Eu até quis ir na Locadora Caixão pegar outro filme para ver quando a novela acabasse, já que todos os filmes que passavam nesse canal eram ainda mais velhos que os disponíveis lá — e cheio de cortes e propagandas também — mas aquilo que Rita tinha me contado de Raquel ainda estava na minha cabeça, e eu não sabia direito o que pensar sobre. Seria esquisito falar com ela normalmente depois de saber o que ela fez com a minha irmã.

Na quarta de noite, o telefone tocou. Quem atendeu foi Cida, e ela veio correndo me gritar na porta do meu quarto.

— O que foi? — perguntei.

— É pra você — ela respondeu simplesmente, e se sentou na sua própria cama logo em seguida.

Eu franzi o cenho. Ligação pra mim? A essa hora da noite? Bia e Mateus sempre me ligavam de tarde, nunca quando já estava escuro.

— Quem é?

— Não sei, não perguntei.

Revirei os olhos e me levantei, me arrastando até a sala de estar, a barra da minha calça de pijama também arrastava no chão. Peguei o telefone que estava fora do gancho e escutei o silêncio por alguns segundos antes de responder. Quem será que era?

— Alô?

Dois segundos de silêncio, e eu quase desliguei, achando que a ligação tinha caído.

Oi, dupla.

Suspirei. É claro.

— Que foi, Safira?

Nossa, você não fala nem um "Boa noite, Safira", nem um "Tudo bem com você, Safira?". Entendi, entendi.

— O que você quer? — a ignorei, e me sentei no apoio de braço do sofá, começando a enrolar o cabo do telefone no dedo.

Que rude — a menina disse com a voz afetada, fingindo tristeza. Depois explicou com clareza: — Semana que vem a gente já tem que entregar a primeira parte do trabalho de história.

— Já?

Fiz uma careta. Tinha me esquecido totalmente disso.

É. A gente tem que fazer uma ficha sobre o tema do trabalho e preencher o cronograma.

— Que cronograma é esse?

Você não presta atenção na aula? Ela tinha deixado uma cópia na moça que faz xerox lá na escola, pra gente poder imprimir também. A gente tem que colocar as datas que a gente vai se encontrar pra fazer o trabalho.

E como que a gente vai saber isso? Eu não sei prever o futuro.

Safira soltou uma risada pelo telefone. Sem entender, eu também ri.

É só na teoria, boba. — Pude sentir pelo tom da sua voz que ela ainda sorria. — Tipo um planejamento do que a gente vai fazer, mas não precisa seguir tão fielmente assim.

Ah. — Olhei pro teto. Bem que ela podia ter explicado isso de primeira. — E a gente vai fazer sobre o que? Eu não pensei em nenhum tema.

Também não sei. O que você acha de ficar um pouco depois da aula amanhã pra gente falar sobre?

— É... pode ser. Na biblioteca? — perguntei. Não queria muito ir, mas eu não podia dizer não. Eu tinha prometido pra mamãe que eu iria melhor na escola esse ano, e já perder pontos logo de primeira assim não ia ser tão legal.

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