Sala de revelações

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[-Lena-]

A Universidade de National City ficava perto de casa. Com sorte meus pais eram influentes na universidade, assim eu tinha acesso livre. Ia com frequência na biblioteca de lá. Era uma das poucas coisas que me distraiam, principalmente nesses dias. Finalmente tinha chegado aos 16 anos, a bela idade para o início dos cios em nossa espécie. Ou o começo da submissão dos ômegas, como eu gostava de chamar.

A biblioteca estava vazia, mas já a conhecia o suficiente para precisar da bibliotecária. Estava procurando o segundo livro da coleção do Coração de Tinta. Percebi que no final do corredor dos livros de ficção havia uma porta entreaberta. Espiei. Um corredor longo e escuro, mas no fim tinha algo que chamou minha atenção.

Era apenas um feixe de luz naquele breu. Olho para trás pensando em quase desistir.

Deixa de ser medrosa, Lena.

- Cala boca, Katie. - Retruco num sussurro. Um arrepio frio percorre meu corpo. - Se algo der errado, a culpa será sua hein.

Ando cautelosamente e perto com força a alça da minha bolsa pendurada no meu ombro esquerdo. Ao me aproximar, noto que a luminosidade vermelha escapa pela fresta de uma porta. Empurro-a. Adentro o cômodo, que é inteiramente iluminado pela luz vermelha. Sem perceber, tropeço em algo no chão, porém consigo me equilibrar antes de ir ao chão. A porta atrás de mim fecha, causando um baque.

- Que susto! - Digo pondo a mão no peito.

Ouço um barulho dentro do cômodo e só então percebo que não estou ali sozinha.

- Não, não, não - Escuto uma voz feminina. Vejo a menina chegar rapidamente onde estou. Ela para ao me ver. Pisca algumas vezes. Por conta da luz, não consigo determinar as cores dos seus olhos, do seu cabelo ou da sua roupa. Tudo é apenas vários tons de vermelho. - O que faz aqui?

- Nada - Me apresso a responder - Já estou de saída.

Viro-me. Busco com o olhar a maçaneta e não a encontro. Cadê?

- Não tem. - Minha atenção é voltada para menina. Ela se abaixa mais próxima de mim e pega um tijolo próximo do meu pé. - Você nos trancou aqui dentro. - Não havia indícios que estava brava ou algo assim. Deixou o tijolo no canto perto da porta. - Também não pega sinal nessa sala.

- E-eu não sabia! - Começo a ficar ansiosa e preocupada. - E agora? O que faremos?

Vejo-a suspirar e relaxar os ombros. Fica um pouco difícil em analisar sua expressão naquela luz vermelha.

- Esperamos alguém abrir a porta do lado de fora. Meus pais sabem que estou aqui. E os seus?

- Sim! - Digo aliviada. Mas então penso que não estou exatamente no lugar que disse que estaria. - Na verdade não... Eles sabem que estou nessa faculdade, mas não aqui, aqui, bem aqui, entende? - Indico o lugar que estamos com as mãos.

Ela ri baixinho e acena. Mas ainda sim, estou mais aliviada. Terá os pais dela para nos tirar daqui.

- E o que faz aqui, aqui, bem aqui? - Ela repete exatamente do jeito que falei com os mesmos gestos.

- Curiosidade. - Vejo ela tombar a cabeça pro lado com minha resposta vaga. - Vi a porta que dava acesso a esse corredor aberta e a luz vermelha me chamou atenção. Fiquei curiosa. - Ela sorri. - E você?

- Ah! Eu tirei algumas fotos hoje e estou revelando aqui.

- Por isso essa luz...

- Isso. Minha câmera é de filmes, por isso uso esse método. Mas confesso que gosto de todo o processo. - Ela explica com um sorriso.

Maçã e Canela - SuperCorp (ABO) - Kara G!POnde histórias criam vida. Descubra agora