Magia de Glacê

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Os olhos tediosos encaravam a janela desanimado, não havia graça naquela cidade de Elaila a quem amava magia e dela sequer poderia um dia usufruir... Imagine sequer cogitar estudar tal arte.
Seus olhos entediados iam passeando entre nuvens, observando a movimentação lenta das massas curiosas e tão belas das nuvens, tentando não possuir mais tédio do que a aula de botânica deveria lhe dar, até seus olhos se arregalaram claramente, isso é, se alguém estivesse prestando atenção em si, logo ele, um aluno entre tantos outros.

Seus olhos negros não haviam lhe pregado uma peça, pois sabia muito bem que depois de 12 anos, jamais iria um dia se esquecer daquela vez em que tinha apenas 8 aninhos e viu pela primeira e última vez um bruxo em ação.
Aquela capa azul repleta de estrelinhas brilhantes flutuava conforme a vassoura guiava o ser para o mais distante possível, ele estava de passagem, mas estava procurando um lugar para pousar.

Os fios que agora não eram mais castanhos, mas sim platinados, flutuou levemente em empolgação, sorrindo divertido ao ver a silhueta flutuar sem ninguém o notar, voando e sobrevoando, até em cima da nuvem se estabelecer e ali resolveu montar uma casa, uma casa de nuvem em cima de uma nuvem.
Jeongin não pode deixar de rir, imaginando que de fato aquela construção nada amadora pareceria uma nuvem comum em forma de castelo para as pessoas que nas ruas andavam.

Aquela pessoa misteriosa desapareceu em seu castelo do céu, deixando enfim o sorriso do Yang sumir, voltando a encarar o professor dando sua aula de botânica, tentando não chorar ao perceber que se um dia tivesse magia como aquele bruxo que viu anos atrás ou este bruxo que viu agora, provavelmente seria morto.

A aula se passou em um passo de tartaruga, Jeongin não via mais a hora de ir embora, não haviam amigos seus naquele lugar, pelo menos não ali.
A cidade estava movimentada e até agora o homem platinado se questionava como ninguém havia notado a presença de um bruxo voando com roupas azuis com brilho em plena luz do dia.
O Yang pensou nisso por todo o seu caminho, mal percebendo que seus passos não o levou para casa, mas sim floresta a dentro.

Yang Jeongin, estudante de botânica e filho do casal Yang, donos da floricultura mais famosa de Elaila, morava na borda da cidade, todos os dias pegava o ônibus duas horas mais cedo apenas para ir a faculdade no centro de Elaila e retornava a sua casa.
Porém havia seu lado positivo, como o silêncio da distância daquela muvuca de cidade grande, além de que, no interior era bem mais simples lidar com seus estudos secretos e também havia uma chance bem maior de achar quem sabe... Mais um bruxo?

O Yang não pensou duas vezes, caminhando entre árvores e arbustos, desviando de cervos, coelhos e algumas raposinhas que caminhavam espalhados pela floresta, afinal, pisar no rabinho de uma raposa não era uma experiência muito agradável, Jeongin era a prova viva disso, também não seria muito educado se dar de frente a um cervo, ainda mais macho, que era super territorialista, também não gostaria de sem querer machucar um doce coelhinho.

Haviam frutas em diversas árvores, férteis e bem tratadas, como a macieira, os diversos arbustos com frutinhas silvestres, os limoeiros que sua geração havia plantado e as laranjeiras.
Entre tantas árvores, havia um círculo quase mágico, porém não havia magia naquele círculo, apenas cuidados e plantio, um círculo perfeito contornado por limoeiros, no centro daquela esfera perfeita, haviam diversas variedades de tons de flores, belas, raras e magníficas.
Porém diferente de todos os dias, ele não estava sozinho ali.

Os fios loiros balançaram diante de seus olhos, o rosto repleto de sardinhas estava virado para o céu, enquanto o rosto era tampado pela manga da enorme capa de bruxa, já que a mão da pessoa segurava o chapéu pontudinho para evitar que voasse devido a tamanha ventania repentina.
O sorriso radiante surgiu assim que o vento diminuiu, mostrando os olhos rosas tão belos e mais sardas apareciam como estrelas brilhantes, sumindo em sequência que outra aparecia em outro lugar de seu rosto, todas no tom dourado ou prateado, sempre intercalando o tom belo.

Jeonginn suspirou, ele era muito lindo, no topo de sua cabeça, havia aquele mesmo chapéu que havia visto a anos atrás, quando ainda era um pirralhinho catarrento, sorrindo diante a lembrança dócil que com tanto custo da fofoca infantil, conseguiu por anos guardar esse segredo.
Aquele mesmo bruxo havia retornado, com o mesmo sorriso belo daquele dia.

– Eu sei que você está aí, jovem bruxinho. – o bruxo disse em bom som, a voz era grave e suave ao mesmo tempo, arrancando o som surpreso e baixo de Jeongin – Venha logo, pequeno.

O Yang cogitou andar, isso é, se não fosse um rapaz um pouco maior que Jeongin surgindo do meio do nada naquele círculo de flores, nesse momento, por segundos, Jeongin havia visto uma imagem borrada no meio do ar, um contorno de uma casinha que parecia em um portal que rapidamente desapareceu.

O rapaz de fios loiros era quase idêntico ao pai, se não fosse os olhos em um rosa mais claro e a capa e chapéu sendo em um tom de rosa mais pastel, enquanto o pai usava o tom rosa em Candy Color.
Jeongin se escondeu de vez atrás da árvore, observando pai e filho se encararem com um sorriso nos lábios.

– Depois de anos o senhor saiu da nossa casa, mamãe mandou eu vir lhe observar. – e para a surpresa de Jeongin, a voz do mais baixo era bem mais grossa do que a do pai dele – O senhor Seo havia saído mais cedo e resolveu se realocar pela cidade...

– Ou melhor, na nuvem em cima da cidade. – o senhor Lee sorriu com a piada óbvia, arrancando mais um sorrisinho do filho – Sabe, filho... Você está um bruxinho crescido já... Com 24 anos deveria ter sua primeira viagem mágica em busca do seu elemento, o que acha?

Jeongin levantou a sombrancelha, se o filho tinha 24, então quem ele viu naquele momento, no meio da floresta, quando era criança, havia sido esse homem mais velho? Ele era o filho do senhor confeiteiro? Resumindo, esse garoto mais novo era neto da senhora Luna e do senhor Sam? Filho de Lee Yongbok?

– Mas...

– Felix, meu filho... Você tem 24 anos e até agora sequer sabe sua magia... Seu irmão a anos sumiu e jamais retornou da viagem mágica, mas dia e noite recebemos mensagens dele dizendo que está bem e relatórios de pesquisa sobre a humanidade... Agora você... Um menino tão talentoso... – o homem mais velho suspirou, como se esperasse apenas um pouco mais de interesse do filho em tentar melhorar – Você ainda não tem magia, meu filho... Isso significa que não corre perigo ao morar com humanos.

– P-pai! O senhor não planeja me mandar morar com o meu irmão em Elaila... Planeja? – o jovem Felix perguntou aflito, temia as lendas, temia qualquer coisa que simbolizasse perigo – E se a PORRA me descobrir?

Jeongin arregalou os olhos com a palavra estranha, aquilo era um palavrão em Elaila, por qual motivo aquele rapaz xingaria tão livremente assim? Além disso, por qual razão alguém enviaria o filho no centro de um lugar tão famoso por matar bruxas? Ainda mais sendo seu filho um bruxo?
Jeongin estava curioso com tudo, mas ao mesmo tempo, nervoso que de onde estava não conseguiu ouvir perfeitamente a conversa e por isso só ouviu pedaços.
Isso explica a razão que sequer sabia o motivo do Lee enviar seu filho a cidade.

– Não se preocupe, Mistorgan vai com você e irá te proteger. – Yongbok disse com um sorriso radiante.

– Se meu irmão escuta o senhor chamando Sonnie de Mistorgan, sabe que ele ficaria irritado. – o sorriso de Felix não demorou a surgir, de fato, seu pai sabia o que fazia.

Por outro lado, Jeongin estava boiando, além disso, também estava empolgado e curioso.
Em sua cabeça a mil por hora, se perguntava quanto tempo demoraria para sua família notar seu sumisso se um dia fugisse de verdade para estudar magia e morar com uma família de bruxos.

Será que... De fato notariam sua ausência?

Doce Magia ( Lee Felix Centric)Onde histórias criam vida. Descubra agora