Os olhinhos brilhantes, negros como um par de jabuticabas, encaravam a bela paisagem do anoitecer pela janela dos dormitórios, havia descoberto que haviam dormitórios pela escola de magia e sua alegria nunca poderia ser maior.
Obviamente muitos bruxinhos preferiam dormir em suas barracas ou tendas mágicas floresta a dentro, mas Jeongin sentia um pouco de falta do ambiente mais... Civilizado, se é que poderia chamar assim, o correto seria urbanizado.O vento invadia o cômodo como uma brisa fresca, indicando uma provável mudança de tempo naquela região, quando observava o quão belas eram as árvores de folhas coloridas em rosa e lilás, poucas em dourado, que balançavam conforme a música do vento, Jeongin sentia-se feliz, a vontade que possuía era unicamente a vontade avassaladora de subir em sua vassoura e voar rumo ao horizonte.
Porém quando seu olhar caiu sobre o topo do enorme muro das províncias mágicas, sua vista se escureceu com um aperto estranho que veio diretamente em seu peito.
O loiro sorria enquanto recebia um afago carinhoso do bruxinho de cabelos rosas.Jeongin sabia que era errado, mas sentia inveja, ciúmes e raiva, entendia que não deveria pensar assim, mas daria tudo para se sentar ao lado de Felix e acariciar seus fios daquela forma e receber o sorriso agradecido e apaixonado da mesma forma que o tal Hyunjin recebia.
– A vista está bonita? – a voz familiar questionou, tirando-o de seus desvaneios – Ou o casal apaixonado que está chamando mais atenção do que o belo anoitecer estrelado dessa bela cidade mágica?
Jeongin o encarou confuso, não sabia que a Escola de Magia ficava em uma Cidade Mágica.
Christopher por sua vez apenas sorriu amplo, mostrando as covinhas na bela face do homem de fios azuis marinhos.– F-foi a paisagem... – o Yang respondeu rapidamente, não era muito fã da presença do Bang, mas se caiu como seu colega de classe, não havia muito o que poderia fazer para mudar. – Perdeu o sono?
– O frio me acordou. – respondeu como se não estivesse jogando uma indireta a janela enorme aberta.
A janela que levava a varanda do quarto dividido era tão grande que pegava uma parede inteira e cobria do teto ao chão, havia também uma cortina grossa que se arrastava pelo piso de madeira, porém nem mesmo o peso daquela cortina azul iria conseguir segurar a ventania fria.
Jeongin se sentiu péssimo, porém tratou de ignorar esses sentimentos, pois haviam dias que Christopher chegava a andar pelo quarto fazendo barulho por onde passava, deixava luzes ascesas e chamava Seungmin para conversar pela madrugada.
Se Christopher podia, então Jeongin tinha seu direito de praticamente congelar o cômodo com o frio avassalador da futura madrugada provavelmente chuvosa que estaria a caminho.– Penso na conclusão de que talvez você não goste tanto assim da minha presença... – Christopher comentou, atraindo o olhar do Yang para si.
Os olhos violetas olhavam diretamente para a lua crescendo a sua frente, o seu brilho refletia nas orbes belas e excêntricas, assim como o cheiro de terra molhada vinha de algum lugar não tão distante.
Jeongin refletiu, era uma realidade que de fato Jeongin não tinha uma grande facilidade de se socializar, quando fazia era um grande feito em sua vida, porém depois que conheceu Felix e Minho, passou a socializar sem nem se dar conta, mas por algum motivo, algo dentro de sua pessoa o obrigava a se retirar de perto de Christopher, realmente, sua essência não gostava da aproximação do bruxo de olhos violetas.
– Não tenho nada contra sua pessoa. – o Yang disse, formal e nada sincero, era uma trágica mentira, pois mesmo que não notasse, da mesma forma que não gostava de Hyunjin, Jeongin também não se daria bem com Christopher. – Apenas me sinto cansado e preciso dormir.
O Bang riu, pois agora mesmo Jeongin parecia fazer qualquer coisa para que o tédio pecaminoso escapasse de sua madrugada de insônia.
– Me conte um pouco de você antes de dormir? Estou curioso sobre a sua presença... Você é claramente diferente dos demais bruxos. – Christopher comentou, uma pequena isca cujo o objetivo era atrair um pequeno peixe ao anzol e o peixe atraído seria uma isca para o próximo peixe maior – Não conheceu os fundamentos mágicos e não sabia ler runas e nem reconhecia símbolos mágicos de gerações bruxescas... Parecia mais um humano comum do que um bruxo nascido.
– Pense o que quiser de mim, não lhe devo satisfações. – talvez a resposta ríspida tivesse sido desnecessária mas era inevitável, Jeonhin odiava que se metessem em sua vida, Yongbok havia sido um bruxo complicado de lidar e somente conversou com ele sem respostas ácidas, pois o homem parecia mais assustador do que intrometido – Mas se insiste tanto... Eu posso dizer que venho de muito, mas muito longe...
– Longe quanto? Elaila, talvez? – o Bang perguntou, enquanto observava atentamente cada ação, expressão e tom que existia no Yang.
Christopher era bom em ler ações, em ler as pessoas, Jeongin para si era como um livro aberto e as orbes arregaladas viradam em sua direção eram a prova assinada de que o bruxinho misterioso veio de Elaila.
– Nossa! Acertei em uma única adivinhação! Deixe-me continuar neste nosso jogo? Você também precisou conhecer um bruxo de fora para obter conhecimento de como chegar até aqui? – o Bang questionou e Jeongin não viu segundos sentidos, isso não estava o entregando como humano, apenas provando que ser bruxo em Elaila era difícil, então timidamente o Yang concordou – Mas que coincidência! Eu também vim de próximo de Elaila, por isso reconheci o sotaque.
Jeongin se sentia um otário, então desde o início o Bang sabia que ele era de lá e apenas usou o argumento de assunto durante todo esse tempo.
– A única diferença entre nós dois, é que eu nasci com a minha magia e você... Nasceu humano. – o Bang acrescentou enquanto Jeongin sentiu seu corpo gelar, estava enganado, Christopher sabia que ele era humano – Você não me engana, garoto, eu sei que só está se camuflando pois possuí um conhecimento superficial da magia, porém o seu poder não veio de berço... Infelizmente eu sinto tanta magia em seu corpo... É uma magia bonita... Eu diria que me seduz.
– Vai contar a alguém? – o Yang questionou, baixo e confuso, recebendo uma risada e uma negação do Bang.
– Se eu quiser? Com certeza eu conto... Mas eu acho mais interessante te fazer ficar apavorado comigo... Com medo de me olhar, com medo de sorrir para mim, talvez eu te faça correr... – a cada passo na direção do Yang, o mais novo se aproximava mais da própria cama, até que sentiu seu corpo entrando em contato com o colchão macio – Entenda uma informação, pequeno... Eu serei o seu maior pesadelo.
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Doce Magia ( Lee Felix Centric)
FanficOs fios loiros como ouro balançavam conforme o vento uivava, a brisa fresca soprando em seu rosto repleto de sardas brilhantes, como formas de constelações que eram iluminadas no meio da bela floresta escura. A lua iluminava perfeitamente sua silhue...