Magia de Bolinho

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Os olhos negros como a noite se arregalaram diante a cena presenciada.
Como em um minuto estava observando atentamente pai e filho conversarem com sorrisos e no instante seguinte o pai teria atirado algo de sua varinha contra seu filho?
Um arfar surpreso soou de sua garganta, recuando um passo ao ver que o mais novo havia desaparecido depois daquele golpe, aquele homem seria um assassino? Então a PORRA estava certa em acha-los uma ameaça?

O Yang estava tão preocupado com o vazio no lugar de onde a segundos atrás havia o loiro mais novo, tão preocupado, que sequer havia conseguido ouvir o som dos galhos se partindo lentamente atrás de si.
As orbes já esbugalhados se abriram mais, se é que isso seja possível.

Os olhos confusos se voltaram para trás de si em espanto, tal reação que piorou ao ver apenas um arbusto, se virando novamente para frente, desta vez jurou ver sua alma saindo de seu corpo.
O rapaz loiro lhe fitava agaixado na sua altura, no fundo dos olhos de tom misteriosamente lilás, percebeu a coloração das orbes se tornando dourada lentamente, como uma gota de corante pingada em um copo de água, lento e agonizante.

Como alguém iria imaginar? Como prever algo assim? Se sentia tão bem camuflado que sequer cogitou a idéia de haver a chance de ser descoberto pelos bruxos.
O olhar queimava em chamas de ódio, como se visse ali a maior ameaça eminente de todo o planeta, ao mesmo tempo expressava o ódio de confiar demais em uma espécie tão desconfiavel quanto o ser humano.

Jeongin por sua vez era a própria personificação de assustado, apavorado, amedrontado. Será que se fugisse correndo, correria o risco de ser morto de vez? O quanto doeria ser torturado? Valeu a pena se esforçar tanto em estudar para no fim morrer por pura curiosidade sem lógica?

Enquanto mil e um pensamentos infundados cobriam a mente tão inocente da vida, Yongbok, o pai do rapaz agaixado na frente do humano, se aproximou lento e curioso, quase tanto quanto o humano a minutos atrás.
O olhar do mais velho trouxe calafrios maiores do que o olhar do filho, pois além de toda aquela curiosidade intrigante, a pingada de interesse mostrava que ele não permitiria Jeongin sair, não sem tirar satisfações, pelo menos.

- Um humano na floresta mística... Abandonado pela compaixão e afogado pelo conhecimento humano... Está habilitado por carregar consigo tanta devoção em algo que não se importam... Você tentou superar que ninguém aceita sua magia? - Yongbok disse baixo conforme se tomava por distância outra vez, já teve o que queria se aproximando apenas um pouco, bastou isso e já estava a parte de tudo da vida do humano. - Podre mortal...

- C-como sabe? - questionou o Yang, recebendo uma risada sarcástica vinda de Felix.

- Meu pai sempre sabe - o Lee mais novo respondeu, não parecia o mesmo rapaz feliz de segundos atrás - Ele sempre... Sabe...

Jeongin engoliu seco, desviando o olhar tentando não tomar tanto medo com o olhar atento do rapaz.
Estava assustado, sabia bem até demais que não sairia dali com facilidade... Isso é... Se é que iria sair dali em algum momento... Ainda mais com vida.

- Eu sei que deve estar se perguntando se sairá daqui vivo, então eu tenho uma mera proposta a ti. - o mais velho disse como quem não quer nada, desviando o olhar para o chão em seguida - Porém creio que entre a opção dada e a morte, você iria preferir a morte... Afinal... Nem todos gostariam de viver as escondidas do governo, como um bruxo procurado na inquisição... Teria de ser muito louco para aceitar de tão bom agrado.

O homem fingia não saber, fingia que os olhos do rapaz não brilharam em pura expectativa, ainda mais quando ele afirmou a cabeça loucamente quase quebrando o pescoço com o movimento rápido, ele estava muito empolgado e adorou a ideia, porém Yongbok queria testa-lo, sabia que era um caminho sem volta.
Não é como se ele deixasse de se acostumar com a magia uma vez que pegasse o gostinho de usá-la, seria quase como um drogado largar suas drogas, um bebum largar as bebidas, um fumante largar o cigarro, um apostador largar as apostas, era algo... Quase Impossível.

- Para ser bruxo, precisará primeiramente provar que tem aptidão com a magia, que tem coragem de ir em direção ao sol mesmo sabendo que poderá queimar até a morte... Nadará em mares profundos mesmo com a ciência de que haverá monstros capazes de acabar com a sua vida... Você deve ir até o fundo, independente de voltar vivo ou não. Nem todos são capazes. - Yongbok comentou como quem não quer nada, se sentando sobre o vento, surgindo repentinamente sua vassoura como um passe de mágica.

Felix logo fez o mesmo que o pai, se sentando sobre a própria vassoura que surgiu a baixo de si.
Pai e filho subiram vôo, seus corpos faltavam tombar sobre o chão, enquanto o vento levava seus fios para trás, desgrenhado os cabelos bem alinhados de segundos, Jeongin sentia inveja, queria estar ali, sentado sobre uma vassoura como eles, voando como eles, porém não conseguia, não sabia.

Seu coração palpitou, vendo o mais novo virar a vassoura de ponta-cabeça, caindo da vassoura em queda-livre, como se não temesse seu corpo se espatifar contra o chão, despencando do alto das nuvens, porém ele não morreu, seu corpo foi pego com a vassoura com tamanha facilidade, voltando a sobrevoar em circulos ao redor de Jeongin, que juntou todo seu ar em plenos pulmões.

- Eu quero... Ser um bruxo!

Doce Magia ( Lee Felix Centric)Onde histórias criam vida. Descubra agora