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Sarah sentou no carpete cor de creme, com suas costas encostadas
nos pés da cama, suas feições iluminadas pela luz do sol que estava se pondo. a conversa que ela havia tido com Arthur, mais cedo, a perturbava. Você não vai achar alguém para amar, ele havia dito, como se as coisas fossem simples. como se ela fosse encontrar alguém um dia e perguntar, 'ei, você está afim de sair algum dia desses?' e viveriam felizes para sempre.              

se ela ao menos conseguisse amar o Arthur.

se ela ao menos não fosse famosa.

se...
                  
ela suspirou e deixou sua cabeça cair contra o colchão. o desenho que havia comprado anteriormente ao seu lado, que parecia a encarar de volta quando ela olhou em sua direção. ela ainda não sabia o porquê de não ter o guardado junto com as outras coisas, não sabia o porquê de ter ficado hipnotizada por ele.

ela nunca foi muito atraída pela arte, nunca tinha sentido vontade de passar o seu tempo dentro de uma galeria ou de um museu. mas havia alguma coisa sobre aquele desenho, sobre a solidão que irradiava dele, que chamou a atenção de Sarah de uma forma que ela não conseguia explicar. Isso a fez se sentir menos sozinha, sentada no quarto silencioso, observando como outro dia inútil na sua vida se transformava em memória.                 

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"eu te amo." ele disse, ao se virar na cama para olhar para ela.
              
Porém Juliette manteve o seu olhar na tela do computador, seu trabalho sobre shakespeare ainda em branco. ama mesmo? ela queria perguntar. "eu também te amo." ela respondeu, quando o momento de dizer a verdade já havia passado e tudo o que restava era a expectativa dele.

"você quer fazer alguma coisa mais tarde?"
                 
"estou tentando fazer um trabalho." ela respondeu olhando para ele, o desafiando a começar uma briga.               

"depois disso."
                     
"eu não sei quando vou terminar. Acho que vai demorar a noite toda."                    

"como você pode demorar tanto pra fazer um trabalho?"                

"eu não sou muito boa com esses trabalhos." ela respondeu, ríspida. "nem todos aqui neste recinto são gênios, sabe?"
                
Lucas suspirou se sentindo derrotado. "tudo bem, eu vou calar a boca e te deixar em paz." ele saiu da cama e ficou parado ao lado da mesma por um minuto, olhando pensativo para Juliette. "jantar amanhã?"
               
"não posso, tenho um assunto de família."
                
"que assunto de família?"                

"miguel quer falar com a gente sobre uma coisa."
                  
"sobre o quê?"
                 
"posso te garantir que eu não faço a menor ideia."
                    
"ah."
                     
Juliette mordeu o lábio e olhou para ele. "desculpe, eu deveria ter te convidado."                  

"não, tá tudo bem. eu acho que eu não sou parte da família como eu havia pensado."                  

"Lucas—"
               
"desculpa," ele disse. "se é um assunto de família, então é assunto de família."
                     
Juliette mordeu novamente o lábio, se perguntando se devia ou não deixar de fora o fato de que Carla havia sido convidada. "é um assunto do miguel."                 

"e ele me odeia né?"                

Juliette fez uma careta para o namorado. "ele não te odeia, ele só não te conhece direito."                               

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora