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Sarah ficou completamente distraída quando voltou pro seu assento. Ela ignorou os olhares de questionamento de Thais, e depois, ignorou as perguntas também. Ela não queria admitir à sua assistente - nem para si mesma, na verdade - que ela tinha seguido a artista, e, em seguida, oferecido-lhe um emprego por nenhuma outra razão além de querer ficar mais próxima dela.
                    
O som de palmas interrompeu seus pensamentos, e Sarah analisou o palco em que um aspirante à ator conseguiu se tornar o centro das atenções. Ela assistiu o desempenho dele durante um minuto inteiro antes de perder o interesse. Até agora, ninguém havia lhe chamado a atenção. Manoela Gavassi tinha ido embora de lá a meia hora atrás, dizendo que aquilo era um desperdício de seu tempo. Sarah quase fez o mesmo, se não fosse pelo fato de que a audição de Carla estava chegando.                    
Houve uma rodada de aplausos, e Sarah olhou para baixo para ver uma moça familiar subir ao palco. Carla Diaz apresentou-se e falou sobre os dois monólogos contrastantes que ela havia preparado. Após uma breve pausa, ela começou.                    

Sarah não estava esperando muito. Todas as performances até certo ponto haviam sido adequadas, algumas excelentes às vezes, mas certamente não era o que eles estavam procurando. Carla, por outro lado, era algo completamente diferente.
                    
Sarah, sentada em sua cadeira no mezanino, ao observar Carla Diaz, começou a sacudir a cabeça. Quais eram as chances de que Carla fosse talentosa assim?
                   
"O que você acha?" Perguntou Fernanda quando Carla tinha terminado e os aplausos estrondosos haviam cessado.
                    
"Ela vale a pena."                    

"Concordo". Fernanda escreveu algo no caderno que carregava. "Eu também gostei de uma outra menina, aquela de cabelo rosa e óculos."                  

Sarah deve ter se distraído durante a audição dessa indivídua. "Uh, sim. Ela era boa."                     

"Ótimo. Estou com um bom pressentimento."                    
Sarah sorriu para o otimismo da diretora, mas sentiu uma dor na boca do estômago. Sua vida, que até este ponto tinha sido simples e direta, estava subitamente girando para fora de seu controle. Mesmo que ela nunca tivesse enviado um e-mail pra Juliette, ela ainda estaria sentada ali naquele teatro, concordando em conceder à Carla Diaz um teste para o filme.                     

"Talvez seja o destino." Thais sussurrou, como se lesse seus pensamentos.
                   
Sarah ignorou o comentário. Ignorar as coisas parecia, no momento, a melhor coisa a se fazer.
                     
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"Eu ainda acho que devíamos sair e comemorar ou algo assim." disse Carla, enquanto jogava as chaves sobre a mesa da cozinha. "Quer dizer, só o fato de que ela sugeriu - putz, o fato de que ela foi até você! Quando é que uma merda dessa acontece? Nunca. Porra, tipo, isso não acontece. Devíamos celebrar a anomalia que foi seu encontro com Sarah Andrade."
                     
Juliette sentou-se no sofá e tirou os sapatos. "Se vamos comemorar alguma coisa, é sua audição de hoje. Quando você ficou tão boa assim?"
                     
"Eu sempre fui boa." disse Carla, sem um pingo de modéstia. Ela se deixou cair no sofá ao lado de Juliette e abriu uma lata de refrigerante. "Infelizmente, isso não significa merda nenhuma. Sarah e seu bando provavelmente irão chamar aquele cara... aquele que estava babando durante seu monólogo."
                     
"Foi uma baba muito impressionante."                  
"Ou talvez aquela garota que estalava a língua depois de cada palavra. Foi tipo, 'tsk Hoje eu fui para o banco tsk e foi ótimo tsk'. Que porra foi aquela?"                 

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora