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O telefone tocou cedo no dia 1º de janeiro, e apesar de Juliette estar mais distante do telefone, ela foi a única que se arrastou para fora da cama para atender.
                   
Miguel e Higor tinham vindo preparados para passar a noite e o colchão inflável deles agora ocupava a maior parte da sala de estar. Juliette sorriu ao vê-los aconchegados debaixo das cobertas, enquanto tentava ignorar o som irritante do telefone tocando, que apenas piorava sua ressaca.                    

"Alô?" Disse ela, escondendo sua irritação ou pelo menos tentando.
                   
A voz do outro lado do telefone parecia bem acordada. "Oi! Você é Carla diaz? Meu nome é Danilo Lee e eu sou o diretor de 'Pequenas Borboletas Roxas', você já deve ter ouvido falar nesse filme. Enfim, Andreza Geiziane me deu o seu número. Ela é a diretora de câmeras de 'Uma Dança de Verão' e uma grande amiga minha, e ela me disse que você seria absolutamente perfeita para ser a minha protagonista. O que é incrível, porque eu realmente preciso de uma. Eu sei que é feriado e tudo, mas eu espero que você esteja disponível para tomar um café ou talvez almoçar comigo para que pudéssemos conversar sobre o filme e tudo mais. O que você me diz?"
                    
Juliette esfregou os olhos com a mão livre. "Sinto muito, eu não sou a Carla. Só um momento." Ela bateu na porta de Carla, cansada demais para pensar em tudo o que o cara tinha dito para ela. Quando Carla não respondeu, Juliette bateu com mais força e ouviu um grunhido vindo de algum lugar do quarto. Suspirando, ela girou a maçaneta e entrou.
                    
O quarto de Carla era uma bagunça que vários papéis espalhados, e a cama era praticamente um arco-íris de roupas que poderiam estar limpas, sujas ou uma combinação de ambas. Juliette rastejou sobre a cama e puxou o braço de Carla debaixo das cobertas. Sua melhor amiga grunhiu novamente em protesto quando Juliette colocou o telefone na mão dela. "Telefonema." disse Juliette.                     

"Eu vou ligar de volta." Carla murmurou.               
"É um diretor de cinema."
                    
Carla estava de pé em um flash, como se as palavras tivessem injetado cafeína no corpo ou ela tivesse tomado um choque. "Alô? Oi? Aqui é Carla."
                  
Juliette sorriu para si mesma e deixou o quarto dela.
                    
Na sala de estar, Miguel se espreguiçava. "Bebemos muito na noite passada?"
                    
Juliette sorriu para seu meio-irmão. "Demais." Ela olhou para o colchão para ver que Higor ainda estava dormindo. Para Miguel, ela disse, "Café?"                   

"Eu sabia que te amava por um motivo." disse Miguel, bocejando. Ele seguiu Juliette para a cozinha.                     

"Eu ouvi o telefone tocar?"
                   
"Algum diretor de cinema." disse Juliette, percebendo depois de dizer, que ela deveria soar mais animada. "Eu vou, hm, dar a entonação adequada que isso merece depois de eu ter um pouco de cafeína no meu sistema."
                 
Miguel pareceu surpreso. "Um diretor de cinema, mesmo? É melhor eu tirar muitas fotos com Carla agora antes que ela comece a esquecer de nós pobres mortais."                   

Juliette sorriu e virou-se para fazer o café. Ela bebeu menos álcool do que o resto deles durante a festa de Ano Novo, mas sua cabeça ainda estava a matando.
                    
Miguel sentou-se à mesa e Juliette o viu olhando para o livro que ela tinha deixado lá. "Objetos Cortantes" ele leu a capa. "Eu acho que eu li isso a um tempo atrás. Alguém te indicou?"
                 
Ela não havia contado ao seu meio-irmão sobre Sarah. Não sabendo realmente o que dizer a ele, ela disse: "Uma garota que eu conheci on-line recomendou."                    

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora