The blind side of love

2.8

Curta e comenta

******
                                 
Querida Juliette, Sarah digitou, enquanto seu avião se encontrava a milhares de quilômetros do solo. Em algum assento próximo, Arthur e Thais estavam sentados, conversando em voz baixa entre si de uma forma bem íntima que fez Sarah se sentir excluída. Mas ela não se importava. Não naquele momento. Ela se contentou em simplesmente sentar, digitar e ignorar suas preocupações, medos, culpas e simplesmente deixar rolar.
                     
O avião balançou de repente, e Sarah pensou em Fernanda e seu medo de voar. Ela sorriu brevemente e olhou para fora. As nuvens se estendiam indefinidamente no céu azul claro. O avião balançou de novo e a voz do piloto preencheu o silêncio, pedindo desculpas, mas confirmando que estava tudo bem.
                     
A única aeromoça de plantão apareceu ao lado de Sarah e ofereceu mais água.
                    
Sarah assentiu e agradeceu. Sem mais nada para distraí-la, ela voltou para o e-mail que ela tinha começado.                   

Então, você queria saber sobre meu encontro. Eu acho que foi bom. O filme que assistimos era maravilhoso.
                     
O jantar foi pouco convencional, mas interessante. E, em seguida, no carro, ela admitiu que eu a deixava nervosa, porque não sabia o que eu estava pensando e eu admiti que ela me deixava nervosa, porque eu sou uma novata quando o assunto é amor, namoro e mulheres, e que eu não tinha certeza se eu queria que fosse um encontro porquê... sei lá porque. Mas ela meio que sorriu e disse para deixar que ela soubesse quando eu mudasse de ideia de uma forma ou de outra.

A noite terminou com uma espécie de aceno como despedida e sem planos para uma segunda vez.
                   
Mas ontem eu a vi e acho que dei a entender que a outra noite foi um encontro e então eu meio que a deixei ali, parecendo surpresa e confusa.

Ela me convidou para uma festa e eu disse que não. Ela me convidou para acampar com ela e seus amigos no Natal e eu disse que não.

Tenho certeza de que eu devo ser a rainha dos sinais mistos.

E você? Como você está? Como está Carla? Como está a arte? Os feriados já estão estressando você? Você é daquelas pessoas que faz todas as compras por volta de setembro, ou você espera até o último minuto (como eu)? Você celebra o Natal ou outra coisa? Eu nunca pensei em perguntar.

Irei preparar o jantar para os meus amigos na véspera de Natal. Minha família está em Paris até janeiro então meu dia de Natal deve ser bem solitário. Eu nem sequer comprei uma árvore de Natal ainda.

De qualquer forma, eu queria perguntar: Qual é o seu livro favorito? Supondo que você goste de ler e que você tenha um livro favorito. Eu tenho muitos para listar, mas o primeiro que vem à mente é Objetos Cortantes da Gillian Flynn. Você já leu? Na verdade, qualquer livro dela é maravilhoso.

Hm. Agora eu acho que acabou tudo que eu queria te perguntar aleatoriamente. Na verdade, aqui vai mais uma pergunta: você gosta de cachorro-quente?

Sua amiga,

                     

S.

                     

**********************

Juliette bocejou enquanto esperava o notebook iniciar. Ela olhou ao redor da loja de café e notou o cardápio preso à parede, escrito em giz colorido e letras perfeitamente alinhadas. Ela não conseguiu enxergar nada.                
Carla apareceu de repente atrás do balcão, seu cabelo castanho preso para trás em um rabo de cavalo alto que balançava de um lado para o outro enquanto ela caminhava. "Não estava esperando que você viesse tão cedo." Disse ela, ao chegar perto de Juliette.