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As luzes acima da porta do elevador se iluminavam a cada andar que passava e Juliette estava tentando focar nos números que apareciam. Ela não se lembrava de chegar ali. Ela não se lembrava de comprar os dois copos de café que agora estava segurando. Ela se lembrava de estar em seu quarto. Se lembrava de não estar conseguindo dormir. Se lembrava de ensaiar o que diria para Sarah, tentando organizar as palavras, esperando que a combinação certa se revelasse.
                    
O elevador apitou suavemente, outro andar se passou e ela ainda não sabia o que iria dizer. Ela podia voltar atrás, ainda havia tempo para mudar de ideia. Mas e depois? Será que ela iria querer passar seus dias engolindo seus sentimentos? Não era melhor colocá-los para fora logo e seguir em frente? Ela não sabia.
                    
Ela observou os números e desejou que seu coração se acalmasse. Ela faria isso. Ela iria admitir seus sentimentos e enfrentar o constrangimento que viria a seguir. Ela garantiria a Sarah que nada mudaria; que elas poderiam continuar a ser amigas. Eventualmente, Sarah voltaria para São Paulo e elas poderiam retomar os e-mails - ou, mais provavelmente, perder o contato por completo - e em algum momento, esses sentimentos desapareceriam ou, melhor ainda, seriam transferidos para outra pessoa. Mas ela teria sempre este dia para se recordar; o dia em que ela colocou seus medos de lado e assumiu o controle de sua vida.                    
As portas do elevador se abriram e ela saiu, colidindo quase que imediatamente com a pessoa que estava lá. Ela conseguiu, de alguma forma, evitar que o café derramasse enquanto tentava recuperar o equilíbrio. "Eu sinto muito, eu..." Ela congelou quando olhou pra cima. Demorou um momento para registrar que era Fernanda ali de pé na frente dela, vestida com roupas amassadas e cheirando a álcool.
                 
O olhar de Juliette desviou rapidamente para porta de Sarah e uma sensação que ela não reconhecia cresceu dentro dela, de forma obscura e avassaladora.                   

"Juliette!" Fernanda parecia tão surpresa quanto Juliette. "Oi! Eu, hm..." Ela parecia estar à procura de uma desculpa do porque ela estava lá a essa hora.                   

Elas passaram a noite juntas. Isso era tudo o que Juliette conseguia pensar enquanto olhava pra Fernanda. Elas passaram a noite juntas. Juliette de repente se sentiu doente. Qual era a coisa certa a se fazer agora? Voltar para o elevador e descer com Fernanda? Não, isso seria muito estranho. "Oi! Eu só queria fazer uma pergunta rápida para Sarah sobre este projeto de arte que ela me contratou pra fazer..." disse ela. "Ela está em casa?"
                    
Pronto. Isso foi casual. Não gritava: 'eu vim aqui para dizer à garota que você acabou de ficar que eu a quero'.
                 
"Eu acho que ela estava no banho quando eu saí, mas ela está em casa." Fernanda se moveu para evitar que as portas do elevador se fechassem.
                   
Juliette tentou não pensar no fato de que Fernanda estava no apartamento de Sarah, porque isso só servia para confirmar suas suspeitas. Ela não podia pensar nisso agora. Ela preferiu se concentrar em quão ridícula era a sensação de estar lá com dois copos de café; o quão óbvia e transparente isso a fazia se sentir. "Hm, você gostaria de um café? Eles me deram um copo extra por engano."                     
"Sim?" Fernanda aceitou o copo com uma expressão aliviada. "Obrigada. Isso é muito gentil." Ela suspirou. "Eu bebi demais ontem à noite e estou com uma ressaca horrível, eu tenho que ir logo pro estúdio e... desculpa, você não precisa ouvir nada disso. Foi muito bom esbarrar em você de novo. Literalmente." Ela riu quando se afastou para dentro do elevador.                    

"Sim, foi." Muito bom.                     

"Obrigada mais uma vez!"                    

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora