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"É que," Juliette disse, enquanto seguia Higor pela loja de roupas "quando eu estou com ela eu me sinto como... se nada mais importasse, sabe?"                    

"Aham." disse Higor, entregando mais um vestido para Juliette, adicionando outro item na enorme pilha de roupas em seus braços.                  
"Mas então," continuou Juliette, ajustando o peso das roupas para que não caíssem "quando eu não estou com ela... quando eu estou indo pra casa ou quando eu estou na cama, todas as outras coisas... as coisas que pareciam não importar antes, de repente importam. E então tudo o que consigo pensar é em como a minha família vai reagir. Ou... o que isso tudo significa pra mim. Quer dizer, eu não quero ficar agoniada tendo que me rotular. Eu não quero me rotular. Eu só sei que eu a quero, sabe?" Ela parou quando notou uma senhora a olhando esquisito. "Sim, eu estou questionando minha própria sexualidade no momento. Algum problema?" Ela retrucou.
                  
A mulher de meia-idade pareceu surpresa e ofendida, mas saiu dali sem dizer uma palavra.
                    
Juliette respirou fundo e olhou para cima para encontrar Higor sorrindo para ela. "O quê?"
                
"Nada." disse ele, colocando um braço em volta dela, a conduzindo em direção aos provadores. "Você vai ficar bem."                     

"Obrigada, isso me ajuda muito." Higor a colocou na primeira cabine disponível e fechou a cortina.                     

"Então, qual é o problema, afinal?" Perguntou, um segundo depois.                    

Juliette olhou de relance para a cortina branca entre eles, como se aquele pedaço de pano tivesse a resposta para a pergunta dele. Qual é o problema? "O problema," disse ela, enquanto analisava as roupas. "é que eu não sei o que eu quero."
                    
"Juliette, você tem um encontro com Juliano hoje à noite e tudo que você fez até agora foi falar sobre essa sua garota misteriosa. É bem óbvio para mim o que você quer. Parece até que ela vai estar nesse lugar que você vai hoje, também."
                    
Juliette mordeu o lábio quando começou a se despir. "Ela vai estar." ela disse.
                     
"Tá explicado. Então, na verdade, você está querendo ficar gostosa para ela."                     

"Sim." Não havia sentido em negar. Ela pegou um vestido de nylon preto da pilha e o colocou sobre a cabeça; o tecido abraçou seu corpo como uma luva. "Isso faz de mim uma pessoa horrível?"
                 
"Não, mas faz de você uma péssima acompanhante."                     

Juliette abriu a cortina para que Higor pudesse analisá-la. "E então?"                    

Ele a olhou de cima a baixo e sorriu. "Perfeito. Nem experimente mais nada." Ele a agarrou pela cintura e a virou, de modo que ela estivesse de frente para o espelho. "Eu amei o corte desse vestido. Você tem pernas lindas."
                    
"Você está dando em cima de mim?"
                     
Higor riu e apoiou o queixo no topo da cabeça dela. "Juliette," ele disse "se você gosta dela, então, pelo menos, conte a ela. Não se preocupe com qualquer outra coisa, agora."   
                
"Eu não posso simplesmente contar pra ela." disse ela, horrorizada com o pensamento.
                     
"Então, pelo menos, conta a ela que você não é hétero." Ele fez uma pausa. "A menos que você ainda esteja pensando que é hétero..."       
          
"Não." disse Juliette, com pensamentos de Sarah piscando em sua mente. "Quero dizer, eu não sei ao certo porque a minha experiência com mulheres é totalmente limitada aos pensamentos na minha cabeça, mas esses pensamentos definitivamente não tem sido héteros."                    

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora