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"Adivinha só?" A pergunta veio num fôlego só e Juliette ficou apenas levemente consciente de que ela segurava algo frio contra sua orelha. Seu telefone, ela notou. Ela estava no telefone. Ela não conseguia se lembrar de o ouvir tocando ou de atendê-lo. Sua mente começou a rodar. Dormir. Ela queria dormir mais.                   

"Juliette?"                    

"Mmm." ela disse, extremamente grogue, imaginando coisas aleatórias: uma casa, uma pá roxa.
                
"Eu te mandei umas cinco mensagens ontem à noite. Onde você estava?"
                   
Ontem à noite. Alguma coisa aconteceu ontem à noite. Mas a pá agora estava dançando valsa com um cachorro-quente e aquilo tudo parecia muito intrigante no mundo dos sonhos.                  

"Juliette!"
                  
Juliette se esforçou para abrir os olhos, lentamente, e tentou se concentrar em alguma coisa, em qualquer coisa, mas seu quarto parecia estranho, diferente, de alguma forma. Ela fechou os olhos de novo e se sentiu melhor. "Eu estou com muito sono." ela murmurou, querendo simplesmente desligar e sucumbir ao calor dos lençóis e à suavidade do travesseiro. "Me conta mais tarde."                    
"Mais tarde não. Agora. Finja que você está acordada por meio segundo e me escute: Eu tenho uma entrevista com Sarah Andrade!"
                    
Sarah. Tudo voltou de repente: pinturas em paredes, champanhe gelado, poesia ruim. E beijos. Muitos beijos. Os olhos de Juliette estavam abertos agora. Ela estava olhando para o poster em cima de sua cama, que Lucas a tinha dado ao que parecia ser um milhão de anos atrás. Lucas. Ele agora parecia ter sido parte da vida de outra pessoa; parte de uma história que outra pessoa contou a ela. Algo havia mudado. Ela havia mudado. Sarah a beijou.
                     
"Juliette? Você me ouviu?"                    

"Isso é incrível." ela deixou escapar, sorrindo, sentindo-se esmagadoramente feliz; por Higor, claro, mas por si mesma, principalmente. Sarah a beijou.
                     
"Você precisa me ajudar a escolher o que vestir para a entrevista. Você pode me encontrar no horário de almoço?"                    

Juliette puxou sua mente para longe da memória tentadora da boca de Sarah na dela e tentou se concentrar. "Não posso, sinto muito. Eu tenho aula e eu realmente preciso encontrar um dos meus professores pra resolver um grande mal-entendido." E Sarah. Eu preciso desesperadamente ver Sarah. "Por que você não leva Miguel?"               
  
"Por favor, eu o amo, mas ele tem um mau gosto medonho para roupas. Eu praticamente tenho que vesti-lo toda manhã. Não que eu me importe com isso..., mas despi-lo é muito mais divertido."
                    
"Eca."
                  
"Ah, me poupe. Eu transo com o seu irmão. Lide com isso. E como seu caso está indo?"                  
"Meu caso?"                    

"Seu caso lésbico."                   

"Não é um caso."                    

"É o que, então?"                     

"É..." Juliette fez uma pausa, sem saber como definir exatamente o que era. Elas se beijaram. Elas admitiram que tinham sentimentos uma pela outra. Mas não houve promessas, nem regras estabelecidas, e nenhuma sugestão foi dada para o que poderia vir em seguida. "Eu não sei. Eu não sei o que é. Nós nos beijamos." Seu coração saltou com as palavras ditas em voz alta.                   

"Uau." disse Higor, parecendo interessado agora. "Como foi?"                    

"Foi maravilhoso." Surreal. Aterrorizante. Confuso. Esclarecedor. Mas, principalmente incrível.                    

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora