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Choveu fortemente e de forma constante na véspera de Natal, arruinando os planos de quase todos os cariocas. A chuva continuou caindo até mesmo horas depois que Mônica mandou mensagem dizendo que a ceia ainda estaria lá no dia seguinte, e que não era para Juliette sair de casa. Ela tinha ficado secretamente aliviada. Estava contente em sentar-se em seu quarto, observando como a cidade fora de sua janela desaparecera sob chuva grossa.
                    
Do outro lado da rua, seu vizinho puxava obsessivamente a água de sua varanda com um rodo, só para a chuva acumular tudo novamente momentos depois. Juliette olhava, fascinada e um pouco triste pela visão do velho homem lutando contra a inevitável enchente.
                  
Ela suspirou, desejando que as pessoas estivessem seguras dentro de casa. Ela estava grata pela chuva; grata por estar em casa em vez de lá fora, grata pelas coisas simples. Ela pensou em Lucas, pela primeira vez em muito tempo, e quis saber como ele estava. Ele estava feliz? Estava bem? As perguntas entraram e saíram de sua mente sem respostas e ela percebeu que não se importava.
                   
Carla bateu uma vez e, em seguida, abriu a porta sem esperar. Ela entrou, usando um chapéu de Papai Noel e brincos de árvore de Natal que tilintavam enquanto ela caminhava.
                   
"Eu fiz um pouco de café." Carla ergueu a xícara fumegante do líquido e ofereceu à Juliette.
                   
Juliette aceitou a xícara sem hesitar. "Está com um cheiro ótimo, obrigada."
                     
"Sim, eu adicionei manteiga." continuou Carla. "Ah, e vodka."                   

Juliette fez uma pausa com a xícara em seus lábios. Ela lentamente a trouxe de volta para baixo. "Desculpe, você disse vodka?"
                     
"Sim, eu encontrei a receita online de café com vodka. Achei que ficaria agradável."                     
Juliette fez uma careta sutil, sem querer ofender Carla.                   

"Além disso, pode ser que tenha um resto de cenoura aí..."
                   
"Uma cenoura?"                   

"Sim, foi um acidente. Mas eu acho que tirei. A maior parte, pelo menos."
                   
Juliette colocou a xícara em seu criado-mudo. "Obrigada..."
                   
"De nada. Então, o que você quer assistir primeiro esta noite? Nós temos os clássicos: Uma História de Natal, Conto de Natal na versão 1951, é claro, não as versões novas ruins, A Felicidade Não Se Compra, Milagre na Rua 34 e esqueceram de mim. Eu também fiz pipoca suficiente para durar por pelo menos três filmes. Então, quando você estiver pronta..."
                   
Juliette mordeu o lábio. "Na verdade, pode esperar um pouco? Eu quero enviar uma mensagem pro meu pai desejando um Feliz Natal. Não deve demorar muito."                     

"Até daqui a pouco então." Carla fechou a porta ao sair.
                 
Juliette olhou novamente para fora da janela. O homem permanecia inabalável em suas tentativas de limpar a chuva de sua varanda e Juliette invejou brevemente sua determinação.                 

Ela foi para a cama e sentou-se, enviando uma breve mensagem de Feliz Natal para seu pai, desejando-lhe o melhor. Embora soubesse que Carla estava esperando por ela, ela resolveu abrir sua caixa de entrada para responder o último e-mail de Sarah.                   

Querida Sarah,                  

Espero que esta véspera de Natal seja boa para você. Eu não posso escrever muito porque Carla está esperando por mim para a nossa maratona de filmes de Natal e eu realmente tenho que descobrir uma maneira de me desfazer sutilmente do café com cenoura e vodka que ela me fez, mas eu realmente queria desejar um Feliz Natal, caso eu acabe tendo que beber isso e amanhã não esteja mais viva para lhe enviar um e-mail.

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora