The blind side of love

4.7

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Sarah levantou os olhos do livro que estava lendo, sua atenção desviada das páginas por conta dos gritos e risos do outro lado do avião. Higor e Arthur estavam ao redor torcendo enquanto Carla e Juliette disputavam um braço de ferro. Por um bom tempo, pareceu que ia ser um empate. Mas, então, Juliette soltou uma gargalhada e puxou o braço de Carla para baixo. Mais aplausos surgiram, e Sarah sorriu, satisfeita com o resultado.
                     
Ela observou Juliette mais um pouco, contente que sua namorada estava sendo o centro das atenções, apesar de que uma parte dela desejava que elas estivessem sozinhas. Tinha sido um longo fim de semana. As filmagens tinham ido até tarde da noite no domingo, e ela não viu mais Juliette depois do trajeto de volta pra casa no sábado. Ela sorriu brevemente com lembrança dos olhares curiosos e questionadores de Carla. Foi uma carona agradável, apesar de um pouco estranha.
                    
Juliette contou tudo para Carla naquele dia. No domingo, contou para Higor e Miguel. E agora lá estava ela, com todos os detalhes de seu relacionamento e a verdade sobre Sarah Andrade, finalmente revelados.
                     
Sarah sabia que deveria sentir medo, ou talvez preocupação que o seu segredo mais bem guardado pudesse rapidamente se tornar algo de conhecimento público. Ela esperava sentir pânico com a perda repentina de controle, mas ela se sentia... calma; aliviada. Pela primeira vez desde que aceitou para si mesma que nunca iria se apaixonar por um homem, ela se sentia... livre. Pela primeira vez em muitos anos, ela sentiu como se estivesse fazendo algo que seria motivo de orgulho para sua avó.
                     
Thais se sentou na poltrona ao seu lado, de repente. "Tá anti-social, hoje?"                     

"Não, só queria ler."                    

"Podemos falar de negócios por um momento?"                   

Sarah deslizou um marcador entre as páginas do livro. "Diga."
                
"Eu preciso saber quais são seus planos."   
                 
"Meus planos?"
                    
"Sobre você e Juliette." Ela baixou a voz. "Eu acho que nós precisamos sentar com Roberta e traçar um plano de ação."
                    
Sarah franziu a testa, percebendo que essa não era uma conversa que ela queria ter. Ela virou a cabeça e olhou para o vasto céu sem nuvens. Sua sensação de liberdade vacilou. Depois de um longo momento, ela disse: "Você sabe o que minha avó me disse um dia antes de morrer?"
                  
"O quê?"
                    
"Ela me disse que eu tinha que aprender a ser eu mesma, independente da fama."      
              
"E você aprendeu?"
                    
Sarah suspirou, se voltando para Thais. "Não, porque eu não consigo separar as duas coisas, e, aparentemente, ninguém consegue, ou você não estaria aqui me pedindo para discutir minha vida pessoal com a minha assessora." Ela olhou para longe novamente. "Eu não quero mentir sobre quem eu sou."     
             
Thais hesitou, mas disse: "Sarah, eu entendo. Você está apaixonada. E quer gritar aos quatro ventos para que o mundo inteiro possa ouvir. Mas é mais complexo que isso e você sabe. Reflita, por um segundo, que você sair do armário causaria um surto na mídia e provavelmente arruinaria suas chances de estrelar 'A ponte para o amanhã'. Você diz ao mundo que está namorando Juliette e a imprensa não vai a deixar em paz. Você realmente quer que ela tenha que lidar com isso tão cedo em seu relacionamento? Vocês estão juntas faz o que, cinco dias?"
                    
Sarah olhou para Juliette, se sentindo mais leve ao vê-la. Mais do que tudo, ela queria fazer Juliette feliz, mas ela não saberia como fazer isso se continuasse vivendo uma mentira. Para Thais, ela disse: "Eu não estou dizendo que eu quero gritar isso aos quatro ventos. Eu estou dizendo que não quero mais mentir. Não diretamente. Não quando eu posso evitar. Por exemplo, chega disso de fingir que eu e o Arthur namoramos. Eu quero que seja esclarecido que nós somos apenas amigos."