4.1

684 97 165
                                    

Atualização dupla pra vocês (comentem bastante, eu agradeço)

Curta e comenta

*****
                            
A luz do sol deixava sombras em todo o tapete preto da limousine enquanto o veículo andava pelo trânsito de meio-dia do Rio de Janeiro, e Sarah observou os sombreamentos no chão com um certo interesse antes de deslocar seu olhar para a janela. Ela e Juliette iriam jantar juntas. Não era nada demais, certo? Jantar parecia algo seguro a se fazer. Mas não havia nada de seguro em como ela estava animada pra isso e, principalmente, não havia nada de seguro em como ela se sentia por Juliette.                  
"As fotos de hoje ficaram ótimas, por sinal."
                   
Sarah não disse nada. Ela não sabia como expressar que ela não se importava se tinham ficado ótimas ou não.
                    
"E a fotógrafa era muito gostosa, não era?" Thais continuou, enquanto mexia em seu celular. "Qual era o nome dela? Era um nome exótico, eu acho."
                   
"Jaínny." disse Sarah, e quase sorriu.
                   
"Ainda assim, ela era gostosa."
                 
Sarah não tinha notado. Ela se lembrava vagamente de luzes brilhando sobre ela e da voz da mulher a guiando durante o ensaio, enquanto ela tentava manter uma pose fotogênica. Ela lembrava principalmente de pensar em Juliette o tempo todo. "Como você fez isso?"
                   
Thais franziu o cenho quando olhou por cima de seu celular. "Fiz o quê, exatamente?"                     
"Me superou." Sarah olhou fixamente para a amiga, procurando a resposta em seus olhos. "Você disse que gostava de mim antes... como você me superou?"
                  
"Sério que você está me fazendo essa pergunta?" Thais soou tanto assustada quanto envergonhada. Ela desviou o olhar, como se debatesse se devia ou não responder. E então, "Não há nenhum segredo pra isso Sarah. Não existe uma forma de superar alguém." Ela olhou para o telefone de novo, mas não fez nenhum movimento para voltar a digitar nele. "Estou supondo que é o que você está realmente perguntando."
                  
"É," Sarah admitiu e o pensamento de que ela poderia ter ofendido Thais entrou em sua mente. "Sinto muito. Eu não deveria ter perguntado isso."
                    
"Não importa."                    

"É claro que importa. Seus sentimentos são importantes para mim. Mesmo os que eu não sabia sobre na época."
               
Thais não respondeu de imediato, e o som do tráfego caótico preencheu o silêncio. "Sarah, eu não quero que você me leve a mal, mas... você já pensou que talvez você apenas goste de Juliette porque você acha que não pode tê-la? Que talvez só se permita sentir algo por ela, porque você acha que é seguro?"
                    
Seguro, ali estava aquela palavra de novo, e Sarah franziu a testa apenas brevemente antes de descansar a cabeça contra a janela. Ela deixou a questão pairar dentro da limusine enquanto observava a praia no horizonte. Qual era o propósito de encontrar razão para as emoções? Nunca existiria uma completa segurança quando se tratava de sentimentos. Havia apenas a esperança do amor e o medo do amor, e os dois tinham o mesmo peso. "Eu posso querê-la." disse ela finalmente "e ainda ter medo de tê-la."
                  
"Mas você ainda iria querê-la, se estivesse com ela?"
                   
"Sim." disse Sarah facilmente, sabendo que era verdade. "Não que exista qualquer chance disso acontecer."                     

"Você não tem como saber isso."
                   
"Bem, eu prefiro pensar que não tem." Sarah admitiu. "Mesmo que ela goste de mim... mesmo que eu tivesse a esperança de que meus sentimentos são recíprocos... qual o sentido? Ela vai me deixar no final das contas."
                     
"Bem, isso seria uma atitude burra."                     
"Estamos bem sinceras hoje, não estamos?"
                    
Thais se remexeu em seu assento, parecendo séria. "Sarah, você não pode entrar em um relacionamento pensando que não vai durar. Ok, existe uma possibilidade de que ele não dure de fato, mas isso não quer dizer que a jornada até a separação não seja significativa. Só porque duas pessoas descobrem que elas não são feitas uma para a outra depois de meses aturando coisas como histórias sobre robôs mexicanos e anéis penianos, isso não significa que o relacionamento foi um total desperdício de tempo."

The blind side of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora