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maria point of view
condomínio campo belo

escuto a campainha tocar e me dou conta de que convidei a iara pra vir me visitar e já nem lembrava mais. caminho até a porta e mordo o lábio inferior me preparando pra escutar ela fazer o maior drama da vida dela. abro a porta branca a minha frente e dou de cara com a ruiva, me encarando aparentemente brava.

— não acredito que você esqueceu que eu vinha – entrou reclamando e eu ri fraco — nossa, maria julia!
— não foi de propósito, 'tava dormindo e nem vi o tempo passar – falo soltando do abraço — desculpa, amiga.
— vou pensar no seu caso – diz entrando e se senta no sofá — mas diz aí, como você 'tá?
— bem, e você?
— muito bem, você nem imagina o quanto...
— bem que eu imaginei, 'tá com uma carinha feliz – ri — aprontou o que?
— como assim cara? – ri levantando as mãos em rendição — fiz nada.
— nem vem que eu te conheço iara – me jogo no sofá — fez alguma coisa que eu sei.
— tenho ótimas notícias pra te dar – sorri e junta as mãos animada — mas tem que prometer que vai aceitar.
— aceitar o que, iara? – ri — vai me pedir em namoro?
— até parece que eu ia namorar uma feia como você – brinca e eu te dou um tapa leve no braço — brincadeira, mas é um ótimo convite.
— fala logo!
— 'vamo no show do veigh comigo? – fala rapidamente e eu nego automaticamente — qual é cara, por favor amiga! ele começou a me seguir no insta e hoje eu vi que teria show, deve ser o destino tentando juntar a gente e você empatando.
— meu deus, você viaja!
— é sério, amiga.
— iara, eu tenho que estudar – cruzo os braços — minhas notas do semestre passado não estão boas quanto eu gostaria e eu não paro de pensar nisso.
— você já estuda todos os dias e o tempo todo, precisa é de um descanso – gesticula com as mãos — relaxa um pouco, cara.
— tenho medo do meu pai achar que eu relaxei demais – confessei — nao quero isso.
— você sabe muito bem que seus pais só te deram isso aqui porque você é esforçada, se não fosse...
— sou, mas isso não me parece suficiente. as pessoas falam demais e...
— e você é besta por ligar – interrompeu — deixa falarem cara, eu te conheço, sei que o quanto você é foda e dedicada.
— 'cê não 'tá me falando isso só porque quer que eu vá nesse show não, né?
— talvez, quem sabe – rimos — 'tô brincando, mas bem que você podia ir mesmo...
— de jeito nenhum iara!
— você é uma careta mesmo – fez cara feia — por favor, eu imploro! você me deve isso, esqueceu do dia em que eu tive que dar uma desculpa bizarra pra você ir embora daquele date com o estranho?
— aquele dia foi muito engraçado – rimos mais — tudo bem, você me livrou mesmo. que horas temos que ir?
— começa só umas dez. agora vem, vou pegar alguma roupa sua emprestada.
— mais folgada não tem.

ela da de ombros e se levanta do sofá, indo em direção ao meu quarto. fui junto e deitei na cama enquanto ela procurava roupas pelo meu closet. eu real não estava afim de ir nesse show, mas sabia que eu devia uma pra ela e 'tava com pena de recusar. iara é minha amiga pra todas as horas, já me ajudou com várias coisas, sempre fez tudo por mim, não custava nada eu sacrificar os estudos dessa vez por ela. só espero que esse show seja bom e compense minha saída de casa, podendo ficar na minha cama quentinha.

— o que acha desse? – diz saindo do banheiro usando um body branco com decote e uma saia prateada colada — bonito?
— ficou muito lindo! se eu fosse você, ia com ele.
— ficou, né? – encarou o próprio corpo pelo reflexo do espelho — também gostei.
— que bom!
— mas e você, vai com qual?
— ainda não sei, qualquer uma – dei de ombros — depois vejo.
— a não maria, não começa – bateu palmas chamando minha atenção — pode se animar! levanta dessa cama, toma um banho e vai ver uma roupa pra você usar.
— você é sempre chata desse jeito? – falo me levantando e indo até o closet pegar um roupão — deus é mais.
— se acostume, lindona – da de ombros — anda logo que você demora horas pra se arrumar e se depender dessa sua rapidez, só chegamos no show de manhã.
— já tô indo iara, já tô indo.
— ótimo!

iara era sempre assim, não tinha como ficar de cara fechada ou triste quando 'tava com ela, sempre se dobrava em duas se pudesse pra ver os outros felizes. entro no banho e aproveito pra lavar o cabelo, atualizar a depilação e esfoliar meu corpo todo. fazia isso quase toda semana mas ando tão cansada e sobrecarregada, que não tinha paciência pra nada. depois de terminar vou pro closet procurar uma roupa legal. tava um tempinho gostoso em são paulo e eu não faço ideia do que usar, então encarei as roupas a minha frente tentando pensar em algo, até lembrar de um conjunto bem cara de balada que comprei recentemente. vesti o cropped com a manga longa e quase transparente e uma saia preta e decidi que seria ele mesmo. experimentei na loja mas agora achei mil vezes melhor em mim.

— caramba, você 'tá uma completa gostosa – iara diz me encarando — não te vi usando essa roupa ainda.
— é novo, comprei na guess esses dias – sorri e caminhei pro quarto — 'cê tá linda também.
— eu sei amiga, nasci assim – debochou me fazendo rir — vem me maquiar, faz aquela que eu usei no casamento da sua madrinha, ficou bonita demais.
— você gostou mesmo, né?
— como não gostar? nunca recebi tanta resposta de story quando postei foto minha naquele dia.
— sou foda, pode falar.
— claro que é – sorriu e se sentou na cama, enquanto eu pegava as maquiagens — sabe quem mais vai ir?
— quem?
— kevin e leticia.
— sério? não acredito – bufei, entediada — você quem chamou o kevin? garoto insuportável.
— não fui eu, eu sei que você não gosta dele e eu também não – diz — a leticia que deve ter chamado.
— acho que ele fica com ela no sigilo – comecei a aplicar a base na ruiva — mas ela não admite pra mim, deve achar que eu tenho ciúmes ou alguma coisa do tipo.
— e por que teria? foi o maior livramento da sua vida. esse kevin é um bosta, minha raiva de todas as merdas que ele já te fez ainda não passou.
— relaxa amiga, eu realmente nem lembrava disso mais – fui sincera — deixa no passado! ele não vindo direcionar alguma palavra a mim, tudo ótimo.
— ele não teria essa coragem – me encarou — pelo menos eu acho que não.
— também acho, mas sei lá.

[...]

𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.Onde histórias criam vida. Descubra agora