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ghard point of view
honey boate club

tínhamos chegado no lugar onde ia ser o show e eu já pude ver o tanto de gente lá fora esperando pra entrar. já me bateu um puta frio na barriga, então decidi bolar um baseado pra ver se ficava mais tranquilo. 'tava cansado pra 'carai também, quase três dias virado só indo de um show pra outro, mas não posso reclamar, essa foi a vida que eu sempre quis e 'tava feliz demais por estar realizando meu sonho de moleque. apesar de cansado, 'tava contente demais com tudo isso.
o motorista estacionou e eu saí da van, entrando direto no camarim. até pensei que conseguiria cochilar no sofá que tinha ali, mas com esses mano no camarim falando pra porra, tinha nem como. sentei 'numa poltrona por ali e quando olho pra frente, vejo o thiago passar pela porta. ele veio no seu próprio carro, por algum motivo que eu nem perguntei direito, mas tinha a ver com resolver umas fita com a tia miriam.

— chegou o mais lindo!
— já 'tô aqui faz tempo pô – falo e ele debocha, me encarando de cima a baixo — 'tá em paz? conseguiu resolver a fita lá?
— na paz agora, graças a deus – foi em direção a mesa de comida que tinha por ali — 'cê 'tá com uma cara de morto.
— e eu 'tô 'memo.
— se anima 'carai, não viu o tanto de mina bonita lá fora não? – g.a diz, todo empolgado — que benção.
— ainda não parei pra analisar – falo e ri malicioso, fazendo os cara rir também — mas já estou me acostumando com isso, é a vida de artista.
— é por isso que eu chego motivado – g.a diz se sentando em uma das poltronas — mas mano, mudando de assunto, onde o maluco do koda foi? um dos organizadores 'tá procurando ele a 'mó cota.
— sei lá, disse que ia lá fora buscar umas mina – falei, dando um trago do cigarro de maconha — mas já faz tempo 'memo.
— mina dele?
— acho que não – explico rindo — lembra daquele ruiva que ele fez amizade e chegou falando naquele dia? deve ser ela.
— eu lembro, ele só sabia falar disso mesmo – foi a vez de thiago — mas eles não ficam?
— pelo que eu saiba não.
— bom saber, meu tipo ela – ele disse esfregando as mãos e eu ri — vai falar que não acha ela bonita?
— feia não é, mas não é meu tipo – fui sincero — aí ó, foi só falar nele...
— manda o papo – koda diz assim que entra no camarim — fofoca?
— gu 'tava aqui falando que você foi buscar sua mina na porta – veigh diz, claramente jogando verde — 'tá namorando e nem contou pra 'nois?
— 'tô nada, 'carai! ela é minha parceira – ri — e hoje veio acompanhada da amiga.
— bonita igual ela? – shandin pergunta, todo curioso — ou nem?
— se duvidar até mais – koda diz —imagina o pai com uma daquela...
— esses cara só sabe falar de buceta – falo me levantando, e vejo geral me encarar estranho — que foi?
— logo você que não fica um dia sem pegar uma diferente falando isso – shandin brinca — 'tá apaixonado, fiote?
— eu nada, 'tô 'suavão disso – ri — 'tô é cansado, querendo ver minha coroa e dormir pra porra.
— nem fala.

foi a última que eu prestei atenção dizerem. caminho de um lado pro outro no camarim, meio ansioso, sei lá, não sei distinguir essas parada. esses dias tem sido assim, show atrás de show e estúdio o tempo todo, mas ainda sim eu ficava nervoso como se fosse a primeira vez. isso era minha vida, eu precisava mesmo dar o melhor de mim sempre e nada mais importava. observei de longe o palco e meu olho foi direto na direção de uma cacheada, cabelo grandão 'memo, ela mexia no celular e não 'tava com uma cara muito boa e o maluco do lado dela devia ser namorado, já que ficava falando em seu ouvido toda hora. mas na boa, acho que a mina não 'tava muito contente não, porquê ignorava legal o mano e ainda olhava para os lados aparentemente procurando alguém. desviei minha atenção dela quando escuto o thiago chamar.

— 'tá dormindo, 'carai? 'tô falando faz 'mó tempo e 'cê moscando aí.
— brisei legal agora – falo e ele ri — mas é o que, 'vamo entrar agora?
— ainda não, ainda 'tão montando os negócio lá, entendi nada que o cara falou – diz coçando a cabeça — maior enrolação, 'cê sabe como é.
— foda.
— é que 'chegamo cedo também – ele comia um pedaço de bolo, que tinha na mesa do camarim — 'tava vendo o que aí?
— só observando o pessoal mesmo.
— 'tô ligado – se aproximou também encarando a plateia — nem te falei, vino falou que ia colar aí depois, junto com o nagalli.
— e você acreditou? – ri — só chegam na hora do after agora, fica vendo.
— papo reto – riu — e falando em after, 'tô pensando em fazer lá na minha casa 'memo, só 'nóis e umas mina.
— acho que eu vou é pra casa, ver minha coroa e dormir, 'tô cansado.
— 'tá é falso! – g.a que diz dessa vez, se aproximando — vai é encontrar alguma mina e não quer falar pra 'nois, que eu te conheço.
— nem é isso – fiz careta e caminhei até a poltrona de novo, me sentando — semana foi 'mó corrida, sei nem como 'ceis aguenta.
— 'tô cansadão também – koda diz — vivendo a base de energético.
— esse é o pique.

ficamos ali trocando um papo resenha até dar o horário do show. sem brincadeira mesmo, pegava bem demais em ficar fumando um enquanto conversava com os cara, bagulho distraia minha mente pra 'carai e me fazia ficar acordado, porque se não fosse, eu ia de berço nessa poltrona aqui mesmo. acostumei com a presença desses mano. desde pivete e convivendo quase todos os dias, quando não é show, é estudio, e quando não tem sesh no estúdio, é casa do veigh. o mano era meu irmão 'memo, de coração, gratidão exala no peito quando eu lembro que as portas que me abriram na cena, foram uma parcela de culpa dele. ele nunca curtiu que eu falasse essas paradas, mas é a realidade, e sem contar a tia miriam, que era minha segunda mãe também.

[...]

𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.Onde histórias criam vida. Descubra agora