maria point of view
condomínio campo belo— como seus pais estão em relação a sua mudança?
— com saudades eu acho – ri — pelo menos é isso que minha mãe diz. já meu pai, parece indiferente.
— tia marcela é tão legal, ainda bem que você tem uma mãe como ela – suspirou — queria eu.
— ela é um amor mesmo. meu pai é mais difícil, 'cê sabe. parece que ele não confia em mim – passei cola no cílios postiços e assoprei pra secar — sempre ficou na minha cola em relação a tudo, agora que 'tá menos pior.
— realmente! ele é mais conservador né, gosta das coisas na linha.
— é sim, mas não posso reclamar, em relação aos estudos, ele foi muito bom pra mim. a decepção dele foi não ter percebido o quão de má fé o kevin era.
— verdade, né? – fala — ele amava o kevin. eu lembro bem.
— amava mesmo, mas quando descobriu do que ele era capaz, quase jurou a morte do menino – rimos.
— errado não 'tá, esse cara fez muita merda pra você. sua mãe quem não gostava dele de jeito nenhum – ri — e nem eu, lembro que falávamos mal dele escondido.
— duas cobrinhas – rimos — mas no final, as duas 'tavam certas.
— se bem que não tinha como saber. ele te tratava tão bem na nossa frente, dizia que ia casar com você e mais um monte de bobeira, foi uma desgraça mesmo.
— credo, vira essa boca pra lá – rimos — qualquer dia vou ir almoçar lá e você vai comigo, minha mãe fica falando que você abandonou ela.
— dramática nem um pouco, né? ela é minha mãe de coração, abandono nunca!
— eu sei iara – me gabei — você não vive sem a gente.
— deixa de ser convencida, garota!eu não me dava bem com kevin, bom, não mais. nós ficamos sério por um tempo, era tudo muito bom e intenso, até ele começar a querer me proibir de ir para os lugares, de ter amigos homens, de usar roupas curtas e esse tipo de coisa. tudo era motivo de briga e com o tempo eu não aguentava mais e decidi terminar pensando que teria paz, mas não foi o que aconteceu. ele me perseguiu por um bom tempo ainda, me achava nos lugares e fazia o maior escândalo. hoje em dia, ele age como se fossemos amigos ou se eu gostasse da presença dele, coisa que não é verdade. um lado meu me pede pra esquecer isso e deixar quieto, já que isso rolou meses atrás e ele finalmente seguiu a vida dele, mas ao mesmo tempo, minha intuição diz pra não confiar e é assim que eu tenho feito.
termino de maquiar iara e sento na penteadeira pra começar a minha. ela foi pra sala tirar foto enquanto eu terminava de me arrumar. a hora incrivelmente sempre passava rápido e eu tinha uma pequena mania de enrolar até ficar atrasada. já não estava muito empolgada pra ir, e a iara dizer que o kevin iria também me deixou mais desanimada ainda.
— amiga, já 'tá pronta? – iara diz entrando no quarto — que isso, que carinha triste é essa?
— só tava pensando em umas coisas – forcei um sorriso — já 'tô, pode ir pedindo uber, só vou colocar meu salto.
— e eu já 'tô me arrependendo de ir com esse – encarou os próprios pés — meu pé já 'tá doendo e a noite vai ser longa!
— vai é? não 'tô sabendo disso.
— claro né maju, te tirei de casa pela primeira vez depois de séculos e você acha que não vamos aproveitar? até parece!
— queria eu ter essa sua empolgação.
— e deveria, vamos ver aqueles gostosos do veigh, g.a e ghard – bateu palmas super animada, enquanto saíamos do apê — vou cantar muito, ficar sem voz.
— eu nem conheço esses meninos direito.
— amiga, conhece sim que você vive escutando as músicas! – diz e eu ri, não era uma mentira — e são lindos demais, nossa senhora! espero que eu consiga entrar no camarim pra tirar foto.
— você é fanática mesmo né.
— fanática é uma palavra muito forte, digamos que eu tenha uma quedinha pelo veigh só.
— quedinha do décimo quinto andar desse prédio? talvez – rimos e entramos no elevador — sabe o que me desanimou? ter que ver a cara de babaca do kevin.
— ai amiga, não deixa esse cara estragar a noite.
— vou tentar.
— tentar?
— é ué – dei de ombros — não garanto.
— não quero tentativa, eu quero atitude – cruzou os braços, me encarando pelo reflexo do espelho — aposto que ele vai ficar calado. e 'cê sabe que eu só 'tô esperando uma oportunidade pra meter a mão na cara daquele otário né.
— não vai arrumar briga no meio do show não iara, pelo amor de deus!
— nossa, maju – finge estar ofendida — acha que eu faria uma coisa dessas?
— eu tenho certeza!
— faria mesmo, mas ninguém precisa saber.saímos do elevador e caminhamos pelo condomínio até chegar na portaria pra esperar o uber, que não demorou muito. entramos no carro, cumprimentamos o motorista e seguimos a viagem. eu morava um pouco distante da casa de show, então em cerca de meia hora estaríamos lá. fomos o caminho todo conversando, iara tagarelando com o uber e eu só rindo dela mesmo. não demorou muito pra chegarmos em frente a boate, pagamos o uber e saímos do carro, indo em direção a fila, que estava lotada de gente, pelo quarteirão inteiro. iara mexeu na bolsa e tirou seu telefone, discando um número na tela.
— 'tá ligando pra quem?
— pro meu amigo, que é amigo do veigh – ri — vou ver com ele se consegue fazer a gente entrar logo. com esse tanto de gente, não vamos conseguir entrar nunca.
— o amigo DJ?
— esse mesmo, eu... oi koda, tudo bem? é a iara – diz pro telefone — então, é que eu 'tô aqui fora com a minha amiga já faz um 'tempão, queria saber se você não consegue fazer a gente entrar mais rápido... jura? que bom, vamos esperar aqui então... 'tá, tchau!
— estamos na fila a um tempão, é? – pergunto quando ela desliga e a mesma ri — uma grande mentirosa.
— eu tinha que fazer um drama né.
— mas e aí?
— ele disse que já vem – diz vitoriosa e eu ri — pediu pra ficarmos por perto.
— você fica com ele?
— que nada amiga, conheci ele em uma boate por aí – diz — muito simpático e tudo mais, mas nunca rolou nada, só amizade mesmo. afinal, já que ele é amigo do veigh, podia me apresentar pro dito cujo né.
— pede pra ele ué – ri — vai que rola.
— 'tá maluca? eu não – diz rapidamente — tenho cara de pau pra muitas coisas mas isso não é uma delas.
— depois de duas doses de tequila, o discurso muda totalmente.
— não explana, majuzinha![...]
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𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.
Romance❝𝗌𝖾 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾𝗌𝗌𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝖾𝗎 𝖿𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝖾𝗃𝗈 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈́ 𝖽𝖾 𝗉𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝖺𝗊𝗎𝖾𝗅𝖾 𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝖽𝗈 𝖼𝗎𝗋𝗍𝗈, b𝗈𝗅𝗌𝖺 𝗇𝗈 𝗈𝗆𝖻𝗋𝗈, 𝖼𝗁𝖾𝗂𝖺 𝖽𝖾 𝗆𝖺𝗋𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗈 𝗊𝗎𝖾𝖻𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗁𝖾...