maria point of view
av. juscelino vargasapós colocar o endereço pra ele no waze, relaxei meu corpo no banco e suspirei 'tão fundo que tenho certeza que ele escutou. estávamos em silêncio desde que saímos da casa do thiago e aquilo me incomodava, não sei bem o motivo, mas não era confortável. senti ele me encarar por um tempo e quando encarei de volta, ele desviou a atenção pro volante.
— presta atenção na estrada.
— confia 'carai, o pai é o toque – diz convencido me fazendo rir — 'tá desmerecendo?
— jamais, só acho que você 'tá chapado o suficiente pra bater esse carro com nós dois dentro.
— eu nem 'tô chapado assim – diz e ri, me fazendo rir também — talvez eu esteja, mas 'tá suave.
— acredito muito. o que eu não acredito é que 'tô indo pra casa de carona com um estranho as quatro da manhã em são paulo.
— nem 'tão estranho assim, eu te conheço faz algumas horas – deu de ombros — e você já me conhece de antes.
— e isso é tempo suficiente desde quando?
— relaxa, parceira. eu sou eu né, mas se fosse outra pessoa 'cê não deveria confiar 'memo não.
— pois é, né. não tenho nada a perder mesmo – ri, brincando com o cinto de segurança — esqueci de te perguntar...
— o que?
— é caminho pra você ir pra casa ou você vai voltar pra casa do veigh?
— é caminho – diz e eu assinto — nem se eu fosse muito corajoso voltaria tudo isso. já bebi demais essa semana, tenho é que dar uma sossegada.
— vida de show é isso, né? – pergunto e ele assente — deve ser cansativo mesmo, mas pelo menos 'cê trampa com o que gosta.
— papo é esse – diz concentrado na rodovia — mas aí, 'cê não 'tá com fome não?
— um pouco – ri — não como nada já faz horas.
— bora passar em um drive-thru?
— pode ser.sorri fraco e ele assentiu. eu queria ir pra casa mas a fome 'tava me matando, então não me importei. só se vive uma vez mesmo, o máximo que pode acontecer é eu virar camisa de saudade, então ainda 'tá de boa. mas pensando bem mesmo, isso era loucura, eu jamais aceitaria carona de qualquer outra pessoa ainda mas essas horas, mas com ele era diferente, não sei explicar, ele me parecia uma pessoa inofensiva. não demorou muito pra passarmos no burguer king, pedimos o mesmo lanche e bebidas e ficamos esperando. ele recebeu os pedidos e me entregou, o resto do caminho todo fomos comendo e conversando umas bobagens, ele era totalmente aleatório e as vezes fazia umas graças, que me fazia rir igual uma criança. só achava intrigante a forma como ele não contou nem um pouco da vida pessoal dele. mas da pra entender, né? ele não ia se expor assim pra uma estranha. agora beijar, já não parecia um problema pra ele...
fomos o caminho todo assim, até ele parar em frente ao meu prédio.
— 'tá entregue, parceira – ele diz, tombando a cabeça no apoio do banco — tudo certo?
— tudo 'certinho – ri — obrigada mais uma vez, por me livrar do kevin e pela carona. não tenho nem como te agradecer.
— precisa agradecer não, faria isso quantas vezes fosse preciso.
— que gracinha você – falo e ele faz careta, pego minhas coisas me preparando pra sair do carro — me passa seu pix aí 'rapidinho, vou mandar o dinheiro dos combos.
— 'tá loucona? não vou aceitar não.
— ué, o que tem? você me trouxe em casa e não vai me deixar pagar o lanche?
— quer me compensar 'memo? – ele diz e eu encaro ele, prestando atenção — cola no show de um parça meu essa semana, vai ser o primeiro dele, 'vamo levar geral pra lotar a casa e deixar o menor feliz.
— nossa, isso é muito precioso – digo e ele faz careta, me fazendo rir — mas eu topo sim, acho que eu te devo uma. vou levar a iara comigo, tudo bem por você?
— suave! o thi deve chamar ela também.
— então 'tá bom, que dia mesmo?
— depois de amanhã.
— combinado então – sorri pegando minhas coisas e abrindo a porta do carro — obrigada de novo e vai com deus.
— 'tamo junto.
— tchau!
— tchau parceirinha.ele diz por fim e eu saio do carro, carregando minhas coisas. atravesso a rua e entro no prédio, só então escuto o carro partir. entro no elevador e me encaro pelo espelho, 'tava processando o que tinha acabado de acontecer. que noite conturbada e aleatória, cara. e pensando por esse lado, até que valeu a pena ter ido nesse show de última hora com a minha amiga maluca. ri sozinha de mim mesma e entrei no meu apartamento, jogando minhas coisas no sofá e indo direto pro banheiro.
tomei um banho longo e fiz minha rotina de skincare como sempre. coloquei um pijama mole e fui pro meu quarto deitar. liguei o ar condicionado e televisão em um seriado que eu 'tava a meses tentando terminar de assistir. pensei em mandar mensagem avisando a iara que eu tinha chegado mas 'tava 'tão cansada que nem toquei mais no celular, ela deve estar bem e super ocupada.
[...]
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𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.
Romance❝𝗌𝖾 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾𝗌𝗌𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝖾𝗎 𝖿𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝖾𝗃𝗈 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈́ 𝖽𝖾 𝗉𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝖺𝗊𝗎𝖾𝗅𝖾 𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝖽𝗈 𝖼𝗎𝗋𝗍𝗈, b𝗈𝗅𝗌𝖺 𝗇𝗈 𝗈𝗆𝖻𝗋𝗈, 𝖼𝗁𝖾𝗂𝖺 𝖽𝖾 𝗆𝖺𝗋𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗈 𝗊𝗎𝖾𝖻𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗁𝖾...