maria point of view
condomínio riserva golfele tombou a cabeça pra trás no sofá e continuou ali, encarando o teto. pensei em falar alguma coisa, 'tava gostando de conversar com ele, mas fiquei com medo de parecer invasiva ou coisa assim. ele com certeza 'tava chapado já que os olhos estavam mais pequenos do que o normal, vermelhos e ele ria de tudo. mas podia ser sono também, sei lá. o menino parecia confortável, o que me deixou mais tranquila. não deixei de reparar o quanto ele era bonito, o sorriso principalmente e o cabelo, meu deus, o cabelo. tinha luzes e um corte que eu não sei como se chama, mas ficava bem nele. o cabelo espetado, o cavanhaque e o piercing no nariz era um charme, mas não mais que o olho puxadinho.
ficamos um tempo em um silêncio confortável até eu escutar os barulhos do salto de iara se aproximando. ela caminhou até o sofá onde eu estava e fez um sinal com a cabeça apontando pra ghard, como se quisesse perguntar o que ele 'tava fazendo ali. o garoto permanecia com os olhos fechados, dormindo sentado. dei de ombros e ela riu, se sentando do meu lado.
— você ficou com ele? – pergunta sussurrando.
— não – ri — só conversamos.
— pois se eu fosse você ficava, uma oportunidade dessas não se perde.
— que oportunidade, garota? – quase sussurro também — não estávamos flertando não, ele só conversou comigo, como duas pessoas conversam normalmente.
— não 'tavam flertando aqui mas na hora do show 'tavam, né? que engraçado isso.
— pronto, lá vem você de paranoia.
— eu vi tudo, não sou doida – deu de ombros — o jeito que ele te encarava e quando você sumia da vista dele, ficava procurando.
— isso é bem coisa da sua cabeça.
— tenho certeza que não!
— sabia que o veigh 'tá afim de você? – falo de repente, afim de mudar de assunto e ela me fita surpresa — ghard me contou agora a pouco.
— e por que ele não chega em mim?
— não sei ué – ri — deve estar criando coragem, ele pareceu bem tímido.
— diferente desse aí né, que faz as coisas na maior cara dura – rebateu apontando pro ghard e eu repreendi ela com o olhar — que foi, eu menti?
— fala baixo – neguei com a cabeça, envergonhada. e logo thiago aparece pela sala de repende — e falando nele...
— o que rolou com o gu? – veigh pergunta, com um copo de bebida em uma das mãos — morreu?
— acho que sim – iara responde e ri — deitou e capotou, pelo visto.
— normal dele 'memo – ele diz e toma um gole do seu copo, encarando iara — se sua amiga não se importar, posso te tirar dela pra gente trocar uma idéia lá fora?
— não me importo – digo sorrindo largamente — vai lá amiga.
— tudo bem – me encarou e eu fiz um gesto pra ela ir. thiago pegou na mão de iara e saiu na frente, enquanto ela fazia várias expressões como se tivesse comemorando, me fazendo rir, mas ela logo se recompõe — não demoro.
— sei...
— o cara é tímido mas é ligeiro 'memo, né – ghard diz de repente, me assustando levemente — bem que dizem...
— você não 'tava dormindo?
— 'tava, mas acordei.
— e por que você não vai pra casa descansar?
— preciso saber se 'cê vai chegar em casa bem – diz e me encara, me deixando envergonhada — já que não quis aceitar minha carona.
— eu vou ficar bem – ri — não precisa se preocupar.
— suave, mas não vou embora.
— tudo bem então – sorri e encarei meus pés, pensei um pouco e tirei o sapato, 'tava doendo demais — ufa, libertador.
— por que as mina usa essas paradas se sabe que machuca? – pergunta rindo, tirando um beck já bolado do bolso — não faz sentido.
— porque é bonito ué – dei de ombros — eu gosto de usar, mesmo machucando.
— 'tendeu – diz dessa vez acendendo o beck, antes de colocar na boca, me oferece — quer?
— quero não, obrigada.
— você não fuma?
— eu tenho cara de quem fuma? – pergunto divertida e ele ri — só experimentei uma vez, mas não curti.
— não tem cara, mas nunca se sabe – deu de ombros — na verdade, eu deveria imaginar. 'mó carinha de princesinha do papai.
— talvez.
— então acho que esse rolê aqui não é sua praia – traga o baseado me encarando, juro que pude sentir meu corpo estremecer, ele era muito atraente — 'tô certo?
— na fase que eu 'tô, rolê nenhum é minha praia – fui sincera, tentando ignorar a tentativa descarada de flerte dele — 'tô preferindo ficar em casa, mas a iara me perturbou tanto pra ir nesse bendito show que eu acabei cedendo.
— vou agradecer ela por isso então.encarei meus pés, sentindo minhas bochechas queimarem de tanta vergonha. ele tinha mesmo cara desses meninos extrovertidos, carismáticos, sabe? que ganham na lábia. claramente um cafajeste que conquistaria qualquer mina na balada. ele continuou fumando enquanto eu só encarava os móveis daquela sala esperando o tempo passar. não queria ser a amiga empata foda mas 'tava real querendo ir pra casa e torcendo pra iara não demorar muito. fiquei feliz que ela 'tava ficando com ele, só eu sei o quanto essa garota é maluca pelo thiago. sabe todas as músicas de cór e fala o tempo todo do quanto ele é lindo e mais um monte de coisa. agradeci mentalmente ao universo quando ela apareceu, vindo na minha direção e me fazendo reparar rapidamente ao redor de sua boca, toda borrada de batom.
— quer que eu chame a polícia? – falo rapidamente e escuto ghard rir — misericórdia!
— para com isso, maria julia – iara diz rindo, se aproximando mais e falando baixo — amiga, ele me pediu pra passar a noite com ele...
— e você vai?
— não sei – me encarou — você se importa?
— não me importo, mas você veio comigo né, não queria te deixar sozinha.
— amiga, é bem perto do meu apartamento – fala — comigo não tem perigo. eu fico preocupada com você mesmo, mora do outro lado do mundo e vai ficar me esperando? é paia.
— é, tem razão.
— quer que eu chame um dos meninos pra te levar de van? tenho certeza que o koda não se importaria.
— eu peço um uber ou coisa assim, não se preocupa – falo e ela assente — relaxa.
— você quem sabe, mas qualquer coisa me manda mensagem — diz pegando sua bolsa em cima do sofá e me dando um abraço — e avisa quando chegar em casa.
— aviso sim – sorri largamente — aproveita e toma cuidado.
— vou aproveitar, pode ter certeza!ela diz com certa malícia e eu sou obrigada a rir, junto com ghard. ela subiu as escadas com thiago e eu peguei o meu celular na bolsa, me preparando pra chamar um uber. entrei no aplicativo e solicitei um motorista, o valor 'tava bem mais caro do que o normal e mesmo assim não achava nenhum. bufei já irritada, nem me dando conta de que não estava sozinha no cômodo.
— não é jogando praga nem nada – ghard diz — mas tu não vai achar uber não.
— não tem essa opção, preciso achar.
— por que você não aceita minha carona logo?
— porquê não precisa – respondo simples — sem contar que você 'tá todo mole aí, eu prezo pela minha vida, não quero morrer cedo não.
— acha que eu ia dirigir se soubesse que não 'tô bem pra isso? – fala e eu dou de ombros — 'vamo logo, parceira.
— tem certeza que não vai te atrapalhar?
— absoluta, bora!
— então 'tá bom.peguei minhas coisas e segui ele até a parte de fora, pensei que ele fosse se despedir do pessoal que estava no fundo na casa mas não, fomos direto pra garagem do thiago, onde tinha alguns carros. chuto que seja das visitas, ou ele 'tá pensando em abrir uma concessionária, porque não era pouco carro não... depois de andar um 'pouquinho, caminhamos até um range rover azul marinho, que eu chutava ser do ghard já que em uma leve stalkeada que dei no seu perfil a um tempo atrás, vi a foto que ele postou com a mesma. muito bom gosto, era linda.
[...]
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.
Romance❝𝗌𝖾 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾𝗌𝗌𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝖾𝗎 𝖿𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝖾𝗃𝗈 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈́ 𝖽𝖾 𝗉𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝖺𝗊𝗎𝖾𝗅𝖾 𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝖽𝗈 𝖼𝗎𝗋𝗍𝗈, b𝗈𝗅𝗌𝖺 𝗇𝗈 𝗈𝗆𝖻𝗋𝗈, 𝖼𝗁𝖾𝗂𝖺 𝖽𝖾 𝗆𝖺𝗋𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗈 𝗊𝗎𝖾𝖻𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗁𝖾...