ghard point of view
hotel la vie— ô gu, esqueci de perguntar, eu...
— gu não, larissa. ghard – interrompo ela — é difícil pra você me chamar pelo vulgo igual geral chama?
— ai que besteira isso – ela revirou os olhos, se jogando na cama ao meu lado, ainda sem roupa — faz uns seis meses que a gente fica e você ainda age como se eu não te conhecesse.
— ué e 'cê conhece?
— claro que conheço.
— aham – continuei minha concentração no baseado que eu bolava — o que 'cê ia falar?
— que eu vou no show do boaventura amanhã também.
— vai, é? mas quem chamou? – pergunto e sai mais grosseiro do que eu achei que sairia — eu não fui.
— já me acostumei com esse seu jeito grosseiro mesmo – deu de ombros — e ninguém me chamou, eu vou porque parece que vai ser legal. você e os meninos estarem lá foi só uma coincidência.
— se foi coincidência como você sabe que vai o bonde todo?
— e você sai sem seu bonde por acaso? – diz concreta — não sou nenhuma psicopata não, ghard.
— é nada, 'cê é suavona!
— senti que isso foi em tom de deboche – ela fala e eu seguro o riso. passando a língua na ceda pra fechar o baseado — mas então, vocês vão pegar camarote?
— provavelmente.
— ai, que bom! aí não preciso ficar em pista no meio de muvuca – diz e eu franzo a testa — ué, que cara é essa? vou ficar junto com você lá.
— ô larissa, não viaja né – falo antes de acender o beck — 'cê quer ir, vai, mas não foi convidada por mim, então comigo não vai encostar.
— ué, gê. pensei que você quisesse me ter por perto – ela diz e eu fui obrigado a rir — ri não, idiota! eu vou levar umas amigas, pensei até que a gente podia fazer um negócio a mais.
— mas isso aí a gente resolve depois do show, loirinha.
— adoro quando você me chama assim.
— eu sei.falo e ela sorri, chegando mais perto e me dando beijos no pescoço. não precisava de muito pra ela ficar em cima, só chamar de um apelidinho brega e comum que ela ficava assim, grudenta. as vezes eu até me arrependo, isso de grude nem é comigo. na verdade, eu nem ia colar pra cá com essa doida, mas 'tava de bobeira em casa e ela já 'tava na voz a uma cotinha, mandando mensagem e ficando no vácuo. nem era de propósito, na real, só não era minha prioridade responder e por isso ficou por lá. mas larissa era 'suavona, tirando quando ela 'tava pra ódio e ficava fazendo merda e testando minha paciência. mas o bom dela era quebqualquer hora que eu acionasse, ela encostava e fortalecia. vinha com uns papo de pagar de casal de vez em quando, mas tirando isso, dava pra aturar.
— se não for incômodo, 'cê pode me dar carona?
— por que não pede um uber? eu passo meu cartão.
— não é por isso – se afastou, apoiando a cabeça na minha barriga — eu sei que 'cê paga, mas queria que me levasse.
— e virei uber agora? – pergunto e ela me dá um tapa fraco no braço — levo ninguém no meu carro não fia.
— nossa, engraçado isso – ela diz parecendo se lembrar — porque pelo que eu me lembre, me mandaram um comentário seu na foto de uma garota do cabelo cacheado esses dias, em que você dizia as seguintes palavras: "quando posso te dar carona de novo?"
— o que tem a ver o cu com as calças? – falei e ela se afasta, espremendo os olhos — não vem me cobrar ciúmes não, larissa. tenho nada contigo, dou satisfação nem pra minha mãe.
— não 'tô cobrando, gê. só pontuei.
— pois pontue na sua cabecinha, não vem falar lorota pra mim – dou o último trago no beck e jogo a ponta no cinzeiro que tinha ali — 'vamo a última pra eu poder ralar.
— nossa, parece até que eu sou um objeto.
— 'cê não quer?
— lógico que quero, eu só...
— então vem.digo e ela revira os olhos, mas não pensa duas vezes. como eu já disse, não era fácil fazer ela cair no meu papo, na real que eu nem precisava mandar papinho nenhum mais, isso era no começo. agora eu tenho a hora que eu quiser e eu gostava disso. ainda tem quem diga que vida de artista não é uma maravilha. e eu nem precisava pagar ela por isso, mas, eu fazia a boa só pra ela sentir que tem uma 'importânciazinha a mais, ou sei lá, gastar o meu dinheiro sem peso na consciência de ter sido usada pra isso antes.
[...]
— mãe, 'tá aí?
— oi meu amor – minha mãe sai da cozinha, com um pano de prato no ombro — achei que ia dormir fora.
— nada, fui só dar um rolê – digo tirando os pertences do bolso e botando em cima da mesa — 'tá cozinhando essa hora? vai dormir, coroa.
— eu não 'tava conseguindo – diz e eu ri — aí vim fazer bolo pra tomarmos café amanhã.
— nossa, mas pra que esse tanto de bolo? – falo vendo as duas formas dentro do forno, assando — quem vem pra cá?
— chamei os meninos, 'tô com saudade deles.
— 'carai, mãe, esse bando de animal, vai sobrar é nada nessa casa – falo e ela ri, vindo me abraçar — quer ver aquela série que tu gosta comigo não? faltam só dois episódios pra acabar.
— a do professor e da tokyo?
— aham.
— ai, eu quero – diz empolgada — 'tô com um ranço daquela policial grávida, que deus me perdoe viu...
— ela é chatona 'memo – ri, dando um beijo no topo da cabeça dela — então 'pdp, vou só tomar um banho 'rapidão.
— vai mesmo, meu amor – ela me larga — 'tá fedendo a sexo.
— que isso, mãe?
— ué, é verdade.ela diz e ri, me fazendo rir também. minha mãe perdia a linha quando o assunto era sinceridade, 'bichona falava tudo na lata 'memo e eu achava era graça. sai da cozinha e fui direto pro banheiro, tomar uma ducha. pior que quando eu saía pra pegar alguma mina assim, minha mãe já até sabia. eu não ia ficar falando esses bagulho né, sem necessidade, mas não tem como, mãe é mãe e eu não sabia como, mas ela sempre 'tava a par dessas fita minha. de vez em quando até alugava minha 'oreia falando que eu fazia as mina de besta e só procurava pra isso, mas, o que dois não quer, dois não faz, então não é só culpa minha, dona carla.
[...]
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𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.
Romance❝𝗌𝖾 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾𝗌𝗌𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝖾𝗎 𝖿𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝖾𝗃𝗈 𝖾𝗅𝖺 𝗌𝗈́ 𝖽𝖾 𝗉𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝖺𝗊𝗎𝖾𝗅𝖾 𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝖽𝗈 𝖼𝗎𝗋𝗍𝗈, b𝗈𝗅𝗌𝖺 𝗇𝗈 𝗈𝗆𝖻𝗋𝗈, 𝖼𝗁𝖾𝗂𝖺 𝖽𝖾 𝗆𝖺𝗋𝗋𝖺 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗈 𝗊𝗎𝖾𝖻𝗋𝖺𝖽𝖺 𝖼𝗁𝖾...