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ghard point of view
vila madalena

tava suave em casa quando a maju me manda mensagem convidando pra almoçar na casa dela, junto com os parceiro e a iara. eu não ia recusar, né? minha mãe não estava em casa e eu teria provavelmente que almoçar fora de qualquer jeito, então só coincidiu mesmo.

hoje fez dois dias desde quando eu fiquei com ela. não mandei mensagem e ela muito menos, mas por mim 'tava bom assim, foi só uma ficada 'memo e já era. e depois de sair de lá, naquela mesma noite, eu desci pro apartamento da larissa, que tinha me mandado mensagem dizendo que queria me ver e não sei o que. não ia recusar também né, 'tava afim de pegar alguém e no fim ela ainda tinha chamado mais duas amigas. eu achei até que me sentiria mal de ter saído da casa de uma pra ir pra casa da outra, mas não, na verdade foi indiferente pra mim. eu 'tava acostumado a fazer esse tipo de coisa, então a consciência já nem pesava. e pode me achar escroto o quanto for, esse era meu jeito e sinceramente? isso nunca vai mudar.

fiz o que tinha que fazer e deixei minha mãe avisada que só voltaria mais tarde. a coroa fez questão de perguntar onde eu iria, e depois de eu responder, ela me mandou passar pra comprar uma sobremesa prq levar. é mole? fechei tudo e saí de casa, caminhando até meu carro e indo até o destino. antes de chegar lá, passei em uma doceria que tinha perto e peguei o primeiro doce que eu vi na vitrine, só pra minha mãe não encher minha cabeça mais tarde.

[...]

— opa, cheguei muito tarde?
— chegou não – maju diz e me da um sorriso largo, fazendo sua covinha nas duas bochechas aparecerem — entra aí, acabei de tirar a parmegiana do forno.
— é nada que 'cê veio 'memo – g.a diz, assim que eu passo pela porta — trouxe nem um 'bolinho de sobremesa, 'tá folgado hein.
— ó você errado – digo enquanto cumprimentava geral — eu trouxe, mas esqueci no carro.
— você jura? – maju pergunta — não precisava.
— te juro! eu conheço esses cara, se eu chegasse de mão abanando ia escutar até umas hora – digo e ela ri — mas não é bolo, é pudim.
— nossa, meu doce favorito – maju diz sorrindo largamente — acertou em cheio.
— eu sei das coisas.
— engraçado que o g.a disse a mesma coisa a uns minutos atrás.
— é que ele me copia.
— que isso, gê – g.a faz drama — achei que 'nóis era parceiro.
— 'nóis é, irmão – abraço ele de lado — 'cê sabe.
— então me dá a chave do seu carro pra eu dar rolê com uma mina hoje.
— nem fudendo!

sentamos todos juntos na mesa, a maju tinha feito uma mesa 'mó chique, mais de um prato e os 'carai. se pá que eu nem sabia pra que usava cada prato e talher ali, e conhecendo os meus amigos, eles também não, então 'tava suave. cada um se serviu e começamos a comer.

— 'nu, que comida boa maju!
— gostou mesmo? – maju pergunta pra g.a, que concorda no mesmo instante — ai, que bom! fico feliz.
— fala isso não gente – iara diz — que ela fica se achando depois.
— fico mesmo!
— e tem que se achar 'memo - shandin fala - a mina desenrola!
— só não mais que eu – thiago diz e a gente ri — com todo respeito a você, maju, mas eu dou aulas na cozinha.
— essa eu pago pra ver – maju diz e ri — o próximo almoço é na casa do thiago então?
— 'podepá que é – ele diz — só tem que esperar 'nois voltar de viagem que eu marco.
— aé né mano, 'nóis vai viajar – koda diz — 'tava nem lembrando mais.
— e já decidiram o lugar? – iara pergunta.
— guarujá né pai – g.a diz — não tinha como ser outro destino.
— nossa, lá é lindo mesmo – maju diz —  faz um 'tempão que não vou.
— bora com 'nóis, carai – g.a diz — não fizemos a reserva do hotel ainda, então da tempo.
— eu topo! – iara diz animada — quantos dias?
— uns três ou quatro, 'tamo vendo ainda – thiago diz — 'tô ansioso, vai ser chave.
— né? relembrar os velhos tempos – koda fala — só o ghard que é meio traumatizado...
— ih, mano! nem começa – digo e ele já começa a rir — mas e tu, maju?
— eu não vou – maju diz.
— ué, como assim não vai? – veigh pergunta — por que não?
— ela não gosta de 'nóis – shandiz diz e geral ri — já saquei tudo.
— não é isso – a cacheada ri — só não vou.
— claro que vai, garota – g.a diz — tem nem como isso.
— claro que tem – ri — eu não posso, gente. tenho aula da 'facul, infelizmente não sou eu quem decido as minhas férias.
— mas são só três dias – koda justifica — não vai morrer se perder umas aulinhas só, né?
— na verdade ela vai – iara diz e ri — eu escuto essas desculpas a vida toda, a maju é neurótica com faculdade, é basicamente impossível fazer ela faltar ou qualquer coisa do tipo, mas tentem a vontade!
— nem tentem – maju diz e ri — só se eu conseguisse repor aula depois ou alguma coisa assim.
— então faz isso mano – g.a insistia — nem que 'nois tenha que ir junto com você pra faculdade depois.
— e eu iria 'memo – shandin diz — limpar cocô de cavalo e tudo.
— nossa, shand – maju diz rindo — não é assim também não.
— mais fácil ainda então – g.a diz — então você vai, né?
— vou pensar direitinho sobre isso.

os caras ficaram nessa de tentar convencer a mina de ir junto com a gente, enquanto eu só assistia calado e comia a comidinha, que sem maldade, 'tava boa pra caramba mesmo. ela desenrolava. e mano, a maju ir nessa viagem ou não, não mudava muita coisa pra mim, ela era gente boa, saca? e pelo visto, ainda ia conviver muito comigo. thiago 'tava curtindo a iara e pra isso virar um namoro, não precisa se muito, ou seja, todo rolê que ele for ela vai estar e coincidentemente a maju também. mas é isso né, só fingir que nada aconteceu e vida que segue.

[...]

𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.Onde histórias criam vida. Descubra agora