O confronto

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Termino de arrumar a pequena bolsa de Robert de manhã, pouco antes de sair para trabalhar. Faço muito carinho no meu pequeno e essa noite ainda o deixei dormir comigo, para ele não sentir tanta falta, mesmo que fosse por apenas dois dias. Robert e Lilly ficariam esse tempo todo com Luna, obviamente ela não negou em nenhum momento, principalmente que Jonathan passaria o final de semana com ela.

É claro que ela não reclamaria.

Assim que termino de me arrumar, pego as coisas de Robert e nós dois seguimos até o apartamento 23.

- Bom dia senhora Williams, como está hoje? – A senhora de cabelos grisalhos sorri para mim e deixa um afago gostoso na cabeça de Robert. Não demora muito para que ele adentre o apartamento com decoração antiga e se acomode no seu cantinho.

- Bom dia Agnes. Estou ótima, dormi muito bem essa noite. Sem dores. – Sorri animada e eu retribuo.

- Fico feliz por isso, se a senhora precisar posso comprar os remédios que necessita. Não tenha medo em me pedir. – Ela dá de mãos, como se não se importasse, e eu nego com a cabeça. – Senhora Williams, não esqueça que hoje irei viajar. Quem vem buscar o Robert é a Luna, ok? Ela vai cuidar dele.

- Claro sem problemas minha jovem. Agora vai trabalhar, eu e Robert precisamos colocar nossos filmes em dia. O que você acha de assistir O mágico de Oz? – Robert desfere dois latidos e pula animado nas duas patas dianteiras. Sorrio para a cena e nego com a cabeça.

- Obrigada senhora Williams, desejo um bom dia. – Despeço-me dela e em passos acanhados sigo até a porta do apartamento em frente ao meu.

- Bom dia senhor Quinn. – Falo assim que a porta a minha frente é aberta. Revelando o loiro bem vestido. – Preparado para mais um dia?

- Sempre estou senhorita Collins. – Sorri trancando a porta e juntos descemos os três andares, lado a lado, sem dizer uma palavra se quer.

Ao chegarmos em sua vaga não encontro-me com o familiar Jaguar preto que já estou acostumada, dessa vez uma Mercedes prata estava no lugar. Arquei a sobrancelha confusa.

- Esse é o seu carro "comum"? – Faço aspas com os dedos e aponto em direção ao carro.

Menos sofisticado que um Jaguar, mas ainda sim, um carro de luxo.

- Eu pesquisei, ok? Muitos ciganos tem Mercedes, aliás é a marca favorita deles.

- Realmente... Tio Marcus tem uma Mercedes. – Penso alto, recordando-me do carro que andei tanto na infância.

Ciganos não são pobres como se imaginam, na realidade a grande maioria tem muito dinheiro. O fato de serem nômades ajuda em gastar menos com moradia e dentre outras coisas. Tradições ciganas são basicamente: família, casamento, virtudes e dinheiro.

- Vamos logo madame ou então nos atrasamos. – Como um cavalheiro, que não é, Joseph abre a porta para mim. Negando com a cabeça tento desaparecer com o sorriso, que resolve abrir em meus lábios. Mordo o lábio inferior reprimindo-me.

- Por que sua gravata está sempre torta? Qual seu problema com isso? – Paro de me ajeitar para entrar no carro quando reparo aquela maldita gravata torta. – Você nunca esteve com a gravata assim. – Aproximo-me dele e começo a desfazer o nó ridículo que ali estava, ajeito a gravata do jeito certo.

- Geralmente era minha empregada que arrumava a gravata. – Sua voz era baixa e rouca. Ignoro os arrepios em meu braço, agradecendo por estar usando um casaco. Joseph pigarreia e afasta-se um pouco. – Na verdade ela deixava meio que o nó já feito, eu só precisava colocar e apertar. Mas obrigada Agnes. – Ajeita o terno e então levanta os olhos em minha direção, encarando-me. Consigo perceber ele engolir em seco. – Acho melhor irmos. – Concordo com ele e tão rápida quanto a luz, ajeito-me no banco do motorista.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora