Carona

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Ainda mais irritada, pego uma almofada colorida do sofá e a lanço na parede, acerta em cheio a parede branca lisa e cai fofamente no chão.

Já odeio Joseph o suficiente, por razões que não necessitam de explicações, então não há a mínima necessidade desse filho da puta falar coisas que me feriram e, para piorar ainda mais, aceitar o convite da minha mão por pura birra. Eu não me comporto desse modo quando vou para cama com alguém, especialmente alguém que eu queira, é completamente injusto que o homem engravatado com quem eu trabalho me julgasse dessa forma. E é ainda mais triste eu ter transado com ele novamente e ter gostado tanto.

Idiota.

- Ele é um ótimo partido querida. – Mamãe ignora completamente minha reação irritada.

- Mãe a senhora não deveria ter feito isso! Eu e Joseph não temos absolutamente nada. – Frustrada me jogo no sofá, com os olhos fechados respiro fundo, tentando manter a calma. Sinto o assento ao meu lado afundar e, então a delicada mão de minha mãe acariciar meu rosto carinhosamente.

- Eu sei querida, mas era necessário. – Sinto um beijinho delicado em minha testa, sorrio com o gesto. Mas logo minha testa franze quando interpreto sua fala.

- Como assim necessário? – Ajusto minha postura no sofá, ficando de frente para a mulher que vestia roupas mais coloridas do que uma criança de cinco anos.

- Você jamais sairia da sua concha filha, alguém precisa dar o primeiro passo. Pode ser ele o seu convidado para a festa, ou não. As cartas não especificam quem é, apenas que alguém estará lá. – Diz calmamente segurando minha mão. Engulo em seco e suspiro.

Apenas por um segundo me pego imaginando se tudo que mamãe diz é real, fui criada nesse meio, mas minha crença é defasada. Recupero a razão e lembro que não acredito no acaso, destino e muito menos na sorte. Principalmente que essa última, não tem me acompanhado nos últimos anos.

- Mas mãe... – Suspiro pesado, tentando organizar meus pensamentos confusos. – Não ele, não pode ser Joseph. – Minha voz era baixa e meu olhar vazio, perdido em pensamentos. – Ele... Ele... Apenas ele não.

- Sei que ele é seu chefe. – Miro um olhar assustado em sua direção.

- A senhora viu isso nas cartas? – Pergunto confusa.

- Não, no seu Facebook. Olhei a página da empresa que você trabalha e a cara dele está estampada em muitas fotos. Não sou nenhum homem das cavernas querida, sei usar internet. – Fala sincera e não me aguentando acabo caindo numa gargalhada profunda.

- A senhora é uma comédia mãe, por isso que eu amo a senhora. – Abraço-a lateralmente, sentindo falta dos seus braços ao meu redor, depois de tanto tempo. – Vou tomar um banho, a senhora quer alguma coisa? Sobrou um pouco do jantar.

- Vou apenas preparar um chá para mim meu amor, pode ficar tranquila. Além disso farei companhia para Robert. – Caminha até a bola de pelos deitada confortavelmente, chamando sua atenção. – Ei meu menino, quer um biscoitinho da vovó? – Sorri animada e logo Robert levanta as orelhas super interessado ao escutar sua palavra favorita.

Deixo os dois se divertirem e sigo novamente para meu quarto, observando a bagunça que o coitado se encontra: minhas roupas todas espalhadas pelo chão, incluindo minha calcinha em cima de uma cadeira, a cama amarrotada e o lençol que Joseph enrolara no corpo há alguns minutos atrás estava todo embaralhado no chão. Suspiro olhando o caos e começo a recolher a bagunça calmamente. Depois de alguns minutos ajeito tudo o que é necessário e pego meu pijama, seguindo em direção ao banheiro. Deixo meus pensamentos voarem enquanto a água limpa meu corpo e leva embora tudo o que aconteceu nas últimas horas.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora