A festa

352 30 36
                                    

Acordo incomodada com o raio do sol batendo em meu rosto, além disso o som de alguém, praticamente, espancando a porta do trailer também me desperta.

- Vamos logo Agnes, já está na hora de acordar! - Reconheço a voz de vovó e escuto mais algumas batidas na porta.

Ainda meio sonolenta, mexo-me para alcançar o celular ao lado da cama, mas sou impedida por uma mão grande e áspera rodeando meu seio direito. Confusa, passo a perceber o peso acima da minha cintura, sendo abraçada por ninguém menos que meu chefe. Pigarreio.

- Com licença. - Irritada, tento chamar sua atenção. Já que ele ainda dormia tranquilamente. Sem esperar sua reação, retiro sua mão a força de cima do meu seio e enfim ele abre os olhos, assustado. - Bom dia Bela Adormecida. Como foi sua noite? - Sou sarcástica. Levanto-me da cama apressada e consigo sentir seus olhos sobre meu corpo. Imediatamente sou bombardeada com a lembrança da camisola que estou usando.

- Foi ótima. Tem tempos que não durmo tão bem. - Responde sereno, espreguiçando-se.

- Com certeza, já que dormiu agarrado ao meu seio. - Encaro-o mal humorada. – Seu tarado. Posso te denunciar para o RH! – Ele rola os olhos dramaticamente, enquanto estralava o pescoço.

- Primeiro, que nem foi minha intenção, peço desculpas por isso. - Levanta o dedo indicador, numerando sua fala. - Segundo, se estava tão ruim por que não reclamou no meio da noite? - Ergue uma sobrancelha, desafiando-me. - E por último, não estamos em ambiente de trabalho, então não há como e nem porquê você me denunciar para o RH. - Sorri orgulhoso em minha direção. Maldito advogado. Bufo irritada e sigo até minha mala, escolhendo uma muda de roupa qualquer.

- Levanta-se Bela Adormecida, precisamos ajudar a arrumar a tenda para a festa. - Caminho lentamente e trombando na parede, ainda tentando acordar, até o banheiro.

Realizo minha higiene matinal e troco de roupa, optando por um vestido leve e solto. O sol resolveu dar o ar da graça na Inglaterra, não podemos negar a sua boa vontade. Saindo do banheiro deparo-me com Joseph trocando de roupa, com o tronco nu.

- Você demora mais do que mulher para se arrumar. - Passo ao seu lado, guardando meus pertences em minha mala, no chão. Tento ignorar a visão e as lembranças do seu corpo nu.

- Estou na dúvida de qual camisa usar. - Ergue duas camisetas exatamente iguais. Brancas e sem estampas.

- São idênticas. - Respondo óbvia.

- Sim, mas essa está menos amassada. - Levanta a camiseta da mão direita e sorri timidamente.

- Então qual a dúvida? Ou apenas queria ficar zanzando por aí, mostrando seu tanquinho. - Aponto em direção ao seu tronco nu, que claramente não é um tanquinho. Estava mais para uma pochete fofinha... E com pelos. Sexy.

- Tanquinho... - Bufa e rola os olhos, desacreditado. - Estou mais para um filhote de baleia. - Veste a camiseta bruscamente.

- Bem... Há quem não reclame. - Dou de ombros encarando-o. Consigo enxergar algo brilhar em seus olhos, mas não sei dizer o quê e resolvo ignorar, para o meu bem. - Bem... Já vou indo, assim que terminar de se arrumar, pode me procurar.

- O quê?! - Exclama assustado. - Nem pensar você vai me deixar sozinho, só preciso colocar o tênis. Um minuto. - Rolo os olhos e sigo em direção a porta, para aguardá-lo. - Não é para ir embora! - Exclama exasperado.

- Eu não vou embora, Joseph! Só vou te aguardar aqui na porta. - Rio do seu jeito apressado em colocar o tênis, atrapalhando-se todo pelo desespero de ficar sozinho. - Não sabia que você era tão medroso socialmente, nunca demonstrou isso.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora