Confissões

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Acordo com um barulho esquisito que desconheço inicialmente, o quarto claro ofusca um pouco minha visão quando abro os olhos. Reconhecendo minha cabeça encostada no ombro de Joseph e ainda com a visão embaçada percebo a silhueta de uma enfermeira, aplicando alguma coisa na barriga do loiro.

- Não queria te acordar. – Ele diz fazendo uma careta de dor. Tardiamente percebo que o som que me acordara foi um grunhido dele. – Eu apenas odeio agulhas.

- É o liquido. – A enfermeira fala plena, ajeitando um pequeno maço de algodão onde foi aplicada a injeção. – É um corticoide, ele irá melhorar as dores internas que tem sentido durante a noite. Se seus exames estiverem bons, é provável que seja liberado hoje. – Sorri encantada e sua testa franze em minha direção. – Mocinha acho melhor você descer dessa cama, antes que o doutor te veja. Agradeça por ter sido eu. – Pisca em minha direção e tão rápido sai do quarto.

Atendo seu pedido apressadamente, com medo e receio, desço da cama e foco meu olhar no loiro. Os machucados na face estavam ali, os cortes unidos com pequenas fitas nudes e o braço quebrado. Suspiro.

- Como você está? Não sabia que estava com dor a noite, poderia ter me chamado.

- Não seria nada que você pudesse me ajudar. – Dá de ombros sorrindo maroto. Ajeita-se na cama e rapidamente acomodo os travesseiros em suas costas. – Só estou machucado Collins e não morto.

- Sei disso. Seria uma lastima a sua morte, quem mais iria pagar meu salário?! – Exclamo fingindo preocupação e ele solta uma gargalhada tão alta, que acabo acompanhando-o.

- Você é uma piada Agnes Collins.

- Devo dizer o mesmo do senhor, Joseph Quinn. – Faço uma mesura em brincadeira, mas meus olhos são levados até ao relógio digital que brilha ao lado da cama. – Por Deus estou atrasada.

- Atrasada? – Sua testa vinca e a expressão confusa é explicita. – Para o que exatamente?

- Para trabalhar! – Passo a mão em meu cabelo, tentando arrumar a juba que se formou durante a noite, faço um coque muito mal feito. Teria que funcionar.

- Sabe que o seu chefe está bem aqui, certo? – Ignoro-o e continuo andando de um lado para o outro como uma barata tonta. – Agnes. – Chama-me e ignoro. – Agnes! – Seu tom sobe um pouco e viro em sua direção alarmada, o loiro sentava na beira da cama. – Por que está se ocupando em ir trabalhar? Eu sou o seu chefe, esqueceu? Eu estou aqui! E para todos na empresa, você é minha namorada. Estamos juntos. Não será alarmante que você não vá trabalhar por minha causa. – Pausa e pede para me aproximar. – E eu não vou reclamar quanto a isso também. – Sorri sapeca massageando meu ombro com sua mão livre.

- Mas...

- Nada de "mas", você não vai trabalhar hoje. Vamos tomar café juntos, que deve ser um café da manhã horroroso e enfim você vai voltar para casa, meu tio disse que viria passar a tarde comigo hoje. E então, você volta para jantarmos juntos.

- Joseph... – Começo ponderando suas palavras.

- Você é insuportavelmente teimosa, Collins. – Soltando meu ombro, delicadamente, me puxa para um abraço de um braço só. Tomo cuidado com o outro preso a tipoia. Em um movimento lento arrasta-me para mais perto, encaixando-me entre as suas pernas abertas. – Mas eu gosto disso. – Sussurra em meu ouvido, tão perto que aposto que ele sentiu os pelos de todo o meu corpo se arrepiarem. Com uma risada baixa, deposita um beijo muito próxima do canto dos meus lábios e afasta-se.

Rapidamente uma copeira entra no quarto oferecendo o café da manhã, ajudo-a acomodar as duas bandejas em cima da pequena mesa na lateral do quarto e quando ela se retira, ajudo Joseph a seguir até a mesinha. Agora ele não tomava mais nenhum soro, então o apoio que precisara carregar ontem a noite não estava com ele.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora