Expectativas

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- Senhorita... – Sinto uma mão acariciar levemente minhas costas. Um carinho terno. – Acho melhor você voltar para casa. – Abro os olhos lentamente. O quarto, antes claro e iluminado pela luz do dia, agora estava escuro, brilhando apenas os monitores que monitoravam os batimentos de Joseph. – Ainda está cedo, dá tempo de você ir para casa tomar um banho e voltar para cá. Tem liberdade de passar a internação com ele. – Sorri amigavelmente, apontando com a cabeça na direção de Joseph. O loiro dormia tranquilamente, mesmo envolto em diversos fios e um tubo de respiração acoplado em suas narinas. Sua mão estava sobre a minha, pesando de forma leve. Como um carinho.

- Não posso ir. Onde está Patrick? – Ergo o olhar pelo pequeno cômodo, procurando o senhor esguio, careca e de óculos transparente.

- Ele já foi embora há algumas horas. Quando você adormeceu encostada na maca. – Fala enquanto aplica algum medicamento intravenoso no acesso no braço livre de Joseph. – Se precisar chamamos um uber para você, querida. Ainda deve estar em choque, mas não se preocupe ele está em boas mãos. – Acaricia minha cabeça e sai silenciosamente do quarto.

Pondero suas palavras e observo minha situação: a saia lápis já começara a abrir levemente a costura, além de que apertava imensamente minha cintura; os saltos apertavam meus pés e estavam tortos; a camisa social, se é eu poderia ser chamada assim ainda, tinha alguns botões abertos e completamente amassada.

- Você veio direto do trabalho para cá? Ainda não voltou para casa? – Escuto uma voz rouca em meio a penumbra.

- Sim, estava no horário do almoço quando soube do acidente. Todos viemos o mais rápido possível. – Ele assente, tira a mão sobre a minha (estranhamente sinto um frio que não pertence ao ar condicionado do quarto) e ajeita-se na maca. Sentando-se melhor. – Vá para casa... – Ergue a mão livre da tipóia, interrompendo minha fala. – Tome um banho e volte para cá. Se você não demorar muito, ainda teremos tempo de jantar. Mesmo que seja uma comida completamente insossa. – Completa com uma careta de desgosto. Sorrio negando com a cabeça.

- Vou passar no apartamento da Sophie para buscar suas coisas também. Algo em especial?

- Você. Apenas você. – Podia jurar que enxerguei um brilho passar por seus olhos enquanto os mesmos miravam em minha direção. Sentindo minhas bochechas esquentarem, desvio o olhar e encaro o chão.

- Certo... – Engulo em seco. Tentando disfarçar, miseravelmente, um sorriso inútil. – Você vai ficar tudo bem? – Afirma sorrindo. – Então eu já volto. – Procuro por minha bolsa, jogada no canto do quarto, em cima de um pequeno sofá de aparência desconfortável. Ajeito meus saltos e dando uma última olhada no loiro na cama, saio do quarto deixando-o descansar.

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Ao girar a chave, carregada de chaveiros barulhentos em minha porta, automaticamente a porta do apartamento ao lado abre escancaradamente revelando duas cabeças curiosas com olhos arregalados.

- Como ele está? – Jonathan pronuncia-se primeiro, sua voz era carregada de preocupação. – Já conversei com Patrick antes dele ir embora e me garantiu que Joe está bem, mas... – Suspira, tentando se livrar da tensão. – Apenas para prevenir meus nervos.

- Ele está bem. Tão bem que me mandou de volta para casa... – Sorrio negando cm a cabeça. – Vou apenas tomar um banho e me arrumar. Jonathan você poderia separar algumas coisas do Joseph, por favor? – Ele afirma prontamente e some para dentro do apartamento de Luna, provavelmente indo buscar as chaves reservas de Sophie.

- Sinto muito pelo seu encontro, amiga. – Luna me abraça.

- Não sinta, Lu. Está tudo bem, de verdade. Eu estou feliz que Joseph está completamente bem e, principalmente, vivo. Aliás, ele me prometeu um jantar. Mesmo que seja com comida insossa. – Sorrio recordando suas palavras. Luna bate palmas animada.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora