Meu anjo

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Qualquer pessoa pode transar três vezes com a mesma pessoa sem querer, não é? Principalmente com alguém que nem está tão afim. Aposto minha vida, que se pesquisasse rapidamente na internet, iria encontrar uma estatística sobre esse assunto.

Porém...

Dessa vez eu não tenho desculpa nenhuma para apresentar, nem para mim mesma consigo inventar alguma coisa que seja, no mínimo, plausível. Joseph me deu a chance de desistir, de voltar atrás e eu... Disse que o queria. Não menti. Mas ali estava eu, numa cama minúscula, num trailer colorido e pequeno, encarando o teto metálico na esperança de encontrar ali a resposta para os meus atos.

- Ok, Agnes... Pode começar. – Joseph bufa ao meu lado, imita minha postura, observando o teto.

- Começar com o quê?

- A gritar seu interminável discurso de como isso é errado, e que não deveria acontecer. Que eu sou um ser desprezível e que você não tem a menor ideia de como veio parar comigo novamente.

- Ah, começar com "isso". – Pelo canto do olho consigo vê-lo rolar os olhos exageradamente, para em seguida cobrir metade do rosto com o braço, expirando cansado. Todavia, por mais insano que parecesse, eu não queria me afastar, nem brigar, muito menos que ele saísse do meu lado.

- Dessa vez acho que passa. Não há motivo para escândalo, considerando que bem... Eu aceitei por livre e espontânea vontade. – Quinn tira o braço de cima dos olhos e arruma a postura, apoiando-se nos cotovelos, encarando-me.

- Não vai fazer escândalo?

- Não. – Sorrio. – Você me ouviu dizer que queria... Queria... Você me escutou. – Acabo corando mais do que o necessário. – Se começar a surtar agora, pareceria uma maluca que não sabe o que quer.

- É... – Concorda lentamente.

- Eu realmente queria entender o que acontece. Por que parece que eu simplesmente não sei me...

- Controlar. – Completa minha frase, concordo com a cabeça. – Sim, eu sei Agnes.

- E eu nem ao menos estou apaixonada por você. Eu não sou assim, não vou para a cama de alguém sem ter um vínculo ou coisa parecida.

- Sexo nem sempre é sobre amor.

- Sei disso. E você nem ao menos acredita no amor. – Rolo os olhos, desacreditada. – Mas isso nunca havia acontecido comigo. – Dou de ombros. Suspiro, girando na minúscula cama, até ficar de frente para ele. Joseph estica a mão, tocando meu rosto, afastando uma mecha cacheada rebelde grudada em minha testa.

- Eu saio de órbita também, Agnes. - Desliza a mão macia pela minha costas nua. Gemo baixo com seu toque, fecho os olhos encostando minha testa em seu peito desnudo. - Por que apenas não deixamos as coisas tomarem seu próprio curso? Ficar pensando sobre a situação e tentando entender não vai levar a nada, e também, não acho terrível o que acabamos de fazer.

- Nem eu. – Murmuro ainda contra seu peito, extasiada pelo carinho das suas mãos em minha costas.

Óbvio que não é terrível o que fazemos. O sexo é incrível. Ainda mais que Joseph é tão cuidadoso e atencioso sempre que me tocava, mesmo que estejamos cegos de tesão no momento. O sexo era diferente, sentia isso. Melhor dizendo: o sexo com ele é diferente.

Um sorriso frouxo e sapeca abre em seus lábios, tirando-me o resto de fôlego que sobrara em meus pulmões.

- Sei disso... – Aproxima-se para me beijar. Não nego e nem me afasto, já estava ali de qualquer forma.

- Queria esquecer que você é meu chefe. – Confesso assim que seus lábios se afastam, mas ainda permanecem próximos.

- Concordo. Então vamos deixar de lado essa coisa de chefe e ser nós mesmos. – Ajeita-se na cama, afastando-se.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora