O que foi que eu fiz?

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Sinto minha cabeça latejar intensamente, abrindo os olhos lentamente; imediatamente levo minha mão direita tampando a claridade excessiva que atinge minha visão. Inspiro profundamente e não reconheço o cheiro das roupas de cama e muito menos do local.

Onde diabos estou?

Acostumando a visão com a claridade percebo a parede de madeira clara e a maciez incomum do lençol. Definitivamente não estou em meu pequeno apartamento.

Praguejando mentalmente enterro minha cabeça do travesseiro aconchegante e gemo frustrada, observando o teto. Algo cutucava meu cérebro sobre a noite passada, mas não lembro o quê. Tento de novo olhando ao redor do quarto claro e bonito. Uma pintura acima da cabeceira mostra que a diária ali valia, pelo menos, o meu salário anual.

Viro-me devagar e dou de cara com uma muralha humana. Uma costas larga e bem desenhada por Deus estava ao meu lado, respirando tranquilamente. Vários arranhões avermelhados cobriam aquela beleza esculpida pela natureza.

Por Deus, eu fiz aquilo?

Tento, sem fazer muitos movimentos na cama, apoiar-me nos cotovelos para dar uma espiada na pessoa ao meu lado. Mas minha cabeça latejava tanto e o mínimo movimento mais brusco fazia meu estomago revirar-se dentro de mim. Suspirando cansada me jogo sem forças no colchão.

O homem ao meu lado inspira profundamente e mexe-se, tranco minha respiração com medo e nervosa. Ele fica de barriga para cima, ainda dormindo.

Meu Deus.

Meu Deus.

Meu Deus.

O que eu fiz?

Isso é um pesadelo ou uma pegadinha sem graça e completamente catastrófica?!

O QUE FOI QUE EU FIZ?

Eu não conseguia me mover, apenas respirava pesado em um completo horror. Um grito silencioso sai da minha boca, claramente meu cérebro está em zero condições de enviar qualquer comando que fosse para o resto do meu corpo.

Em um movimento involuntário ele estica um dos braços e o enrola em minha cintura. Sinto a ponta de algo rijo, roliço, e suave como veludo tocando meu quadril. Então entro em colapso.

- Meu Deus! – Grito pulando da cama ficando em pé.

- O que foi? – Joseph pergunta entrando em modo alerta, mas sua voz era sonolenta. Apoiado em seus cotovelos, percebe a minha presença e me examina com atenção, e então percebo que seus olhos avaliam meu corpo nu.

- Não olha pra mim caralho! – Puxo com força o lençol da cama, cobrindo-me com o tecido leve e branco.

O que eu não contava, é que ao fazer isso, acabara expondo Joseph.

Puta que me pariu.

Por alguns segundos eu não desvio os olhos dele, por mais que tentasse. O corpo em minha frente não era musculoso, muito menos magro, mas o peito era largo e a corrente prata dava o seu ar da graça. Os ombros desenhados e robustos. A barriga tinha seu charme, e com certeza os pelos abaixo do umbigo eram um extra muito bem-vindo. Desço meu olhar um pouco mais e me deparo com o... Uau. Ok.

Desvio o olhar rapidamente para seu rosto, piscando incrédula. Suas bochechas adquirem o tom vermelho escarlate e tão rápido quanto o flash ele usa o travesseiro para cobrir a área do quadril.

- O que foi que a gente fez? – Pergunto baixo, na esperança dele ter me escutado. Prendo ainda mais o lençol ao meu redor.

- Acho... A-acho que me parece meio óbvio. – Pigarreia coçando a nuca com a mão, deixando os músculos do braço flexionarem.

Sobre a noite passada | Joseph Quinn | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora