14. Uma Proposta

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A mão dele ainda segurava a sua quando o carro alcançou a pista, deixando a cidadezinha para trás. Ele não havia a soltado nem por um segundo e agora seu dedo fazia um carinho suave no dorso da mão dela. Um gesto afetuoso e inimaginável, mais um entre tantos que haviam ocorrido em seu dia.

Maraisa desviou o olhar da janela e olhou para as mãos deles unidas. Uma hora atrás, jamais imaginaria viver uma cena como aquela. Nem nos seus maiores sonhos pensou que Wendell poderia ir lhe encontrar naquela noite, que sairia de Goiânia para ir até ela numa cidade no interior do Rio Grande do Norte. Mas ele estava ali, sentado ao seu lado, fazendo-lhe um carinho gentil, enquanto um motorista os levava de volta para o hotel em Natal.

Tinha que confessar que fora um alívio chorar em seus braços, precisava tanto daquilo e mesmo assim não tinha percebido. A aparição do pai dos seus bebês fora o empurrão para que ela colocasse para fora tudo o que estava guardando em seu peito. Wendell a consolou com paciência e ternura. Entretanto, quando o choro cessou, ela não conseguiu mais parar de se perguntar qual era o significado da presença dele ali.

- Você tá gelada. - Wendell esfregou um pouco sua mão, como se pudesse lhe aquecer.

- Minha pressão deve tá baixa, não comi nada hoje.

Ele fez uma expressão de reprovação e então começou a apalpar os bolsos da jaqueta que usava, procurando algo. Maraisa só percebeu do que se tratava quando ele colocou a barrinha de cereais na sua mão.

- Quando chegarmos ao hotel você vai jantar. - falou, num tom que não deixava margens para contestações.

Ela abriu a barrinha de frutas vermelhas e deu a primeira mordida, pensando no quão estranho era ter Wendell ali, e mais estranho ainda, era ter ele ali cuidando dela.

Queria iniciar uma conversa, mas com o motorista ali eles não teriam a privacidade necessária para falar sobre tudo que ela queria. Sua cabeça estava tão cheia de dúvidas, tantas coisas tinha acontecido nas últimas vinte e quatro horas. Queria saber como Wendell tinha ido parar ali, o que ele queria realmente dizer quando falou que não iria os deixar e que ela não passaria por aquilo sozinha. Tinha muitas coisas a perguntar, mas ao mesmo tempo, talvez, boa parte dela não quisesse saber as respostas. Queria apenas aproveitar aquele momento, independe de qual fosse o propósito de Wendell.

A viagem de volta para o hotel pareceu ser bem mais longa do que a ida, mas por fim chegaram. Maraisa sabia que toda sua equipe já estava lá, Maiara fizera questão de lhe contar por mensagem, junto de uma enxurrada de questionamentos que deixavam evidente sua curiosidade. Pegou sua chave da recepção, conforme sua irmã lhe instruíra e esperou que Wendell fizesse seu check-in, tentando não criar mais dúvidas em sua cabeça.

Subiram juntos e à medida que o elevador os levava até o andar onde ficavam seus quartos, Maraisa sentia sua ansiedade aumentar. Wendell ainda segurava sua mão e ela tinha certeza que ele podia perceber o quão nervosa ela estava. Quando pararam diante da porta de seu quarto, ela não se conteve em pedir:

- Fica comigo... - encarou os olhos dele e então percebeu que sua fala tinha ficado em aberto para outras interpretações e corou. - Digo... Um pouco só. Pra gente conversar. - se apressou em explicar.

- Cê deve estar cansada, precisa comer e dormir. Nós podemos conversar amanhã.

- Não, nós podemos conversar agora. Eu vou comer alguma coisa, mas meu sono era por causa do remédio que a Maiara me deu e já passou.

Wendell a analisou, como se quisesse se certificar que ela realmente estava bem para ter uma conversa, no fim pareceu se convencer e a seguiu quando ela abriu a porta do quarto e entrou.

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